Capítulo 20 - Olíviah

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Viver ao lado de Miguel era isso,ir do céu ao inferno. O céu era quando estávamos no ápice do prazer e o inferno era quando ele se transformava no verdadeiro monstro. E tudo isso as vezes em questão de segundos.
Eu me perguntava se realmente eu o amava ou se era a falta do Miguel Henrique de 10 anos antes,o cara super legal que eu tinha conhecido.

Será que valia a pena viver no céu e no inferno ao mesmo tempo? Até que ponto ia a minha bondade? Aguentar Miguel mesmo que fosse para favorecer ele com suas grosseirias valia a pena?

Tudo isso eu levava em consideração enquanto refletia. Era difícil ver que ele tinha se tornado um verdadeiro idiota,realmente em 10 anos tinha mudado muita coisa. E depois de esses mesmos 10 anos sem conviver com ele,naquele momento eu estava tendo a certeza que ele só tinha evoluído negativamente.

O clima não tinha ficado nada bom depois da briga em Ilha Grande. Quem vivia diretamente com Miguel estava aturando o pior lado dele. O lado que não tinha nenhuma qualidade.

As palavras de Miguel me afetaram porque no fundo eu sabia que não ficariamos juntos. Mas aquele fio de esperança sempre rodeava meu coração e ouvir que ele estava louco para se livrar de mim não era nada agradável enquanto eu queria que ele sentisse algo por mim. Mas quem eu queria enganar? Talvez nunca fosse nosso destino ficar juntos,talvez seriamos melhor um longe do outro.

Morávamos na mesma casa porém viviamos como estranhos. Já tinha se passado 1 semana do surto de Miguel Henrique e mesmo assim ele continuava com a cara fechada e amarrada,com o olhar frio e exalando raiva.

Para os gêmeos isso era péssimo,Ele tinha voltado a ser um ogro com os filhos e talvez isso prejudicasse ele para conseguir a gurda no futuro. E talvez um dos motivos que tinha me feito continuar naquela casa era que por bem ou por mal ele ia dar valor aos filhos.

Miguel era do tipo que não controlava as palavras e com isso ele machucava muito quem estava ao seu redor,eu que já era vacinada sentia o peso das palavras eu imaginava as crianças. Era doloroso mas eu ia embora e aquelas crianças iam ficar com ele para o resto da vida então qualquer palavra poderia marcar eles para sempre.

- Papai? - Lavínia chorava - Pai? Mas...

- Não enche Lavínia! - Ele gritava - Para o quarto. Eu estou farto de você e do seu irmão.

Meu coração se apertou ao ouvir aquelas palavras e eu imaginava o quanto Miguel podia piorar. Brigar daquele jeito,sem motivo ou razão era um absurdo e eu não ia deixar.

- Enlouqueceu? - Eu gritei de volta - Cresce e para de culpar seus filhos pelo seus problemas. Pelo amor de Deus,Miguel são 2 crianças você não tem pena?

- Por isso que você deveria ter morrido e não a mamãe - Heitor não parava de repetir isso - Eu te odeio. Olíviah,liga para a vovó Olga,eu quero ir para casa dela.

- Não! - Miguel Gritou - Vocês vão ficar aqui comigo. Eu sou o pai de vocês.

- Crianças? Olha - Eu me ajoelhei e afastei a vontade de chorar - Agora vocês vão subir,tomar um banho e eu já vou para colocar vocês para dormir,ok?

Alguém tinha que encarar Miguel. O fato de ele gritar e se impor não dizia que ele podia passar por cima de tudo e de todos. E eu não ia abaixar a cabeça para ele,se eu tivesse que encarar  e gritar de igual para igual era isso que eu ia fazer. Eu estava farta e com as palavras na garganta pronta para vomitar nele e fazer ele pensar nem que fosse 1%.

- Você pode me odiar,dizer que eu sou um pé no saco e um estovo na sua vida - Eu disse encarando ele - Mas não despeja seja lá qual for sua raiva nas crianças ok?!

- Você não é mãe deles - Ele retrucou debochando - por que tá se metendo? A Giselle morreu e eu mando neles!

- Eu sei que não sou - Eu forçei um sorriso - Mas eu só estou aturando e suportando você por causa deles e da sua mãe. Eu já perdi as esperanças de que algum dia você vá virar um homem de verdade,alias eu acho que perdi faz anos. Você vai ser sempre esse moleque mimado.

Eu estava com ódio e nojo. Não suportei passar a noite na qual eu não preguei os olhos depois de finalmente conseguir colocar os gêmeos para dormir ao lado de Miguel. Eu cheguei a pensar que talvez fosse melhor para Lavínia e Heitor viver com Olga mas eu não sabia o que seria pior,a avó interesseira ou o pai idiota.

Na tentativa em vão de dormit,levantei logo pela manhã e entreguei as crianças para o final de semana com a bruxa da Olga. Naquele dia Miguel ia sair para treinar a tarde e logo depoid viajaria com o time. E como eu não sentia a mínima vontade de ficar perto dele decidi que passaria o final de semana com a minha família.

Fazia bastante tempo que eu não visitava meus pais e meus irmãos. Viver com o ogro e as crianças tomava meu tempo e também me fazia sentir falta das conversas,brigas e momentos com a minha família. E de fato ficar com eles iria me fazer para de pensar em Miguel nem que fosse um pouco.

- Vai me dizer o motivo desse olhar triste? - Minha mãe perguntou enquanto eu secava a louça. Ela sabia que tinha algo errado - Filha,está só nós 2 aqui. Pode desabafar.

- Não é nada...eu...- as lágrimas de dias finalmente escorreram - Viver com Miguel ta sendo um inferno  ele é um idiota e eu..eu..

- Você o ama! - Minha mãe me abraçou - Ei!Eu sei disso antes de você Oly. Você nunca esqueceu o Miguel,a troco de que se casaria com ele? Você o ama e quer ele por perto.

- Ele é um idiota mãe! - Sequei uma lágrima - Eu me odeio por amar ele.

- E você sabia que é capaz de fazer esse idiota comer na sua mão? - Ela segurou minha mão - Basta você querer.

- Olíviah,ele também sente algo por você - Ela continuou - Mas seu marido tem um orgulho e um ego nas alturas...então faça com que ele sinta medo de te perder para sempre.

- Você acha que vale a pena?

- Filha,você só vai saber se tentar. E se não for para ele ser seu,Deus tem algo melhor. Mas tenta,tenta para não se arrepender - Dei uma abraço nela em retribuição por suas palavras.

Minha mãe era sempre sábia com as palavras e ter conversado com ela me fez refletir bastante. Se eu o amava e por mais que ele fosse um idiota,a minha partr eu tinha que fazer para não viver sem ter tentado. Ia ser difícil,muito difícil mas ou eu ia fazer Miguel acordar para vida ou eu ia cansar e finalmente libertar meu coração dele. E eu tinha que saber qual seria meu caminho. O amor infelimente era assim,como um jogo e se eu tivesse que usar todas as armas para ter ele e fazer ele me notar eu ia perturbar-lo até ele me ter ou fazer ele se arrepender de ter me perdido de novo,para sempre.

Durante meu final de semana na casa da minha mãe não nos falavamos nem por mensagens. Uma parte de mim sentia saudades mas eu não podia ligar,não naquele momento.

Eu evitei assistir o jogo do Flamengo no domingo a tarde mas pelos gritos alegres e eufóricos do meu pai e meu irmão eu soube que o time tinha ganhado.
Ele ter ido para Volta Redonda Jogar foi a desculpa que eu usei para passar os dias com minha família,meu pai se soubesse dos atritos com meu marido ia querer quebrar os braços e pernas dele. Por enquanto era melhor previnir.

O domingo foi encerrado com pizza. Risos e histórias divertidas envolvendo Rebeca e Diego arrancavam lágrimas de alegria de nós.

Tudo estava tranquilo e alegre até a campanhia tocar. Após mamãe abrir a porta eu me assustei ao ouvir a voz e ver Miguel.



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