Capítulo 5

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Julho, 2016 NY

Minha mãe havia deixado claro, assim que falei com ela no dia anterior, que o filho da dona Silvia estaria em frente a minha portaria às oito horas da manhã.

"-Julinha, o menino disse para a Silvia que seria um prazer te ajudar e ainda desmarcou compromissos para ir! Veja só que garoto bondoso!

-Mãe! Eu deixei claro que não precisaria de ajuda! Hoje mesmo eu até saí. - e me perdi, mas ela não tinha que saber disso.

-Olha só Julia, eu sou sua mãe e eu que decido. Ele vai te ajudar sim e ponto. - disse minha querida mãe controladora."

Eu usava um vestido estilo camiseta, que ia até um pouco depois do meio das coxas, vermelho, meia calça e uma bota que até acima dos joelhos na cor preta. Era exatamente oito horas quando eu saí pela portaria e enxerguei um menino alto, em pé na calçada.

-Ei! - chamei e não obtive resposta. Me aproximei e o chamei de novo e recebi, novamente, silêncio como resposta, então vi que ele usava os fones, cutuquei-o e falei -Você que é o Rodrigo Vasconcelos?

Quando ele terminou de tirar os fones e se virou, pude perceber que ele era o mesmo garoto de ontem!

-Sim! Espera...- depois de uma pausa ele continuou -Você é a garota que eu esbarrei!

-Vai me dizer que você é o filho da Silvia? - ele não respondeu, e eu levei como um sim -Sabia! Minha intuição nunca erra! Sabia que minha mãe não deveria ter pedido sua ajuda e você não parece ser alguém que serve de guia turístico por prazer e ainda desmarca compromissos para o fazer!

-Porque eu não sou esse tipo de pessoa. Quem te disse isso? - perguntou.

-Minha mãe disse que você falou isso a sua mãe. - respondi irritada.

-Isso é típico da dona Silvia.

Um longo silêncio pairou sobre nós e para quebrá-lo eu o dispensei.

-Pode ir embora.

-Há! Até parece! - respondeu irônico. Eu não gostava que fossem irônicos comigo.

-Estou falando sério! - respondi convicta enquanto gesticulava -Está claro que você não quer me ajudar...

-E você não quer minha ajuda! - rebateu antes de eu terminar.

-Argh, tanto faz! Pode ir! De verdade, vai! - falei rapidamente.

Segundos depois ele suspirou e disse:

-Olha só, eu realmente desmarquei alguns compromissos para estar aqui e não fiz isso feliz, mas no fim achei que seria interessante, afinal de contas, ajudar alguém a se localizar e você deve precisar, então vamos lá, a gente não precisa nem fingir que se atura, você apenas me fala onde precisa ir e eu te mostro, fim de papo.

Considerei o que ele havia dito... Eu realmente precisava ir ao supermercado, banco, shopping e comprar um chip.

-Tudo bem... - lancei um olhar cansado -Mas saiba que ainda não vou com sua cara. - dei um olhar afiado.

Ele deu de ombros.

-Primeiro tenho que ir ao banco. - eu disse.

Welcome to New York - [ Projeto 1989 ]Onde histórias criam vida. Descubra agora