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-Lindo, muito lindo ~veio Iolanda falando pra mim, já me empurrando para dentro de casa~ dai você vai pro quarto, e eu trouxa acreditei que você tinha ficado lá, mas NÃO, VOCÊ VAI E SAI DE CASA, QUAL O SEU PROBLEMA? QUER SAIR, PEDE! Sempre mentindo pra mim, sempre me enganando, que ridículo, eu tô criando nojo de você ~disse ela segurando o meu rosto~ eu fiquei arrumando as coisas enquanto você estava na rua, o QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO? DANDO?

Já tentei segurar as lagrimas, o maximo possível, eu não poderia demonstrar o quanto aquilo me machucava, mas não consegui, caiu uma e mais mil vieram junto. Fiquei calada olhando pra ela

-EU ESTOU TE PERGUNTANDO!

-Eu fui andar, se eu pedisse você não ia deixar ~disse calmamente~

-Andar? Serio? Quem foge pela janela pra andar? VOCÊ É UMA MENTIROSA.

Onde e quando eu menti pra ela, a enganei? Eu não sei. Eu não sou de fazer isso, ela sempre arruma motivos, justificativas para me xingar, insultar e não sabe o poder que cada palavra tem.

Flashback

Hoje foi o enterro de meu pai, não tenho palavras para descrever tamanha dor, porque? Talvez eu não merecesse um pai como ele, talvez eu não fosse digna, mais mesmo assim, eu o amava, amava muito, minha mãe uma mulher maravilhosa, eles formavam um casal tão lindo, e agora tudo foi pra debaixo do chão. fazem quase duas horas que estou no quarto chorando, os cortes não doem, mas as lagrimas não param de cair, ao lembrar de cada momento, de cada carinho, abraço, minha vida vai mudar daqui pra frente, disso eu tenho certeza, eu não conseguia dar um sorriso verdadeiro a bastante tempo, quem me diz agora, agora meu mundo não existe mais, talvez uma parte de mim tenha morrido junto com meu pai. Decidi sair de meu quarto, talvez minha mãe precisasse de mais um abraço, de mais um "vai ficar tudo bem". Sequei as lagrimas, abaixei a manga da blusa, tentei me recompor por um momento, levantei e fui em direção a sala, mas me deparei com uma cena que nunca imaginaria ver um dia...

Um ódio veio sobre mim como força, depois de lembrar disso, doía ver ela todos os dias com o irmão de meu pai, irmão, doía saber o quanto eles foram traíras, mentirosos são eles.

-Sabe quem é mentirosa Iolanda? VOCÊ, VOCÊ sempre mentiu pro meu pai dizendo que o amava, mais NÃO, você teve a cara de pau de ficar com o irmão dele, isso é mentir, eu vi você chorando sobre o caixão dele, e horas depois estava sendo amparada aos beijos pelo IRMÃO, isso é mentir, isso é ser ridícula, TRAIRA.

-blaft

E ela me deu um tapa na cara, cai para trás, não era a primeira vez, mas não dava para aguentar ser xingada, ser insultada sendo que eu não fiz nada, senti minha bochecha queimar.

-Blaft, blaft, blaft

E vieram mais e mais tapas, em meu rosto,arranhões sobre o corpo, puxões de cabelo, comecei a chorar, mas não de dor física e sim psicológica, essa deve ter sido a dor que meu pai pode ter sentido ao saber disso, onde quer que ele tivesse chegado. Só vi minha mãe pegando o salto dela e vir me batendo, fiquei no chão o tempo todo, tentando me proteger, mais a força dela era maior, e mesmo apanhando da mulher que eu não sentia tanto amor, não podia reagir, era a minha mãe, é a minha mãe. E em questão de um segundo depois de ter pensado isso, senti uma bofetada maior do que a do salto, ou a dos tapas, eu tinha levado um soco, um soco da minha mãe, como se eu fosse um monstro que devia sumir pois aquele lugar não me pertencia.

Depois disso tentei me levantar, ainda chorando.

-SAI DAQUI AGORA

Corri para o meu quarto com a mão sobre a bochecha, que foi onde levei o soco, de minha mãe, minha mãe.

Eu não escolhi passar por isso, eu não escolhi sofrer, eu não escolhi não conseguir mais sonhar, eu não escolhi nascer, eu só queria sumir, sumir por dias, talvez pelo resto da vida. Eu cansei, não quero mais aguentar.

Flashback

Olhei com raiva, talvez ódio, nojo, eram minha mãe e meu tio Emerson, eles estavam se beijando, como se fossem pessoas que acabaram de se conhecer, como se fossem um casal, como se não tivessem acabado de passar por uma tragedia, e sim por um alivio.

Um amor suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora