Capítulo 7

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Julho, 2016 NY

Os quatro dias se que passaram até o sábado chegar foram de puro tédio. Eu me aproveitava do wifi do prédio e via séries o dia inteiro, de vez em quando estudava mais sobre o inglês e pesquisava sobre as faculdades. Teria que comparecer a escola somente no dia 18 para confirmação dos dados e matrícula, assim como conhecer a escola e essas coisas inúteis.

Acordei no sábado no modo automático e quando meu celular tocou, às dez e meia da manhã, fiquei extremamente curiosa.

-Olá! - falei em inglês e a outra pessoa respondeu em português.

-Bom dia, você está pronta? - levei alguns segundos para deduzir quem era.

-Rodrigo Vasconcellos... Pronta para quê, mesmo? - perguntei com cansaço.

-Para ir conhecer a cidade.

-Eu não vou sair não! - afirmei de forma típicamente brasileira.

-Mas eu te avi...

-Você disse que iria vim e eu falei que não iria sair. - disse interrompendo ele.

-Olha, eu tenho algo que talvez te faça ir...

-Você nem me conhece.

-Ham... Quem sabe você não queira ver mais de perto.

Eu duvidava que ele tivesse qualquer coisa que me fizesse sair de casa. Depois de todas as tentativas frustradas de conhecer a cidade, havia me conformado que o melhor era ficar em casa, quietinha, sem risco de me perder. Ele subiu até meu apartamento e quando eu abri a porta ele me entregou uma foto.

-O que é isso? - perguntei sem analisar direito a fotografia.

Ele fez sinal para que eu olhasse a foto direito e eu me reconheci.

-Não... Onde você conseguiu isso? -perguntei irritada.

-Minha mãe, minha tia... Eu tenho mais... Quer ver?

-Não! - disse mais alto.

Não era qualquer foto. Era uma foto em que eu estava só de calcinha, com dez anos, suja de ovo devido as gracinhas do meu irmão e seu coleguinha no meu aniversário.

-Por que você tem isso?

-Estava tentando me lembrar de você. Perguntei a minha tia e ela disse que se lembrava de você, ela também era amiga da sua mãe e quando se mudou trouxe algumas fotos, recebeu algumas.

-Essa estava com ela. - afirmei.

-Pois é. Ela e sua mãe ainda conversavam, mas quem mandou essa foto pra minha tia foi a minha mãe. E eu também tenho algumas no celular que minha irmã tirou foto e mandou.

-Mas por que sua mãe tinha essa foto? Nesse dia só estava meu irmão e mais um men...Você! Você era o pirralho que estava com meu irmão.

-Arram. - ele afirmou com um meio sorriso.

-Eu não conseguia me lembrar de você pelo nome, ou como filho da Silvia.

-Nem do colega de fins de semana do seu irmão?

-Eu era nova, não guardava muito bem os rostos e na época não tinha contato com suas irmãs.

-Hum... Enfim, vamos? - não respondi -Você prefere que eu coloque essa foto nas redes sociais?

-E quem que você conhece sabe quem eu sou?

-Rá! Você nem imagina! Olha, se fosse eu nessa situação, já teria me arrumado e estaria saindo. - segundo depois ele continuou -Agora pense comigo, imagine essa foto, que você, no auge dos seus... Nove, dez anos, só de calcinha, magrinha, suja de ovo e trigo e chorando! - disse ele se divertindo -Não seria muito bom ela em mãos erradas.

Welcome to New York - [ Projeto 1989 ]Onde histórias criam vida. Descubra agora