Capítulo 26

390 23 0
                                    

  P.O.V. Louis On #

  Dizer que estava desanimado é pouco. E dizer que me sentia infeliz, é menos que isso. De facto, não sabia como estava, mas completo não era de certeza. 

  Já a Martha deixara esta conversa, mas não o meu pensamento, e o vento fazia as delícias na minha cara que antes estava quente de fúria. Não bem de fúria, pois agora ainda estou com a cabeça fria, e não acho as palavras que eu quero para descrever o que realmente estou a sentir.

  Sei que me encherão com uma chuva de perguntas quando chegar a casa, ou então talvez não reparem sequer na minha chegada. Contudo, terei que acabar por lhe contar tudo a ela e a eles, embora custe de todas as formas. O clima já me parece mais leve, e sinto o meu coração a bater levemente, lembrando-me em cada leve batida que não posso fugir a isto. Não posso fugir à realidade, embora queira escapar dela pensando e agindo como se nada tivesse acontecido, ignorando o que está para acontecer e eu não consigo escapar.

  Ainda mesmo que dificilmente, levantei-me do banco aquecido pela parte do meu corpo que antes lhe tocava, fazendo o caminho a pé até casa. O Inverno já chegava em força, opondo-se ao leve mas sólido Outono. Enquanto passava pela casa da minha Tia e da minha irmã, ainda tentei olhar para a janela do quarto dela, embora em vão; ela fechara as cortinas. Talvez já previsse o meu ato.

  Para meu descontentamento, o caminho para casa foi rápido, e todos estavam presentes. Niall, Louis, Liam e Harry estavam numa conversa acesa sobre o desporto que íam praticar o dia seguinte, e penso ter ouvido o nome da minha irmã, embora não tenha a certeza. Harry mandou-me um olhar, e silenciosamente, deixou fugir da boca um "Temos que falar", que logo consenti com um aceno de cabeça. 

  Como habitualmente, Zayn isolara-se para fumar um cigarro e para pensar em algo que nunca nos contava, permanecendo sozinho na varanda, à qual eu me dirigi. Ele apoiava-se com os antebraços no corrimão, concentrando um pouco do peso do seu corpo aí, levando frequentemente o cigarro à boca, deliciando-se com a nicotina. E então, inesperadamente, eu perguntei-lhe algo que me permanecia na mente há uns 8 ou 7 anos, quando o comecei a conhecer.

 - Porque o fazes ? - Questionei, dando uma agarrada olhadela ao cigarro que ele consumia, fazendo-o perceber com o meu olhar ao que eu me referia. E, mais que inesperadamente, deu-me uma resposta que não ansiava, de há já tanto tempo que nada me magoava como as suas primeiras palavras.

 - Sabes, partilhei de um momento um pouco íntimo com a tua irmã - O meu coração deu um salto forte dentro de mim, secando a minha boca e fazendo-me desnecessariamente temer o pior. - E em alturas como aquela, o que importa não é de forma nenhuma as nossas palavras, mas sim a nossa atitude, não a subtileza ou a elegância do nosso sofrimento, mas o grau a que conseguimos expressar união com quem partilhamos a dor. Embora eu unicamente tenha partilhado, demonstrado.- Eu estava confuso, entre várias hipóteses do que possa ter acontecido e ansiando as próximas palavras de Zayn. - Mas mais uma vez, sucumbi. Fui abaixo. Não demonstrei o quanto forte podia ser, depois do que aconteceu. E mostrei-lhe que não consegui superar, senti-me pior comigo mesmo do que com o que ela possa ter pensado sobre mim. - Zayn terminara de falar assim como de fumar o cigarro, apagando-o na parte de baixo do corrimão que nunca ninguém chega a tocar. Mas ele prosseguiu, finalmente respondendo à minha pergunta, fazendo perceber que o que ele dissera anteriormente não tinha nexo algum com a minha pergunta, embora me tenha satisfeito uma curiosidade que mais tarde descobri que tinha. - E por vezes penso que o meu amor pelos cigarros não se deve à nicotina, mas sim à forma como preenchem um vazio sem sentido e me oferecem uma maneira fácil de sentir que estou a fazer algo com um propósito. E eles também me fazem pensar, ou até mesmo ter pensamentos profundos. Daqueles que percorrem todo o nosso cérebro e fazem inclusive sentir o ritmo da batida do nosso coração conforme a força que esse pensamento tem em nós.

  Zayn finalmente olhara-me, fazendo-me sentir o habitual sentimento de fraternidade e de sabedoria que emanava nele, embora nem todos achassem o mesmo.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora