Coloco meus pés dentro da água e ali eu me deixo esquecer um pouco da vida. Não exatamente minha vida, somente o que me deixa triste.
Mas eu ainda não sei o que me deixa triste ou feliz. Não sei se é a Alice antiga ou a nova. A antiga, era eu há uns dois dias, mimada, nojenta, e assim por diante.
A nova, é apenas uma garota normal que está tentando sobreviver na fazenda de seus avós. Mais do que isso, eu estou tentando, agora, mudar o meu jeito de viver.
Não que isso será muito fácil, pois eu já estou acostumada com a Alice antiga, quero continuar sendo ela? Não sei. Estou muito confusa.
Se eu escolher continuar sendo a mimada, serei o centro das atenções de quem gosta de mim ou não. E se for uma menina da roça, não terei atenções, não terei bajulações, e é isso que eu quero? Claro que não.
Mas eu quero ser uma cowgirl? Também não sei.
Por isso eu vim aqui para o rio, preciso pensar e colocar a minha cabeça no lugar. Seja lá qual Alice irei escolher, mas eu tenho que escolher alguma.
Estou, nesse momento, sentada no barranco e com os pés dentro d'água. É manhã e eu nem sequer tomei o café, aliás, levantei primeiro que todo mundo.
- Hei, cedo assim?- Escutei a voz grossa atrás de mim.
- Essa não é uma boa hora para as suas gracinhas, John.- Alertei sem olhar para trás.
- E quem está com gracinhas?- Escuto os farfalhar das folhas.
- Eu que não sou.- Reviro os olhos.- Tudo bem, pode ficar aí que eu já vou.- Digo já me levantando.
- Hei, calma.- Segura meu pulso.- O que está te afligindo?
- Não interessa, John.- Tento puxar meu braço, mas ele é mais forte.
- Sabe, até que sinto saudade do "idiota".- Acertou meus olhos e eu engoli seco.- Por incrível que pareça.- Sorriu de canto.
- Eu preciso ir.- Tentei sair, mas ele segurou meu braço mais forte.
- Quero te mostrar uma coisa.- Desceu sua mão do meu pulso para a segurar a minha.- Venha comigo.
Não contestei, apenas me deixei segui-lo. Sua mão ainda segurava a minha e me levava para um certo ponto onde só ele sabe.
Andamos por longos minutos, juro que não sabia que a fazenda era tão grande assim. O que minha vó fez? Uma bela fazenda, como eu pude desperdiçar um lugar lindo desse?
- Pra onde está me levando?- Perguntei, incapacitada de esconder a curiosidade.
- Estamos chegando.- Foi a única coisa que respondeu.
Continuei seguindo-o, era a única coisa útil que eu podia fazer no momento. Se bem que não é uma boa coisa se deixar levar por um cowboy desse.
Aí meu Deus, ele está me levando para o meio dos matos, eu sou alguma louca, por acaso? Devo ser. Por que eu ainda não corri? Por que eu ainda estou o seguindo?
Calma, Alice, inspira, expira, respira e não pira. Esse foi o meu lema no decorrer do percurso.
Mas eu acabei esquecendo esse meu lema quando paramos no lugar mais lindo que já vi. Não sei se aquele é o paraíso, mas deveria ser uma das dez maravilhas do mundo.
- Isso é... incrível.- Sorri e John seguiu meu ato.
- Eu sei, venho aqui todas as manhãs e quando preciso pensar, e você parecesse querer pensar também.- Sugeriu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Cowboy
RomansaAlice é uma garota muito mimada e é arrastada por seus pais para passar dois meses na fazenda dos seus avós sem nenhum tipo de tecnologia, tendo que se adaptar aos costumes de lá. Ela cria ódio pelo zelador e para ele não é diferente, já que ele ode...