18. Caribe

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Eu estava em um avião cheio de humanos, que estavam com o sangue borbulhando em suas veias.
Eu sentia o cheiro e o bater de cada coração e apesar de estar bem alimentada estava sentindo sede. Afinal, não é fácil para uma recém formada ficar em meio a tantas pessoas e se controlar, pois seus instintos assassinos são ainda mais terríveis nesse primeiro ano.

- Olhe para mim - disse Dan puxando meu rosto para o encarar - estou aqui, pare de ficar tensa, se sentir fome me fala que permitirei que sugue o meu sangue.

- Jamais, eu não consigo parar quando começo - disse olhando-o assustada.

- Comigo você pararia - falou sorrindo.

- Não tenho tanta certeza, você não deveria confiar assim em mim - falei.

- Mas eu confio e você também deveria - falou me olhando - mudando de assunto, você sabe que foi aquele cara né, que matou a mulher de minha aldeia.

- Não, por que acha isso? - falei.

- Ele era um vampiro - olhou me encarando - e foi um vampiro que a matou, como só existiam você e ele, provavelmente foi ele que cometeu o assassinato.

- É talvez seja - me arrepiei lembrando do beijo, será que Dan teria nos visto? acho que não!

- Esta ansiosa? Dizem que lá é um lugar incrível, eu não me membro muito bem, há muitos anos não vou lá - falou mostrando entusiasmo.

- Estou, quero aproveitar muito, apesar de minhas restrições. - falei.

- Fique calma, minha casa fica do outro lado da ilha, aonde só possui floresta, é muito linda, minha mãe tem várias fotos dela. Você não encontrará humanos por quilômetros. - disse me passando tranquilidade.

- O melhor de tudo é que só existirá eu e você, sem ninguém para me culpar. - falei sorrindo.

- O mais impressionante que só será "nós" - repetiu dando ênfase.
Em pouco tempo o avião começou a pousar, indicando que enfim estava chegando a hora de nossas férias.
Começamos a descer de mãos dadas como um legítimo casal.

- Enfim, Caribe. - disse ele apontando para a frente e olhando para mim.

Fiquei completamente apaixonada, que visão, era um paraíso.

- Esse lugar é incrível - disse demonstrando meu entusiasmo.

- Agora iremos pegar uma lancha para dar a volta na ilha, afinal nossa casa fica do outro lado - falou beijando minha testa.

- Nossa? - era a primeira vez desde a viagem que ele havia se referido a casa como 'nossa".

- Ainda não nos casamos, porém espero que isso possa ser resolvido em breve, mas já nos considero um casal. - falou piscando para mim.

- Você é um fofo - falei.

- Eu sou muitas coisas - falou dando um sorriso malicioso - ainda há muitos mistérios que você terá que descobrir.

- Como assim? - perguntei.

Ele me abraçou, colocando sua boca encostada em minha orelha.

- Você terá que descobrir - falou tão baixo que mal dava de escutar.

Essa aproximação me fez arrepiar.

- Agora vamos - falou me puxando pelo braço.

Chegamos no caís e um homem um pouco velho com descendência japonesa estava nos esperando.

- Boa tarde Doutor Daniel, como foi a viagem? - disse.

- Esqueça essa formalidade, estava com saudades - disse Daniel, abraçando o homem - a viagem foi excepcional, como sempre e você como esta? A proposito Ricard essa é Angel, minha futura esposa, quero dizer, noiva.

- É um prazer conhece-la senhorita Angel - falou me reverenciando.

- Que isso Ricard, me chame só de Angel - disse pegando em sua mão para cumprimenta-lo.

Entramos no barco e demoramos cerca de uma ou duas horas para chegar, mesmo a lancha sendo muito potente a ilha era imensa.
Parados enfrente a uma casa perfeitamente linda, eu me deslumbravam.

- É aqui? Tem certeza? - disse olhando para Dan.

- Bem vinda ao lar, meu amor - disse me abraçando de lado e segurando firme em minha cintura. - Ricard, fale para Cameron que não iremos almoçar, então não precisa se preocupar. Vocês podem ir para casa e voltar só 22 horas.

- Ok, Daniel, com licença? - disse Ricard.

- Pode sair - falou ele o acompanhando até a porta.
Cinco minutos se passaram.

- Enfim, sós. - falou com olhar perverso.

- Devo correr? - disse.

- Eu te alcançarei vampirinha - falou rindo - mas o que faremos primeiro? Uma caçada?

- Sim, estou faminta. - falei o encarando e passando a mão na barriga.

- E o que estamos esperando, vamos se divertir - falou sorrindo.

Apesar dele não consumir sangue e se alimentar de animais, ele adora me ajudar a caçar. Para ele é uma grande diversão competir comigo.
Saímos correndo em direção a floresta que se encontra atrás de nossa casa. Daniel se transformou rapidamente em lobo e disparou em minha frente, apesar dele ser rápido e ágil, ninguém era capaz de me ultrapassar por muito tempo.
Abri minha visão e audição que já estavam bem desenvolvidas, visualizei a uma distância considerável um cervo adulto. Certamente eu o alcançaria antes mesmo de Dan perceber sua existência.
Corri ainda mais rápido, mas para minha surpresa me deparei com o cervo morto e Dan já em sua forma humana aplaudindo seu feito.

- Perdeu, você perdeu - ele dava alguns pulos de alegria.

- Sai - o empurrei extressada e me atirei ao chão para sugar o corpo que ainda estava quente.
Ao terminar olhei para Dan que me admirava com um sorriso torto.

- Como você consegue? - perguntou-me.

- Consigo o quê? - disse cruzando os braços e fazendo bico.

- Ficar linda mesmo nos piores momentos - falou me fazendo corar - se você não tivesse acabado de se alimentar eu te beijaria, mas tenho nojo de sangue.

Fui tentar pega-lo, mas ele se transformou em lobo e saiu correndo em direção a casa. Não exitei e corri atrás.
Entrei em casa e ele já estava sentado no sofá.
O encarei.

- Vou banhar - falei subindo as escadas.

- Vou com você - falou levantando.

- Não vai não - disse voltando-me para ele.

- Por que? - perguntou.

- Não quero que me veja nua, tenho vergonha - falei abaixando a cabeça.

- Esta bem meu amor - falou voltando a se sentar no sofá.

Subi as escadas e fui para a sacada, era uma vista incrível. Águas de um azul cristalino deslumbrante, areias bem branquinhas e o sol perfeitamente redondo iluminando o fim de tarde.
Me trazer aqui foi a melhor escolha que Daniel poderia tomar, estar com ele era maravilhoso e era o que eu queria independente do lugar, mas só que ali minha realidade era transformada em sonho por ser tão perfeito, eu até esquecia que era uma vampira sedenta por sangue.
Eu queria morar aqui, não por dez anos, mas pela eternidade.

Vampira: O começo #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora