Capítulo 3

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Théo



– Um vídeo pornô! Era só o que me faltava! Quando me falaram, nem pude acreditar.

Meu pai grita pra quem quiser ouvir.

– Os empregados da casa não precisam saber disso, pai.

Falo, sentado na sua cadeira. Apoio meus pés na mesa, e espero que termine mais um dos seus sermões.

– Você tem noção do estrago que isso pode fazer na sua carreira futuramente?

– Não, até porque não pretendo ter uma. Não no ramo da política.

Ele passa as mãos no cabelo tingido de preto, escondendo seus fios brancos.

– Théo, você precisa de responsabilidades. Precisa ter algo pra se ocupar.

– Eu sei. Na hora certa procurarei algo. Mas nesse momento, estou em fase de curtição.

Meu pai puxa a cadeira e senta na minha frente, do outro lado da mesa.

– Você curte sua vida desde os dezoito. Já tem vinte e nove. Sua mãe não gostaria de ver isso.

Olho para a foto no porta retrato na mesa. Eu e minha mãe, quando eu tinha quinze anos, dois anos antes de ela morrer num acidente de carro. A Soraia não se incomoda por ver fotos dela espalhada pela casa. Também pudera, ela não se importa com o meu pai.

– Ela não gostaria de ver o senhor casado com uma mulher igual a Soraia.

Ele levanta de uma vez fazendo a cadeira arrastar no piso, produzindo um barulho irritante.

– Está mais do que na hora de parar com essa implicância com a Soraia. Quando não é você, é a sua irmã. Superem isso.

– Não parou pra pensar porque nós dois não gostamos dela?

– Sim. Ciúmes. Sempre gostaram de ser o centro das minhas atenções. Já pedi mais de mil vezes que parem com isso. Eu gosto dela, e ponto final. Vocês dois são péssimos exemplos pra me julgarem. E não é a minha vida que está em discussão nesse momento.

Levanto, ajeitando minha roupa.

– Pai, eu estou bem com minha vida. Tente relaxar e reparar no que acontece ao seu redor. Tenho que ir.

Antes que eu saia, ele me chama.

– Não vai fazer nada pra excluir esse vídeo?

Dou de ombros.

– Não há nada o que fazer. Eliza publicou, e eu não tenho como provar que foi ela.

– Tente não trepar na frente de uma câmera, e evite esse tipo de situação.

Nesse momento, Soraia entra na sala.

– Olá, Théo!

Ignoro e olho para o meu pai.

– Recado anotado. Boa noite!

Olho meu celular e vejo a mensagem do convite para a noite na boate Amsterdã. Uma boa pedida pra hoje.

Chego à boate sozinho. Hoje não estava a fim de sair, mas como recebi o convite, resolvi dar uma volta. Poderia estar entre as pernas de alguém nesse exato momento. Mas quem disse que não posso conseguir alguém hoje?

O lugar está lotado, e me encaminho para a pista vip. Logo sou abordado pelo Felipe, um amigo.

– Olha quem apareceu. Resolveu sair do quarto?

Uma doce tentação (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora