Capítulo 14

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 - Obrigada Harry - Disse-lhe eu, dando-lhe mais um sorriso -, desculpa ter feito perder o teu tempo.

  Harry franziu as sobrancelhas, rapidamente protestando contra mim.

 - Sabes bem que não é nada disso - os olhos dele brilhavam, enquanto ele passava os dedos pelo seu cabelo despenteado pelo vento que passeava a toda a hora nas montanhas de Mendip - sejas irritante ou não, eu não poderia deixar uma criança a vaguear por aí a estas horas - Ele gabou-se, estragando parte da minha boa disposição por ele.

 - O que fazias tu na cidade? - perguntei, surpreendendo-nos aos dois Harry não transportava sacos nem nada que justificasse a sua ida à aldeia.

 - O que tens tu a ver com isso? - Respondeu-me com uma pergunta, arrogante.

 - Tenho curiosidade em saber. Teres-me salvo daquela maneira não justifica que eu tenha de estar grata ou que tenha de retribuir de alguma forma.

  Um sorriso estranho formou-se no rosto de Harry, criando-me uma sensação de desconforto.

  Esqueci o assunto, e despedi-me de Harry. No próximo dia eu teria um longo dia pela frente. Harry deu-me um reconfortante aperto no ombro, desaparecendo de seguida na escuridão da estrada, deixando-me à porta da casa da minha Tia. Eilan, como ela queria.

  Entrei em casa, familiarizando-me com o cheiro a mofo, e com a presença da minha Tia. Eilan estava de frente ao fogão na cozinha, olhando para uma velha chaleira a aquecer. Mal reparou no meu vulto, virou-se, encarando-me.

 - Aqui estás tu - Falou ela, a janela atrás de si aberta, o vento a brincar com o seu cabelo.

 - Aqui estou eu e as suas compras - adicionei, pousando os sacos verdes na bancada da sua cozinha.

 - Compraste os espinafres? - Perguntou ela preocupada, espreitando e remexendo nos sacos.

 - Sim, Eilan - Respondi, revirando os olhos, e aproveitando uns segundos para odiar inteiramente os espinafres.

  A minha Tia tirou-os do saco, levando-os para a bancada onde se encontrava uma tábua para os arranjar folhinha a folhinha.

  Eilan virou-se para mim, falando.

 - Já começa a ser tarde, Martha. Amanhã é o teu primeiro e grande dia na Universidade Primária. Vai descansar, deve ter sido um dia longo.

  Se foi. "Longo" é pouco. Despedi-me dela desejando-lhe uma boa noite, acompanhada por um doce beijo.

  Saí da cozinha, subindo os rangentes degraus. O meu quarto encontrava-se tal e qual como eu o deixara horas a trás.

  Descalçei-me, dando uma sensação de alívio incomparável aos meus pés. Sentei-me na cama, de frente para a janela, admirando o céu estrelado e a cidadezinha com algumas luzes.

  Os meus olhos ficavam cada segundo mais pesados, e tirei o meu casaco, pendurando-o num cabide e guardando-o dentro do guarda-roupa.

  Rapidamente deslizei a minha camisa pelos meus braços, até às minhas mãos. Cheirei-a. Tinha o perfume de zayn... Zayn. As suas lágrimas. A sua dolorosa e triste voz. As suas mãos com sangue. O sonho. Louis.

 - Mas que raio... - Questionei, apalpando o bolso das minhas calças. Um pequeno e dobrado papel roxo saiu de lá segundos depois, sendo curiosamente desdobrado e lido.

  "Amanhã, às oito na porta da tua casa. Não te esqueças de levar o teu melhor sorriso.   Zayn XX " li, com um sorriso bem parvo a surgir na minha cara.

  Vesti a minha camisa de noite, depois de me livrar da restante roupa que usara hoje, dobrando-a e metendo-a num canto no chão ao lado da minha cama.

  O sono pesara mais nos meus olhos, obrigando-me a esquecer todas as minhas dificeis perguntas, e a limitar-me a abrir os lençóis da cama e a deitar-me, não sendo preciso esperar muito tempo até eu adormecer. Porém, isso era irrelevante. Tive o meu primeiro sonho molhado na mesma.

  Eu estava num quarto que não conhecia, e no próprio sonho eu acabara de acordar. Sem saber a razão, eu levantara-me de uma velha cama, fazendo-a ranger, e dirigira-me para a porta, abrindo-a, e eu saíra para um corredor escuro e deserto. Hesitara sobre o que fazer, para junto à porta com um misterioso gato preto como desenho colado, quando esta se abriu e Harry apareceu: uma silhueta alta e grande, com cachos selvagens castanhos, recortada contra a luz da lua que entrava pela janela.

 - Senti que estavas aqui. - Disse-me ele, com naturalidade, na sua voz rouca - Queres entrar ?

  Ele voltou-se para dentro do quarto, indo até à cama e sentando-se nela. Eu entrara em seguida, encostando a porta, indo depois até Harry e ajoelhando-me às sua frente, e deitara a minha cabeça nas suas pernas.

  Por longos momentos não falaramos, os nossos corações batendo em sintonia, nós comunicando apenas por sensações, gestos e carícias.

  Eu pensara que ele sentira em mim o medo da primeira vez, que enconbria o desejo, e ele dera-me o tempo que eu precisara. Cada sensação minha, era também de Harry, e só quando ele percebera que era aquela a minha vontade, começara, com uma lentidão provocante, a libertar-me e a libertar-se, uma por uma, das grosseiras roupas de dormir que vestiamos.

  A pele de ambos nós contactava naquele momento sem barreiras, com movimentos suaves, excitantes. 

  Harry adaptava cada gesto, cada comportamento, à leitura que fazia dos meus desejos e das minhas sensações, provocando em mim um prazer crescente.

  No momento em que nos unimos no acto de amor, tornámo-nos num só, e não pude conter gritos, que saíram fortes e preencheram cada canto do quarto.

  Agarrei forte o cabelo dele, fazendo-o compreender a minha dor e o meu prazer, que depressa apagara o primeiro. Harry beijava o meu pescoço, arrepiando-me ao sentir os seus lábios provocadoramente molhados, partilhando o desejo.

  Eu arranhava com força as costas dele, provavelmente deixando marca por muito tempo. E ele? Ele simplesmente não parava. 

  Subitamente, tudo mudou. Senti-o de um modo diferente, e a sua pele já não estava ardente. Tentei não me importar com a mudança, não considerando importante. Decidi prová-lo, beijando-lhe o pescoço, ouvindo um gemido rouco de seguida, sussurrado e entrecortado com a respiração. O cheiro também não era o mesmo. Voltei a subir a minha mão ao seu cabelo. Não era encaracolado. Suave, mas liso. As suas mãos, subiam e desciam nas minhas costas, percorrendo cada segundo novos caminhos. Num movimento, ele beijou-me, e a sua língua tomou posse sobre a minha, dominando a minha boca. Quando nos separámos, vi Zayn. Zayn junto a mim, nu, com um leve sorriso, divino, com sangue nas mãos e no resto da cama. Ah.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora