~Capítulo 34~

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Encaro meu celular na minha frente com a foto do Richard brilhando na tela até apagar e então brilhar de novo.

Uma parte de mim quer atender, já a outra se recusa a movimentar meu braço para pegá-lo. O que ele poderia dizer? Repetir que mudou de ideia porque se apaixonou?

Então porque não cancelou a petição?
Os atos são sempre diferentes das palavras.

Toco o colar e o aperto com força segurando as lágrimas que insistem em cair.

"Como símbolo do nosso amor"

Por mais que eu queira acreditar que me ama, isso não muda o fato dele ter me usado para poder ir embora. E o que mais dói, é que eu contei para ele sobre minhas incertezas, minhas dúvidas e receios mas ainda assim continuou, sem se importa que no fim a única machucada e desiludida seria eu.

Não quero pensar que usou das minhas debilidades para me conquistar. Todos os discursos ridículos sobre minha felicidade, as provocações, a preocupação e o carinho com que me tratava...gosto de pensar que conheço Richard o suficiente para saber que estava sendo verdadeiro. Ele me fez sentir segura como nunca antes.

É o sonho dele! Entre mim e isso o que eu esperava que ele escolhesse? Uma profissão que sonha profundamente em realizá-la desde pequeno ou a mim, que vem agarrada a um compromisso que ele renega a todo custo assumir porque fazê-lo significaria ser infeliz pelo resto da vida...A resposta é óbvia, eu bem sei como é ter um sonho e não poder realizá-lo por causa do egoísmo dos outros.

Não tive coragem de ir para faculdade e encontra-lo. Sei, que uma hora terei que acabar com tudo de uma vez por todas. Mas estávamos vivendo um momento tão perfeito que me peguei querendo tê-lo mais um pouco para mim antes de pensar em como vou levar minha vida de agora em diante.

Talvez eu possa viajar, me afastar um pouco de tudo e ver no que dá, visitar as praias do Havaí com uma grande turma da faculdade, com os craques em dar uma festa totalmente inclusos. Sorrio com a ideia mas logo ela some, não é hora de ser imatura.

Abraço minhas pernas enfiando o rosto ente elas.

Como vou explicar isso para vovó? Como vou dizer que fui abandonada? Ela vai me culpar para sempre por não ter conseguido segurá-lo e perdido nossa fonte segura de permanecer no topo. Estou perdida e pensar nisso não ajuda porque vejo que também o estava usando, não me orgulho nada disso, mas a diferença entre nós, é que ele sempre soube o motivo pelo qual estávamos nos unindo. Fomos impostos a isso, não tivemos escolha...

E por isso eu talvez o entenda, no desespero, somos capaz de qualquer coisa.

Batem na porta e por um momento meu coração chega a doer de tão forte que bate achando que poderia ser Richard...mas é só o Henry.

E a forma como ele me olhar entregando que já sabe o que aconteceu faz com que eu sinta vontade de chorar.

-Posso entrar?

Assinto.

- Como você está? – senta ao meu lado - Digo...você está mesmo da forma que tá parecendo ou...?

Acabo sorrindo de leve - Como eu estou parecendo?

-Sinceridade?

-Só assim eu vou poder dizer se você tá certo ou não.

- Mal.

Rio - Mal é uma definição gentil, miserável seria a certa, enganada e idiota também, se bem que trouxa e abestada parece ainda melhor, não, não, acabada é o que me define agora.

Romance InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora