34 - Fim da Primeira Parte ( Passado) Início da Segunda Parte ( Presente )

238 13 0
                                    

 E assim foi. Deixei o passado no seu lugar e estou, neste momento, apenas no presente, porque é aqui e agora que posso mudar quem sou, para fazer todas as decisões baseadas no passado, para as fazer acontecer no futuro.

  E todos nós concordámos em esquecer o passado, com tudo o que ele nos deixou, e para recomeçarmos do que já estava feito, sem as coisas más, para vivermos o presente.

Zayn P.O.V. On#

  Passaram-se dois anos desde que tudo mudou. E, contudo, ainda não me habituei às mudanças, e acredito que os outros também não, porque nos mudaram a todos, cada um à sua maneira.

  Cuidadosamente, movi o pincel, de volta à tela, passando, numa linha curva, a tinta amarela de modo a esta se misturar com a laranja, já amplamente bem espalhada pela tela, ao lado da vermelha. Há já uns dias que estou a trabalhar nesta obra, um contraste, abstrato, entre cores quentes e frias, e sei que vai ser leiloada, para ajudar o Centro de Deficientes Motores, ideia minha, e que o resto da Universidade concordou, e até ajudou.

  - Zayn - alguém chamou, fazendo-me parar e voltar-me, encontrando Louis parado na soleira da porta, braços cruzados, músculos debaixo da camisa de Universidade salientes, com um pé a apoiar o seu peso enquanto que o outro o cruzava, ponta no chão. E olhos azuis, brilhantes; a contrastarem com o preto da roupa, com um sorriso indecifrável, que imediatamente acelerou a minha pulsação, mãos suadas, garganta seca. 

  - Deixa-me só limpar os pincéis e secá-los - informei, levantando-me impulsivamente da cadeira só pela ideia de o olhar demasiado tempo, com medo de que ele fugisse de mim pela estranha reação, que já tentei evitar; mas não consigo. 

  Virei-lhe as costas a respirar pesadamente, com ódio de mim próprio pela estupidez que se passava comigo. 

  Fechei as capas dos tubos de tinta a óleo, guardando-os, uns em cima dos outros, e arrumei a caixa ao fim da minha mochila, que todos contestavam pois não se usavam dessas na Universidade. Mas eu usava, e Louis também. 

  Uma mão pousou, segura, na minha cintura, fazendo-me esquivar, por um segundo, os meus pés do chão. Quente, no meu corpo frio, com a distância de um tecido. 

  - Queres visitar o Harry, mais logo ? -  Louis questionou num sussurro grave, fazendo arrepios percorrerem os meus braços  e também a minhas pernas, pela proximidade íntima da sua boca na minha orelha. 

 - Ela já lá está - respondi, afastando-me delicada e suavemente do seu toque, sem mesmo querendo, para pegar na tela pelos seus lados, limpos, e movendo-a para perto da janela, de modo a que a tinta secasse e a água nela evaporasse. 

  Mais ninguém se encontrava na sala, cuja o professor permitia que se usasse na sua ausência, e eram cada vez menos os alunos presentes nas aulas de Arte. 

  - Vamos ? - Eu motivei, dirigindo-me lentamente para a porta até ver Louis do meu lado, com os olhos no chão, novamente a usar um sorri indecifrável, que também usei. Puxei as alsas da mochila mais para dentro, fixando-a mais firme nas minhas costas. 

  Andámos pelo corredor apinhado de universitários e caloiros como nós, e lancei um braço amigavelmente aos ombros de Louis, sentindo o sorriso de ambos a alargar, a razão ... ignorada. 

Zayn P.O.V. Off#

Liam P.O.V. On#

 - Não! Espera! - Gritei para Niall, que nadava sem parar enquanto que eu ofegava, cansado, muito atrás dele, na pista que só nós usávamos.

  Comecei a lidar com problemas sérios, já habituais, de respiração, e parei; a água a bater-me pelo peito, em ondas suaves, calmas, pois Niall já tinha saído de dentro dela, e encontrava-se sentado na borda da piscina.

 - Liam? - Ele chiou, preocupado. Num só movimento, vendo que eu estava com a mão direita numa costela, olhos fechados, peito e cara vermelha, levantou-se, saltando.

  Ouvi um estalo de um corpo a entrar na água, movimentando-se para perto de mim, e seguidamente duas mãos pousaram delicadamente nos meus ombros, puxando-me para a parede da pista, de pedra branca, sem força rude.

  Ergui-me por mim próprio, para me sentar na beira, e rapidamente Niall posicionou-se a meu lado.

 - A culpa é minha. - Ele afirmou, sentindo-se pequeno, e eu abanava a cabeça repetidamente, furioso comigo mesmo por arriscar repetidamente a minha saúde. e, mais grave ainda, fazer Niall sentir-se mal.

 - Não - sussurrei, com a respiraçlão já mais regulada, forçando um sorriso à minha cara, para Niall perceber que a culpa era unicamente minha - Vamos - levantei-me, dirigindo-me ao banco, pegando na minha toalha e na dele, dando-a.

 - Precisas da bomba? - Niall questionou, e eu neguei com a cabeça, oferecendo-lhe mais um sorriso, para lhe garantir que estava bem.

  Andámos, quase rastejando pelo cansaço do esforço físico que executaramos pela manhã e naquele momento, à tardinha, depois do almoço, pelos corredores que levavam aos balneários masculinos.

  Quase por impulso e esquecendo qualquer necessidade cavalheiresca, abri a porta dos balneários, firmamente, permitindo-lhe a passagem, à minha frente. Com um sorriso na cara, assisti a cor das bochechas de Niall a ficarem avermelhadas pelo meu gesto, e senti que ele se reduzia à sua vulnerabilidade, aceitando e até mesmo apreciando aquele meu gesto.

  Retirámos as nossas roupas dos respetivos cacifos, e eu dirigi-me, deixando Niall para trás, para os chuveiros, que se encontravam vazios.

  Num só movimento, concentrando-me apenas na necessidade de sentir a água quente literalmente por todo o meu corpo, naquele momento frio pela água com cloro da piscina, puxei os calções de banho pernas a baixo. Eles caíram com um sonoro «plop» e peguei neles, pousando-os ao canto da enorme cabine.

  Imediatamente liguei o chuveiro na água quente, mixando-a com a fria. Fechei os olhos, sentindo as gotas a caírem para a minha cara, seguindo daí para baixo.

 - Isto sabe bem - Ouvi, uma voz rouca ao meu lado, e o meu coração diparou quando abri os olhos e dei conta da pouquíssima distância entre o meu corpo e o de Niall, que não sei como, se encontrava ao meu lado, sem aviso nem vergonha.

 « O corpo nu de Niall » tudo parou.

  Discretamente, ansioso e com medo de ser apanhado, baixei os olhos para a sua cintura, onde realmente esta começava, e verifiquei, relutantemente, que ele estava, de facto, nu como eu.

  Pela respiração pesada, pelo meu corpo tenso e pelo o problema que eu tentava rigorosamente combater lá me baixo, percebi, finalmente, que havia de facto, algo de mesmo muito errado comigo.

  E o pior, pensei, é que não conseguia fugir dele.

  Eu estava extrema, irreversível e erradamente atraído pelo meu melhor amigo.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora