Prólogo

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Lydia 

Uma voz sussurrava o meu nome lentamente, como se, ao mesmo tempo, alguém estivesse perto e longe de mim. Eu andava um pouco assustada, pois tinha medo de que aquilo significasse o que eu imaginava. Fazia frio, e eu sentia um aperto cada vez maior no peito.

Não sabia aonde eu me encontrava. Tudo o que eu conseguia ver era uma luz fraca em meio a um mar de escuridão. O lugar ficava mais frio, e cada instante que se passava parecia durar um século, talvez isso estivesse acontecendo porque eu estava segurando a respiração. A luz aumentou sua intensidade e, de repente, uma cena apareceu em minha mente.

Não era uma coisa estonteante, simplesmente um menino, quase homem, deitado em sua cama. Ele se mexia de um lado para o outro como se estivesse tendo pesadelos, e gritava. O menino gritava tanto que parecia que alguém o estivesse torturando, "Parem, parem, eu não quero ouvi-las", ele discutia com as vozes dentro de sua cabeça. Eu conhecia aquela sensação, e não era nem um pouco agradável.

Reparei em cada detalhe visível dele, a pele clara, mas levemente bronzeada, o cabelo castanho desajeitado, e como o mesmo realçava as delicadas maçãs de seu rosto. Era como observar um anjo, só que naquele caso, um anjo tendo pesadelos.

Eu estava tão focada na cena que não percebi que ela já ia se desfazendo, igual a um castelo de cartas que pode facilmente ser destruído com um simples assopro. Oposto a isso era a luz que antes só iluminava um mísero pedaço do ambiente em que eu estava. Agora ela era grande e magnífica, e um tanto intimidadora.

Tive a intenção de correr, mas os meus pés não obedeceram ao meu cérebro, e eu fiquei paralisada no mesmo lugar enquanto a luz tomava a forma de um homem. Ou foi isso que eu deduzi. Sua pele negra, revestida por uma fina camada de tecido branco, foi destacada pela luz que o rodeava, e a cada segundo que se passava eu me sentia mais apavorada graças aos seus olhos prateados que me encaravam.

Era como se todo o brilho do mundo, aparecesse comprimido nos olhos de um único ser. Eles emitiam ondas de fúria que fizeram com que um calafrio percorresse todo o meu corpo, eu me senti extremamente vulnerável, uma menina fraca demais para agüentar o que quer que fosse aquilo. No fundo, eu desconfiava do que aquilo poderia significar, porém eu estava petrificada e com medo demais para sequer cogitar alguma explicação que fizesse sentido.

Então o ar virou vidro, cortante e perigosamente afiado, o chão se dissolveu em algo mais fino do que papel e os meus joelhos cederam de tanta exaustão. A sensação que eu tinha era que estava me afogando, e que todo o peso do mundo me puxava para baixo. Minha respiração ficou ofegante à medida que eu retomava a consciência, e reparei que eu tremia, mas não de frio. Pois já não estava mais naquele lugar de antes, agora eu estava deitada em minha cama rodeada por um monte de travesseiros com um familiar cheiro doce de perfume.

Não conseguia processar muita informação, só sabia que eu havia sonhado com algo real demais para ser uma simples projeção dos meus pensamentos. E, sem mais nem menos, acordei com um nome que deixei escapar alto pela boca, quase um grito de socorro misturado com uma urgência que eu não conseguia explicar: "Asher".


Esse foi somente o prólogo da história.

Primeiro capítulo já disponível.

Duelo de anjosWhere stories live. Discover now