XVIII

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V. Colin

Depois de visitar o Rodrigo no hospital e saber que não tinha causado danos graves tomei um banho e preparei-me para o casamento do meu irmãozinho. Nem acredito que o meu irmão mais novo vai casar hoje e que no mesmo dia vou conhecer a minha filha, oficialmente claro porque eu já a conheço e não podia estar mais feliz. Embora a Francesca me tenha parecido reticente quando me despedi dela ontem à noite, eu sei que ela não vai continuar a esconder a verdade da Carolina e eu acabei por entender as razões que a levaram a afastar-se e esconder-me a verdade. Aos ataques verbais que eu lhe fazia no lugar dela fazia o mesmo ou pior ainda.

Chego a casa do Tiago e o nervosismo toma conta de todo o meu corpo, estou à espera que atrás da porta estejam os meus caracóis loiros preferidos mas em vez disso tenho um Tiago esquisito e ao fundo uma Gina desfeita em lágrimas.


- O que se passa?

- Foi a Francesca.

- O que aconteceu, diz-me que ela está bem Tiago.

- Está bem, quer dizer eu acho que está. Só não sabemos é onde está.

- Como assim não sabem onde está? Vocês casam daqui a pouco ela não pode estar longe.


O meu irmão senta-se ao lado da Gina para tentar confortá-la e eu tento fazer o mesmo mas ainda estou pior que ela, e as palavras nunca foram o meu ponto forte.


- A Francesca não ia perder o vosso casamento Gina.

- Mas vai Colin. Ela levou as malas dela e da Carolina.

- Então e aquele amigo dela não vos pode ajudar?

- Ele já foi embora ontem, só estava cá para tratar do negócio da nova galeria.

- Qual nova galeria?

- A que a Francesca ia abrir aqui dependendo de como se passassem estes dias.

- E pelos vistos passaram-se mal. O que lhe disseste ontem? – pergunta-me o meu irmão e apanha-me completamente desprevenido.

- Quando nos despedimos ontem ela estava estranha mas pensei que era por causa do que aconteceu entre nós.

- E o que aconteceu Colin?

- Não queres que te faça um esquema pois não irmãozinho.

- Então não sei porquê que ela havia de ir embora assim de repente e a horas do casamento.

- Eu vou tomar um duche amor.

- Colin tens de a encontrar, a Gina não vai continuar com o casamento se a Francesca não aparecer.

- Eu vou tentar mas ela pode já estar bem longe.

- Faz isso por mim. E por ti!


Saio e vou ao primeiro lugar que me vem à cabeça e o ultimo onde quero ir. Quando estaciono a mota em frente à casa dos pais de Francesca um friozinho aparece na minha barriga, lembro-me da última vez que aqui estive e eles me disseram que ela estava bem longe e que eu nunca mais a voltaria a ver. Devia ter vergonha de engravidar uma jovem inocente como ela e de a ter abandonado.

Bato à campainha e é a empregada que abre, parece surpresa e nervosa quando me vê, espero que seja por a Francesca estar aqui escondida.


- Boa tarde, a Francesca está?

- Quem é Maria?


Assim que ouço a voz que me é tão familiar vejo também aproximar-se problemas e sei que esta batalha não vai ser fácil de ganhar. A mãe de Francesca surge atrás da empregada com ar arrogante.


- O quê que o menino pensa que está aqui a fazer?

- Estou à procura da Francesca e não saio daqui sem ela.

- Pois então foi uma viagem perdida pode voltar por onde veio.

- Eu sei que sabe onde ela está.

- Não sei dela mas tenho a certeza que deve estar longe. Diga-me lá como é que já é a segunda vez que anda à procura da minha filha? Se ela o quisesse não acha que não fugia de si?

- Não é de mim que ela foge, e saiba que eu vou encontrá-la e quando ela ficar comigo não vai voltar a vê-la, a ela ou à minha filha.


Viro costas e espero chegar a tempo de a impedir de fugir de mim, sei exatamente onde elas estão e o que pretendem fazer, mas não vou deixar que isto volte a acontecer. Olho para o relógio e falta pouco tempo para o casamento, não vou conseguir estar nos dois sítios ao mesmo tempo. Telefono para casa do meu irmão e quem atende é a Gina.


- Diz-me que ela não fugiu Colin.

- No que depender de mim não vai fugir.

- Não a deixes desta vez.

- Está quase na hora do casamento.

- Vai e quando voltares ainda vamos estar aqui. Traz o coração da minha amiga contigo Colin por favor.


Começo a acelerar pela auto-estrada em direção ao aeroporto onde sei que ela se encontra pronta para fugir uma vez mais, desta vez não vou deixar que isso aconteça, há dez anos atrás fui demasiado cego para me aperceber do que estava a acontecer mesmo debaixo do meu nariz, desta vez não é um amor que vou perder se não chegar a tempo. São dois.

Eterno AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora