Eu sabia que a Gina ia querer explicações mas pensei que pelo menos ia esperar até eu regressar, não consigo ter esta conversa enquanto o Colin está à minha espera lá em baixo e quando tenho que me preparar para passar um dia com ele a organizar um casamento.
- Não foi isso que eu disse.
- Foi o que deu a entender.
- Bem isso não é problema meu eu disse que tenho a minha família e é isso que eu considero o Simão.
- Tu não estás a ver que esta decisão dele casar com a Penelope agora é por teres aparecido?
- Não fui eu que disse que tinha alguém primeiro. Agora vou embora Gina. Eu estou bem sozinha ele que case com ela.
- MENTIROSA!
Ouço-a gritar quando fecho a porta do apartamento e não me consigo impedir de rir, como se alguma vez eu conseguisse enganar a minha melhor amiga. Desço e dou de caras com um Colin diferente do que se apresentou esta manhã à porta de casa.
- Desculpa a Gina precisava mesmo de mim.
- Não há problema. Onde vamos primeiro?
- À Quinta tratar da decoração.
- OK.
Não me diz mais nada e entra no carro para o qual eu o sigo e por mais que não quisesse conversar este silêncio está a ser ainda pior. Baixo o volume da música que eu sei que ele aumentou propositadamente para evitar o diálogo entre nós.
- Então quando estás a pensar fazer o grande pedido?
Eu devo ser masoquista para estar a querer ter esta conversa, sou uma idiota e pelo olhar dele sei que ele está a pensar exatamente o mesmo de mim, onde quero eu chegar com isto?
- Não precisas fazer isto Francesca.
- Fazer o quê?
- Fingir que somos amigos.
- Autch, pensei que éramos.
- Sabes tão bem quanto eu que não gostas da ideia de eu me casar com ela.
- Vejo que não mudaste muito.
- O que queres dizer com isso?
- Ainda achas que sabes o que eu penso.
- Vais-me dizer que gostas do facto de eu ainda namorar com a Penelope?
- Chegamos!
Colin para o carro e eu evito responder saindo de imediato, mas não vamos ficar aqui o dia todo e sei que vai ser uma conversa inevitável e inexplicavelmente fui eu que comecei com ela, e ele faz questão de me recordar isso.
- Não vais fugir desta vez!
Passamos aqui três horas a falar com responsáveis e a escolher uma decoração que nos agradasse, optamos por o tema de cinema e quando se ofereceram para provarmos os pratos decidimos aceitar e assim resolver tudo no mesmo dia. Vamos dar um passeio pelos jardins enquanto nos preparam a mesa com diferentes ementas.
Tenho ao meu lado um Colin apreensivo e desejoso por terminar a conversa que iniciamos no carro e não quero ser eu a falar sobre isso portanto tento uma manobra de diversão.
- Acho que eles vão gostar do tema.
- Sim também acho, é a cara deles.
- E este jardim vai ser perfeito para a cerimónia.
- Porquê que estás a fazer isto?
- Fazer o quê Colin?
- Fingir que não se passa nada.
- Não sei do que estás a falar, aliás não se passa nada.
- Vais dizer que não sentiste nada quando me viste ontem?
- Claro que senti. Já não nos víamos há anos.
- Sabes bem do que quero falar.
- Não estava à espera de te ver antes do dia do casamento.
- Pois e não eras pra ver.
- Então quando te vi ainda não estava mentalizada, temos uma história, foste o meu primeiro amor, acho que nunca me vai ser indiferente a tua presença.
- Sabes que o que te pergunto é o que sentiste quando me viste.
Ele aproxima-se de mim e preciso levantar ligeiramente a cabeça para conseguir ver-lhe o rosto, os olhos estão fixos nos meus e o intenso azul faz com as minhas forças abandonem o meu corpo e comece a tremer.
- Não me faças isto Colin por favor.
- Fazer o quê?
Coloca a mão direita sobre o meu rosto e as minhas bochechas começam a arder e palavras saem da minha boca sem que eu as consiga conter.
- Eu amei-te Colin. Com tudo que tinha e tu deixaste-me do dia para a noite sem aviso.
- E julgas que eu não te amava? Eras tudo pra mim mas quando me traíste não tive nem coragem de olhar para a tua cara.
- Eu nunca te traí!
Há dez anos que esta história me persegue e continuo sem entender o que realmente aconteceu para ele insistir em acusar-me de o ter traído, é o momento de resolver este mal-entendido mas somos interrompidos pelo ajudante do responsável pelo casamento da Gina com o Tiago.
- Vejo que já conhecem os jardins.
- Sim e adoramos.
- Fazem um casal muito bonito e tenho certeza de que o vosso casamento vai durar.
- Oh mas nós não... - começo por dizer mas o Colin interrompe entrelaçando a minha mão na dele fazendo-me perder a força nas pernas e quase acabar estendida no meio do relvado.
- Obrigado.
- Os pratos estão prontos para vocês provarem e escolherem.
Acabadas as provas e feitas as escolhas dirigimos-nos em silêncio até casa, nenhum dos dois voltou a tocar no assunto da traição nem da Penelope e do casamento, quando chegamos ao prédio da Gina coloco a mão no puxador para abrir a porta e Colin coloca a dele sobre a minha impedindo-me de sair. Evito olhar para ele porque sei exatamente o que acontece se o fizer.
- Não pode ser possível que tivesses mexido tanto comigo Francesca.
- Colin...
- Não. Ouve-me, eu sei que fui um parvalhão em meter-me com a Penelope mas fiquei cego de raiva e ciúme.
- Mas de quê? Eu nunca fiz nada para que me deixasses da forma que o fizeste.
- Mostraram-me umas fotografias de ti aos beijos com outro tipo e eu nem pensei em falar contigo.
- Eu nunca beijei ninguém para além de ti, devias ter confiado em mim.
- Eu sei mas.
- A Penelope.
- Não a Penelope não teve nada a ver com isto.
- Não Colin. A Penelope vem aí.
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Eterno Amor
RomanceColin e Francesca vivem um amor de adolescência, sofrem consequências de adolescentes. Separados por uma mentira durante anos vão voltar a reencontrar-se. Mas estarão eles dispostos a viver um amor adulto e deitar o passado para trás das c...