Trégua

566 55 32
                                    

**Mel Narrando**

—O que está fazendo aqui? —perguntei, cruzando os braços.

—Acho que quem deveria estar fazendo essa pergunta era eu, não? —sorriu travesso, se apoiando na parede e segurando os laços de uma chuteira por cima do ombro.

—Vim trazer umas coisas da Megan. —respondi, apontando para a direção na qual as havia colocado. —Ela me disse que não tinha risco de te encontrar por aqui. —comentei.

—E você está tão envergonhada por ter bisbilhotado por baixo da mesa, hoje, que não consegue nem me olhar? —questionou, sem tirar o sorrisinho cínico da cara. —Esqueci uma coisinha e tive que voltar. —deu de ombros, se desencostando da parede.

—Eu não estava bisbilhotando. —revirei os olhos, bufando. —Meu brinco havia caído.

—Vou fingir que acredito. —riu, vindo na minha direção.

Comecei a andar na direção da porta.

—Você não está atrasado para a exibição no jogo, não? —perguntei retoricamente.

—Exibição? —arqueou uma sobrancelha, sem entender do que se tratava.

—Para as suas fãs. —esclareci, fazendo-o rir. —Já devem estar preocupadas. —passei pela porta, que ainda estava aberta. —Inclusive já deu a minha hora, então tchau. —dei as costas, chamando o elevador.

Liam trancou a porta, vindo para o meu lado em seguida.

—Podemos conversar? —pediu depois de uns instantes em silêncio, me fazendo encará-lo.

—Não já estávamos conversando? —franzi o cenho, vendo as portas do elevador se abrirem e entrando, esperando que Liam fizesse o mesmo e apertando o botão referente ao térreo.

—Conversar sem gracinhas ou tentativas de afastar o outro. —falou, observando com atenção desnecessária os números diminuírem gradativamente na tela que indicava os andares.

—Quem está tentando afastar o outro? —me fingi de sonsa.

Liam se virou para mim.

—Melissa. —chamou, procurando meus olhos com os dele. —Por favor?

O elevador apitou, indicando que havíamos chegado ao nosso destino e abrindo as portas. Saí do cubo de metal e parei no meio do hall de entrada do prédio, suspirando.

—Tudo bem. —murmurei, sabendo que ele estava parado logo atrás de mim. —Sobre o que quer conversar?

—Quero uma trégua. —respondeu, me fazendo franzir o cenho.

—Uma trégua? —me virei, inclinando um pouco a cabeça para cima e encarando seus olhos castanhos.

—Sim, Melissa, uma trégua. —assentiu, observando meu rosto com atenção afim de captar minhas reações.

—Como assim uma trégua? —arqueei uma sobrancelha, fazendo-o revirar os olhos.

Liam bagunçou o próprio cabelo, pegando minha mão e me puxando delicadamente até a saída do prédio.

Ignorei o formigamento que se alastrou por ali.

—Por mais que eu goste de te ver querendo me matar a cada 5 segundos, não acho que possa me evitar pelo resto da sua vida. —explicou, parando a poucos metros do meu carro no pequeno estacionamento externo.

—Quer apostar? —soltei sua mão, que ainda estava presa na minha, cruzando os braços.

Ele bufou, olhando para o céu por alguns segundos e murmurando algo incompreensível.

Vega fechou os olhos, respirando fundo e voltando a me olhar.

—Eu moro com o seu irmão. —falou pausadamente, como se estivesse explicando algo a uma criança. —Que, por sinal, ainda está falando comigo.

—Traidor. —fiz bico, interrompendo-o por um segundo.

—Por mais que ele não tenha me dito absolutamente nada sobre você nesses anos, nós voltamos a nos falar como se nunca tivéssemos parado. —disse, calmamente. —Não vai conseguir me evitar pra sempre, Melissa.

Desviei o olhar, pensando no assunto por alguns momentos e vendo Liam esperar pacientemente o meu raciocínio.

—Isso não significa que vamos ser amigos. —pontuei, notando-o abrir um sorriso discreto em seguida.

—Longe de mim querer ser seu amigo. —levantou ambas as mãos em sinal de rendição. —Só vamos facilitar a convivência.

—Sim. —concordei. —Mas ainda vou te matar se alguma "amiga" sua resolver querer me atormentar. —informei, vendo-o abrir o sorriso completamente.

—Fechado. —estendeu a mão para selar o acordo.

—Fechado. —assenti, apertando-a.

(***+***)

—Isso não vai dar certo. —Carol falou assim que terminei de contar o que havia acontecido no apartamento dos meninos, mordendo um pedaço do seu hambúrguer em seguida.

Assim que eu entrei no carro após ter conversado com Liam, Giovanna me ligou pedindo para encontrá-las no shopping.

—Vamos todos acabar em uma igreja, tenho certeza. —a loira afirmou, recebendo uma olhadela da morena. —Pra uma missa de sétimo dia, no caso. —completou.

Revirei os olhos.

—Vai que dá certo? —perguntei, dando de ombros. —Já convivemos antes, não é?

Carolina riu, abaixando a cabeça e sendo acompanhada por Giih.

—Naquele tempo não tinha essa tensão, acredite. —ouvi tão baixo que não estava certa de realmente ter ouvido.

—Vai mesmo parar de evitar ele? —Giovanna fez careta. —Eu achava que ia demorar um pouco mais pra isso acontecer.

—Vou. —falei sem muita convicção. —Pode não ser a coisa mais fácil do mundo, mas por mais que ele tenha se tornado um pouco babaca eu também estava errada, certo?

Elas assentiram.

—E, além do mais... —voltei a falar. —Ele disse a verdade sobre aquilo de não podermos nos evitar por muito mais tempo. —abaixei o olhar. —Ainda não acredito que o Sammy se afastou do melhor amigo por minha causa.

—Acho que no início foi o Liam quem se afastou dele. —Carol disse, me olhando com atenção. —Mas isso é assunto pra outra hora, no momento precisamos começar a planejar um funeral, por via das dúvidas. —brincou, me fazendo rir em meio a um gole do meu suco.

—Vocês estão sendo muito pessimistas. —revirei os olhos. —Vai dar tudo certo, não temos outra opção.

Giih tentou esconder um sorriso, comendo o último pedaço de seu lanche.

—E como vão as coisas com o bonitão? —Carolina empurrou levemente seu ombro, se ajeitando na cadeira. —Soube que o Liam não é muito fã dele.

Ajeitei uma mecha rebelde que insistia em cair no meu rosto, colocando-a atrás da orelha.

—Vega cismou que o cara não é bom pra mim. —bufei, tomando outro gole da bebida. —Sinto muito, parceiro, mas não é como se eu precisasse da sua aprovação. —murmurei para ninguém em especial, fazendo careta.

—Acha que eles têm um histórico? —a loira perguntou, arrumando as coisas que havia usado na bandeja e se levantando para jogar o lixo no lixo.

—Não tenho certeza. —respondi, esperando que ela voltasse a se sentar. —Mas preciso formar minhas próprias opiniões, certo? —continuei assim que ela o fez. —Theo parece um cara legal.

—Oh, se parece. —Carolina arregalou os olhos, sendo dramática. —Aquele estilo mocinho californiano dele parece muito legal. —sorriu maliciosa, nos fazendo gargalhar.

—Se tudo der certo eu vou descobrir isso em breve. —comentei, finalizando meu suco em seguida.

—Então vamos torcer pra dar, porque eu quero saber dos detalhes. —a loira pontuou, pegando a bandeja que Carol havia usado e juntando com a dela para ir entregar no lugar correto.

O Meu Destino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora