Julho, 2016 NY
Me espantei ao perceber que havia conseguido chegar sã e salva no local onde moraria pelo próximo ano.
Eu ficaria em um apartamento perto da escola, já que a minha querida mãe não queria que eu dividisse , nas palavras dela: "seu local de privacidade e liberdade". O prédio era bem acolhedor e o corretor, que havia se comunicado com a minha família na hora da escolha do apartamento, deveria estar em frente ao mesmo na hora da minha chegada, apenas para me entregar a chave do imóvel. O taxista me ajudou a desembarcar minhas malas e a colocá—las na portaria do prédio.
—Senhorita Julia Furtado Venturini?! — perguntou um homem de terno e maleta.
—Sim. — respondi.
—Sou o corretor Hank, que conversou com a sua família. — afirmou ele e eu confirmei com a cabeça.
Ele perguntou se eu havia feito boa viagem e me apresentou ao porteiro, explicando que eu era a nova moradora, logo após me entregou a chave, desejou—me boa sorte e foi embora. Só isso! Nem se ofereceu para me ajudar a levar as malas, sendo a minha sorte, o senhorzinho porteiro que me ajudou a colocar e retirar minhas malas do elevador, me dando, por fim, um pequeno livrinho intitulado "Regras básicas e gerais para boa convivência", em português.
Passei, mais ou menos, um minuto observando meu novo "lar", até conseguir colocar um pé dentro.
Geralmente, uma pessoa que estivesse na minha situação optaria por arrumar a casa e as malas e dormir. Eu não. A casa estava parcialmente limpa, então eu poderia adiar a limpeza por mais algumas horas, e isso me deixava livre para sair. Meu plano teria se realizado naquele minuto se meu celular não tivesse tocado.
—Oi, mãe! Pai! Mano! — cumprimentei pela tela da chamada de vídeo, conforme minha família ia aparecendo.
—Filha! — gritou minha mãe do outro lado — Como você esta? Chegou bem? Ah, minha Julinha!
—Mãe, deixa ela falar! — pediu meu irmão rindo.
—Foi tudo certo mãe. Como a senhora está?
—Ah, minha filha! Estou com saudades! — ela deu uma pequena pausa e voltou com força — E como é seu apartamento? Tem como filmar? — virei a câmera e mostrei rapidamente o espaço ao meu redor.
Segundos de silêncio após minha minha mãe voltar a me ver.
—Ah, Julia! Nós aqui, com essa casa grande, seu quarto grande, seu pai pra te levar na escola, eu pra te... Te ajudar no necessário e você escolheu ir fazer intercâmbio! Morar um ano longe do seu conforto, da sua família.
—Meu bem, deixa a Julia. — meu pai entrou pela primeira vez na conversa —Oi minha filha!
—Oi pai! Tudo bem? — perguntei pra ele sorridente.
—Tudo, Ju!
Conversei com minha família por mais ou menos meia e hora e logo depois fui tomar um banho relaxante para poder vestir uma calça e um moletom preto com as orelhas do Mickey na cor vermelha, calcei também um tênis preto e peguei minha bolsa de lado, colocando dentro da mesma minha Polaroid, meu celular, documentos, uma revista/mapa da cidade e alguns dólares restantes da viagem.
Eu não tinha um destino certo. Meu plano era andar e conhecer a cidade. Não precisaria ir até a escola hoje, então eu iria me divertir.
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Welcome to New York - [ Projeto 1989 ]
Fiksi RemajaA irônica, divertida e fofa, Julia conseguiu, após dias de martírio, convencer os pais a deixá-la fazer o tão sonhado intercâmbio. Ela só não contava que quando chegasse lá, sua mãe controladora arrumasse um garoto para ajudá-la a se "localizar" na...