Capítulo 18

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 - És mesmo tu? Oh meu Deus, és. - Esclareci-me mais uma vez, ainda na dúvida, apertando-o mais, querendo senti-lo. - Senti tanto a tua falta, Lou.

 - E eu senti a tua, Papoila. - Ele retribuiu, relembrando-me um episódio da nossa feliz infância juntos, no campo.

  Flashback on #

  Os nossos risos misturavam-se com o barulho da água a correr pelo riacho, desesperada por chegar ao rio e de seguir para o mar.

  Moldando a relva com os nossos passos, corríamos felizes para a pequena colina do Tristão, árvore caraterizada pelas descaídas ramagens que lhe davam um ar triste, a que se deve o nome que nós lhe déramos, desconhecendo em pleno a verdadeira nomeação da árvore.

  Louis, como sempre, fora mais rápido que eu e chegara primeiro, ocupando o seu já habitual espaço debaixo do Tristão, brincando com as suas folhas que lhe roçavam a orelha. Chegando até ele ofegante, sentei-me ao seu lado, recuperando o fôlego.

 - Dizem que esta noite vais estar Lua Nova. - Lembrei-me mais a mim do que a ele, por ter ouvido os meus pais a falarem na sala.

 - Sabias que o amado de Isolda chamava-se Tristão? - Ele desviou, avisando-me de algo que eu já sabia como se fosse o meu nome, pois era a minha história de amor preferida.

 - Então, sabias? - Provoquei-o na minha infantilidade de criança.

 - Eu prefiro a Lua Cheia. - Ele falou, arrancando algo que estava no chão ao seu lado e que eu não vira. - A Lua é muito mais bonita nessa fase, não tem nada a esconder.  Ele virou-se, olhando-me nos olhos com o seu bonito sorriso. Enquanto eu olhava em frente, observando a vista da colina, Louis moveu o seu braço, pondo com a mão algo em cima da minha orelha, um objeto roxo no meu campo de visão.

 - É uma papoila. É muito bonita. - Ele explicou, ainda sorrindo. - Porque não te chamas Papoila? -Ele questionou, fazendo-me perceber a sua indireta inocente.

  Éramos tão jovens.

Flashback off #

 - Porque foste embora tão cedo e só apareceste misteriosamente agora? - Sussurrei, limitada pelos soluços, com a cara molhada encostada ao ombro de Louis, escorrendo lágrimas de felicidade misturadas com as de tristeza que eu sentira todos os anos que estivera sem ele.

 - Não tive escolha, mana - Acariciava-me a cabeça com os dedos, juntando-me mais a ele, fazendo-me sentir também o meu ombro molhado.

 - Conta-me tudo. - Supliquei, afastando-me já mais calma do ombro dele.

  Limpando as lágrimas que se espalharam por toda a minha cara, notei que o meu irmão fez o mesmo, ainda com o sentimento de felicidade que partilhávamos.

  A porta que eu anteriormente fechara, fora aberta, fazendo sair por ela muitos dos alunos que tinham ficado lá dentro a conviver. De entre muitos deles, avistei Harry e Liam, o segundo olhava para nós com os olhos muito abertos. Virei as costas mais uma vez ao Harry, e sem saber o porquê de o ter feito, abracei outra vez Louis, que me apertava amigavelmente. Ele era meu irmão, mas continuei a pensar em fazer ciúmes ao Harry, apesar de ser criancice.

 - Falamos mais logo, agora tenho de ir. - Ele falou-me baixo ao ouvido, fazendo cócegas com a sua barba.

 - Porque não estás em casa da Tia? Espera, a mãe não sabes que... então... - Comecei a perguntar, quase deitando tudo cá para fora.

 - Martha - Ele tranquilizou a minha ansiedade -, Explico tudo depois. Não te questiones mais acerca de nada. 

  Deu-me um beijo na testa, lembrando-me mais uma vez do quanto crescido ele estava, já me superando há muito (mesmo eu não sabendo de há quanto) na altura. Virei-me para a porta, descansando por saber que Louis partira, avistando um Harry com uma cara vermelha de... fúria? Ciúmes? Só sei que o ignorei, mesmo sabendo não ser boa ideia no estado em que ele se encontrava e quando eu era possivelmente a culpada. Ele começava outra vez a ser detestável, desde a primeira vez que o conheci. 

  Passei por ele sem o olhar, tendo a impressão de que a sua cabeça seguia o meu andamento pelo corredor. Dirigi-me à casa-de-banho, convencendo-me de que Zayn poderia esperar mais uns minutos por mim, no portão do castelo. Consegui encontrar a casa-de-banho depois de muito andar e de por muitas pessoas passar, e confesso que não era na perspetiva que eu a imaginara.

  Sinceramente, pensei que nem havia casa-de-banho, mal entrei neste castelo, e agora que penso nisso, se houvesse, seria um buraquinho no chão para satisfazermos as nossas necessidades. Surpreendi-me por ver compartimentos individuais com sanitas, em frente a lavatórios modernos, que eu, feliz, usei. Molhei a cara, secando-a de seguida com toalhas muito limpas que encontrei dobradas no compartimento na parede, ao lado dos espelhos. De seguida, fechei-me num compartimento, aliviando a minha bexiga sem fazer barulho, mesmo consciente que de que estava sozinha. Limpei-me, vesti as calças antes baixadas, destrancando a porta.

  Olhei para o chão, vendo uma sombra que me assustou e me vez olhar diretamente para o que ela pertencia. Harry.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora