~Capítulo 37~

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Eu poderia passar o dia no meu quarto me lamentando por a vida sempre me derrubar, mas sabe de uma coisa? Não vai adiantar nada! Tudo vai continuar a mesma porcaria e eu aprendi que se eu quero que algo aconteça não devo apenas seguir o rumo esperando o destino agir em algum momento. Eu mesma tenho que fazer acontecer!

Então acordei decidida a fazer algumas mudanças. O primeiro passo é libertar as memórias da única pessoa que se importava verdadeiramente com essa família. Que bom que nunca me desfiz da chave.

Entro na sala abafada por estar tanto tempo fechada sem receber um filtro de luz, vou até as janelas do lugar e as deixo totalmente abertas. Tinha esquecido que daqui se tinha uma boa vista para o jardim. Encaro o lugar com todos os móveis sob lençóis brancos e saio puxando-os voltando a dar vida ao lugar. Libertando a cada puxão uma lembrança com meu avô que a muito estavam esquecidas em minha mente. Nem me importo se a poeira voando pelo lugar vá sujar minha roupa, que suje, estrague, desde que sempre possa olhar ao redor e ver a imagem dele trabalhando na mesa, tirando um cochilo no sofá, arrumando os livros nas instantes, escorado na janela admirando nosso jardim sob o por do sol e por fim, em seu piano.

Olhando ao redor eu abro um largo sorriso satisfeito com o resultado. Devia ter feito isso a muito tempo!

-Margaret!! - assusto a pobre mulher que passava no corredor.

-Sim Srta. - responde tentando se recuperar.

- Chame Júlia e venha me ajudar, vamos ter muito trabalho para limpar a sala do vovô!

O espanto dela pela ordem é evidentemente.

-Srta. Sua avó...

-Minha avó, Margaret - pego suas mãos a rodando pelo corredor - Já nos privou tempo demais de ter lembranças do meu avô! Ou você vai me dizer que não sente saudades de concluir seus afazeres ouvindo-o tocar suas melodias maravilhosas?

Os olhos dela marejaram com as lembranças e eu sorrio, é isso que eu quero, que todos lembrem dele como o homem maravilhoso que era e sorria.

-Não vamos mais poder ouvi-lo é claro - ela sorri - Mas quando sentirmos saudades, teremos um cantinho para ir atrás dele.

Ela assente fortemente - Pode contar comigo Srta.

A abraço e deixo que vá chamar Júlia. Não conheço bem a história de Margaret, mas parece que vovô foi de grande ajuda e suporte a ela.

Volto para sala animada adiantando as coisas e Margaret não se demorou em chegar não só com todos os utensílios que precisaríamos mas me surpreendendo com os outros que também trabalhavam na casa.
Deixei o trabalho pesado para os profissionais e me concentrei em tirar a poeira dos livros, de início achei que era só passar o espanador por eles que estaria pronto mas descobri que devo tirar livro por livro, espanar todos e antes de devolve-los limpar a estante também. Confesso que fiquei surpresa porque eram quatro instantes grandes e um metro maiores que eu, Júlia disse que faria mas eu neguei, queria fazer, precisava fazer, então Jean se ofereceu para me ajudar e foi incrivelmente útil. Tirava os livros e limpava a estante enquanto eu os espanava. Os empregados antes calados em nossa presença se mostraram bem falantes e animados. Pela primeira vez em semanas eu estava rindo de novo. Quem diria que fazer faxina seria tão divertido. E por um momento eu esqueci de quão vazia e silenciosa a casa era no último mês.

- O que está acontecendo aqui? - não só meu sorriso mas os de todos morreram ao ver vovô na porta.

Eles pararam imediatamente se colocando eretos e tensos. Os olhos de vovó percorreram por todo o lugar até chegar em mim.

Romance InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora