Capítulo 25

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 - E se forem eles, o que isso muda ? - Louis olhava-me com os olhos semi-abertos, atento na minha resposta à qual ele provavelmente estaria sempre pronto a contestar.

 - Porque eu conheci-os e estou a conviver com eles. Diz-me, como é conviver com alguém que não fazemos ideia que supostamente matou o nosso irmão ? - Perguntei-lhe, na tentativa de não lhe dar hipóteses de contestamento. - É suposto eu viver com a consciência tranquila ? - Propus. - Como queres que eu relacione bem isto se não tenho nem metade da informação sobre o que aconteceu ?

- Porque não precisas de saber mais nada para além do que eu te disse. Mas não confies muito neles. E muito menos no que estava há bocado contigo. - Louis deu uma meia volta no lugar em que estava, provavelmente disfarçando o notável nervosismo. 

 - O Harry ? - Possibilitei. Honestamente, ele era extremamente parecido com o rapaz que me tinha dado um pontapé e que baleara o meu irmão.

 - Sim. - Louis confirmou algo de que eu tinha a certeza mas que ainda me recusava a acreditar.

 - Então é suposto agora acontecer o quê ? - Eu estava ainda absorta em pensamentos perdidos e dispersos na minha consciência, à procura de algo que fizesse sentido, e procurando juntá-los de modo a ter resposta a perguntas que não conseguia formular.

 - Porquê, é suposto acontecer alguma coisa, sequer ? - Estaria ele frio, ou a tentar bloquear a minha visão aos seus impossivelmente visíveis pensamentos?

 - Então. Façamos um resumo da situação. - Comecei, tentando ordenar os meus mais que desordenados pensamentos. - Nós vivíamos numa aldeia muito sossegada. Um certo dia, fomos à padaria da aldeia comprar pão. Inesperadamente, tu foste baleado e morto. Anos depois, mudo-me para a casa da minha Tia para um mais fácil acesso à Universidade Primária. Incrível e surpreendentemente, descubro que tu não estás morto. E entretanto, vou-me apercebendo que conheci os rapazes que supostamente te mataram e sempre acabaram por roubar a agora indiferente nota de cinco. - Olhei-o na cara depois de ter percorrido o meu olhar para a árvore em cima de mim, procurando em cada triste folha, pedaços da minha história, que se ligavam uns aos outros sem parecer que tinham ligação. E pouco a pouco, fui revelando-a, ocultando como habitualmente, pormenores que podiam não ser necessários à compreensão da mesma, salientando apenas os pontos importantes. 

 - Sim, penso que seja isso. - Louis falou com um tom indiferente e frio, que me começava a irritar.

 - Oh, ok. - Falei, suspirando de seguida. Embora Louis tenha dito para ter cuidado, principalmente com Harry, não penso que eles me queiram fazer mal. E agora, penso que percebi. Há muito mais por detrás disto. E se Louis não me conta, penso que terei de perguntar a Harry ou até mesmo a Zayn, já que parece o mais fácil de consultar.

 - Vou voltar para casa. - Informei-o, levantando-me e fazendo estalar os ossos das minhas pernas já dormentes.

 - Eu vou ficar aqui ainda um bocado . - Ele esclareceu, voltando-se a sentar no velho banco de madeira.

 - Onde estás a residir ? - Tentei, parecendo-me ainda impossível sacar uma informação daqueles ao meu muito diferente irmão.

 - Com eles. - Ele respondeu, fazendo-me abrir a boca num espasmo e arquear as minhas sobrancelhas de um modo contrário. Franzi-las, talvez? Como é que ele podia morar com eles? Que tipo de relação teriam? Aí está. Ele não me revela. E disse-o com naturalidade.

 - Oh...- Foi apenas o que consegui pronunciar, face ao facto de estar plenamente surpreendida. - Já sabes. - foram as minhas penúltimas palavras antes de me virar e ir embora. - Não hesites em me contar algo que poças. Ou que queiras.

  Ele não me respondeu, e penso que também não me seguiu. Andei num passo rápido, desejosa de chegar ao meu quarto e deitar-me na cama a rever e re-rever tudo o que se passou desde que eu pus um pé fora de casa até ao momento em que me deitarei naquela cama.

  O mundo estava, para mim, quase de pernas para o ar. Naquele momento, nada fazia sentido na minha cabeça, e penso que na de Louis e de todos os outros também não. E não posso tirar conclusões de nada, devido à falta de informação presente na minha cabeça e na minha recentemente nascida relação com Louis. 

  E, infelizmente, eu já não o sentia como um irmão. Aquele sentimento que nos unia, de alguma forma, quebrou-se. Não, desapareceu sem eu notar. Bem, agora notei.

  E isto está tão bizarramente surreal. Estou sem palavras, sem adjetivos que me permitam descrever o que estou a pensar, e incrivelmente como me sinto em relação a isto tudo. Como é que no inferno, Louis pode estar tão descansado e indiferente à minha reação de surpresa? Imensas perguntas flutuam sobre a minha consciência, deixando bem à tona a mais importante. O que devo fazer a seguir ?

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora