Capítulo 17

405 30 0
                                    

  Louis levantara o braço, e eu estava sem saber o que fazer ou o que pensar. Ele era parecido com o meu irmão e tinha as mesmas feições. Tinha o mesmo nome e e o mesmo apelido. Ele estava vivo, ali, a duas bancadas de mim, a respirar, a pensar, a simplesmente existir. Não! Ele estivera morto nos meus braços, ele não respirara. Fora baleado à minha frente por terríveis e pequenos assassinos. Eu tinha de falar com ele sem parecer uma louca desesperada.

 - Martha. Martha Tomlinson Lenyon. - O professor pronunciou os últimos dois nomes como se estivesse secretamente a saboreá-los, enquanto olhava alternadamente entre mim e Louis. Muitos olhares penetravam quase na minha roupa, fazendo-me sentir desconfortável, sentindo pontadas em todo o corpo. Terá Louis também sentido? Liam e Harry estavam literalmente imóveis, fazendo-me estranhá-los ainda mais.

  Ainda tentei procurar Zayn e Niall entre as inúmeras filas, mas sem resultado, devido a tantos professores falarem com a sua turma de alunos.

  Terminada a chamada dos quase trinta alunos da minha turma, o professor apresentou-se.

 - Serei o vosso Diretor de Turma e dar-vos-ei aulas de Natação e Piano, assim como de Literatura  e História. Chamo-me Kellin, e gostava que me tratassem quase como um amigo, que me chamassem pelo meu nome e abusando da segunda pessoa do singular, Mas terá de haver respeito, porque apesar desta liberdade que vos estou a dar, têm de se lembrar que eu sou vosso professor e vocês são os meus alunos. Nunca se esqueçam disso. - Ele discursou, num tom suficientemente audível audível e num sotaque forte (do norte) suficientemente compreensível para chegar tudo claro à minha altura e lugar, com um Liam e um Harry com a cabeça não sei aonde.

  Kellin foi falando, explicando as regras de funcionamento que ouvíamos todos os anos, e nomeou muitos lugares situando-os na enorme Universidade Primária.

  Fui ouvindo tudo atentamente, não bem atentamente, porque os meus olhos escapavam para o rapaz lá à frente, criando conversas possíveis na minha cabeça, com a ânsia das minhas perguntas serem esclarecidas. As hipóteses de ele ser o meu irmão eram nulas, inteiramente. Eu tinha mais que a certeza que o meu irmão infelizmente estivera morto nos meus braços. Não cabia na minha cabeça a possível verdade de ele estar morto e a duas filas de mim.

  Quando todos se começaram a levantar, dei conta de que perdera as imensas últimas palavras do longo e aborrecido discurso do professor.

  Pensei em me dirigir ao Liam para lhe perguntar se ele conhecia o rapaz, mas ele estranhamente desapareceu, assim como o Harry. Movendo a minha cabeça à procura do outro rapaz, encontrei-o na porta, a olhar para mim com uma expressão surpreendida que não percebi. Caminhei até ele sem desviar o meu olhar fixo nos seus olhos azuis.

  Um forte encontrão fez-me perder o transe em que eu me encontrava, nos olhos de que eu conhecia mas não acreditava.

  Com a cara vermelha de vergonha, a pessoa balbuciou as suas desculpas. No entanto, a sua confusão deu lugar à indignação e ao arrependimento ao perceber quem eu era.

  Em vez de eu aceitar os pedidos de desculpa com o mesmo espírito com que Harry mos oferecera, virei-lhe as costas, irritando-o ainda mais.

  Voltei a olhar para Louis, já a ir embora depois de provavelmente ter visto o sucedido, saindo pela porta. Eu, fixa na porta, abri passagem entre os meus desconhecidos colegas, fortemente agarrada ao meu objetivo. Eu tinha que encontrá-lo e falar-lhe. Eu conhecia-o. Podia ser mesmo o meu irmão. E finalmente percebi a origem das minhas dúvidas. "Como é que ele sobreviveu? Ressuscitou? " mais uma vez questionei-me, antes de passar a porta, vendo-o ao fundo do corredor esquerdo.

  Com as suas mãos nos bolsos, pernas ligeiramente afastadas, um sorriso maroto nos seus lábios, ele fitava-me.

  Fechei a porta atrás de mim, mesmo sabendo que alguém a iria abrir segundos depois.

 - Martha. - Ele pronunciou, numa voz grave mas tenuamente parecida com a do meu Louis. - Tenho muito para te explicar. - Ele voltou a omitir enquanto o meu coração acelerava a cada palavra dele, o resto do mundo já nem existindo para mim. - Até mais do que tu queres saber.

 - Tu és o Louis? O meu Louis? - Perguntei, não me importando se parecia uma criança assustada a suplicar para ter de volta o irmão que perdera.

 - Sim... eu estou vivo. - A sua voz a tremer, o choro já a afirmar a sua escondida presença.

  Apressei-me a correr até ele, que me rodeou com os seus fortes braços, familiarizando-nos com o cheiro um do outro. Sim, era ele. E havia muito a ser explicado.

I Found You (An Harry's Fanfic) em PortuguêsOnde histórias criam vida. Descubra agora