Capítulo 35

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Matha P.O.V.

 - Oh - Harry gemeu todo suado pelo esforço a que se dedicava há já uns largos minutos.

 - Já consegues mexer melhor a perna? - Questionei, passando-lhe mais um copo de água.

 - S-sim - Ele gaguejou, fraco, sucumbindo facilmente à sede e bebendo sedento a água fresca - Mas dói. Dói muito.

 - Compreendo - Abanei a cabeça, sorrindo-lhe - Tens de ser paciente quanto à tua recuperação. 

  E quanto a nós.

 Harry assentiu com a cabeça, suavemente ajustando-se na cama, acabada de ser feita pela enfermeira que não parara de fazer olhinhos sugestivos ao seu paciente, Harry, enquanto estendia o lençol sobre ele, prendendo-o exageradamente pelos seus lados, no colchão da cama.

  Mas, felizmente, ela já saíra há alguns minutos e eu esperava por Zayn pelo meu irmão, que ficariam com Harry enquanto eu ia para casa descansar.

  - Martha? - ele chamou, rouco, e olhei para a sua cara, onde se notavam duas bolsas escuras por baixo dos olhos, e um sorriso tímido a afirmar-se. Com um aceno de cabeça permiti-o continuar. - Ham... - Ele procurava, provavelmente, pelas palavras certas, e logo deduzi que o problema seria sério. - Quero-te, honestamente, pedir desculpa por- 

  - Não - rapidamente o cortei, abanando firmemente a cabeça. Temos mesmo de esquecer, completamente, o passado. - Não - repeti. 

- Eu só que- 

  - Não, Harry - Quero que ele se cale. Não me quero lembrar dos acontecimentos passados.

  Ele desistiu de tentar, e, devagar, ergueu-me a mão.

  Olhei-o confusa, e ele baixou-a, morta, na cama, sem razão aparente de a ter levantado.

  - Eu só ... - Harry parou, olhando da sua mão para os meus olhos. Estremeci. Ele olhava-me perdido, vulnerável, como quem quer que os outros lhe arranquem uma dor desconhecida mas não querendo de todo ser ajudado.

  Com um breve mas audível bater de dedos na porta, Zayn e Louis entraram com sorrisos misteriosamente iguais, no quarto, e puseram-se ao lado da cama de Harry. Este ainda não retirara os seus olhos dos meus, mas que eu afastara mal foramos interrompidos.

  - Hey - Louis falou e Harry perdeu o transe.

  - Hey - Ele então comprimentou, sorrindo verdadeiramente a Zayn, que o olhava, por si, a sorrir para Louis, que sorria a Harry. 

  - Vou para casa - Informei com a minha própria voz estranha, provavelmente pela situação de há minutos, e Louis e Zayn assentiram com a cabeça.

  Peguei na mochila que usava para a Uni, e acenei com a mão, despedindo-me uma última vez dos três. 

  Enquanto andava até casa, pensativa, dei, mais uma vez, conta de que todos os acontecimentos passados até àquele momento não encaixavam em nenhuma explicação lógica ou sequer em alguma prece vinda de Deus, se é que ele existiria. Nada estava bem, e eu não reagia como deveria reagir, não atuava da forma que devia atuar, em certas situações.

  Deixei a minha Tia, possivelmente ainda viva, a queimar nas chamas ardentes daquele incêndio. Ainda tenho de viver com a ignorância do que se passara com Louis, e nem sequer o obrigo a falar, depois de tantos anos depois da sua aparente morte, apesar de o ter jurado a mim própria fazer, caso ouvesse a impossível possibilidade de o voltar a ver. Beijei um rapaz, que nunca foi algo que pensei vir a fazer, e frequento a universidade, onde nunca pensei vir a estar.

  Embora, ao seu tempo, lentamente, tudo se viesse a compor, não posso dizer que se está a compor certa ou erradamente, mas sim que não era assim que eu estava a pensar que se comporia. Na verdade, eu nunca pensei vir a estar nesta situação, porque desde o momento em que o meu irmão 'morreu' à minha frente que as coisas deixaram o normal, para se juntarem ao outro lado, já na minha zona de desconforto.

Abanando a cabeça para afastar todos os pensamentos qe flutuavam nela, mais pesadamente do que é possível algo matéria pesar, abri a porta de casa; da nossa casa.

  Umas botas morriam, sujas, ao lado de uns ténis novos, que eram de Niall.

  Descalçei-me, rapidamente, na pressa de deitar a minha cabeça por um bocado na minha almofada, não me importando realmente se acabaria por adormecer.

  Andei silenciosamente, tanto como as minhas meias brancas permitiam, pelo corredor, curiosa e já habitualmente espreitando para dentro da sala, onde nunca ou raramente estaria alguém, todos preferindo o quarto comum ou o particular. Mas desta vez foi diferente.

  Com muita surpresa assumida na forma como o meu queixo ligeiramente caiu e os meus olhos imensamente se abriram, vi duas formas, duas cabeças, encostadas uma à outra, de lado, no sofá, que estava de costas para mim. Uma das cabeças era loira escura, o que imediatamente reconheci ser Niall, e outra era castanha, o que sem dúvidas decidi ser Liam, pois Louis nunca estava tão perto de Niall como ele estava.

  Não havia movimento, e inconscientemente admiti a mim mesma que eles apenas estavam a disfrutar o momento, em silêncio, na presença um do outro, o que quer que fosse que se estava a passar.

  Sem querer interromper ou sequer dar a confirmação da minha presença, passei a porta da sala, e subi as escadas ainda mais silenciosamente, na direção do meu quarto.

  A janela estava aberta, assim como a porta, e admirei-me pela corrente de ar não ser assim tão forte para poder fechar a porta, que eu sabia não ter deixado aberta. Sem me importar mais, deitei-me na cama depois de ter despido a t-shirt e vestido uma branca, mais larga e confortável, que eu usava para dormir. E que provavelmente pertence a um dos rapazes, que ainda não se queixaram da falta de alguma peça no seu imenso vestuário.

  Na minha secretária, junto à parede, com um metro e tal de distância dos pés da cama, estava dispostos alguns livros e cadernos, pertencentes à universidade, ao meu curso de línguas.

  Descalçei-me rapidamente, e, num só movimento, atirei-me horizontalmente para cima da cama, onde aterrei com um queixante chiar das velhas molas.

  Esfreguei a minha cara na minha almofada, snifando o aroma do champô do meu cabelo, deitando, de seguida, apenas a minha bochecha, olhando para a janela, onde, no céu, voavam vários pássaros, junto das nuvens. Ou assim parecia.

  Os meus olhos, propriamente a pele existente por cima deles, que os tapavam, começava a ficar mais pesada, e um sentimento de absorção foi tomando conta do meu corpo e da minha mente, e nem um pouco a combati, determinada de vez a adormecer.

  Pesado. Real. Imediato. Inquivocante. Intocável. Imutável. Frio, mas quente. Foi assim o meu sonho.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora