Infectado

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Eu vos avisei que isso iria acontecer, mas vocês não me deram atenção. Vocês pensaram que eu estava louco, e não acreditaram em minhas palavras. Agora só lhes restam arcar com as terríveis consequências.

Maldito fora aquele dia, em que fui amaldiçoado. Meu sangue está contaminado, agora só penso em matar e matar. É inevitável, tampouco há cura. Espero que me perdoem, eu não escolhi ser isso.

Naquela noite tive uma péssima idéia, eu resolvi fazer uma caminhada no parque central da cidade. Eu digo péssima pelo fato que me aconteceu, mas eu até gostava de caminhar por aquele lugar. Era muito calmo, era excelente caminhar por ali para aliviar o estresse de um longo dia de trabalho. Como sabem, nada de anormal acontecia naquele parque. E durante a semana era praticamente deserto. As vezes se via apenas alguns jovens fumando certos cigarros suspeitos e contando histórias, e também havia alguns solitários caminhando assim como eu, ou seja, nada de estranho. Desde sua inauguração, nunca se ouvira relato algum de nenhum crime por alí, assim como toda nossa cidadedizinha era. Mas infelizmente naquela noite tudo mudaria, algo muito bizarro acontecera comigo.

Eu estava caminhando sem pressa alguma, até que me bateu uma ideia de dar algumas voltas no parque, porém correndo. Meus passos se tornaram trotes, e então comecei a corrida que me levara a perdição. O parque não era tão grande, com uns 10 minutos dava para fazer uma volta completa. Porém havia uma parte que não era muito bem iluminada e ficava um pouco mais afastada de onde o pessoal tinha o costume de ficar. Esse local tinha muito mais árvores que as outras partes do parque, e suas sombras deixava aquele trecho muito assustador. Depois de cinco minutos de corrida, eu cheguei a essa maldita área. Confesso que me batera calafrios que nunca havia sentido antes em minha vida. Era uma sensação muito estranha, parecia que algo estava me observando das profundezas daquela escuridão. Mas algo me paralisava, estava me impedindo de dar meia volta e deixar aquele local. Era um cenário bastante assustador. Depois de algum de algum tempo, finalmente meus pés começaram a me obedecer, então me virei para sair dali. Porém depois de alguns metros, algo surgiu diante de mim.

Estava escuro e não dava para ver muita coisa, mas senti que aquele vulto era algo de outro mundo. Era algo do inferno que estava diante de mim. Tive a infeliz ideia de ligar a lanterna de meu celular, e para minha infelicidade, aquilo não era nenhum ser humano. Sua pele brilhou diante da luz de meu celular. Era branca como neve. E seus olhos, isso eu nunca esquecerei, eles eram vermelhos como brasa. Senti que seria meu fim. A criatura me olhava fixamente como se eu fosse seu jantar daquela maldita noite. Tudo indicava que eu seria destroçado por aquela criatura.

Eu voltei a ficar paralisado, minhas pernas tremiam, eu estava suando frio. Pensei em rezar, pensei em pedir a proteção de algum santo ou anjo, mas nada adiantaria, nada me salvaria, eu estava diante de um monstro que iria me devorar. Então, em um movimento muito rápido, ele partira pra cima de mim. Nesse momento eu percebi que a criatura tinha uma boca horrenda. Seus dentes eram pontiagudos como uma katana bem afiada.

Aquele ser cravara seus dentes avantajados em meu pescoço. Eu não tive reação. Senti uma dor como nunca havia sentido antes. Era uma dor latejante, chata, que por minha sorte não durou muito tempo. E Para aumentar mais ainda o meu espanto, aquela criatura dissera algo aterrorizante para mim após se deliciar do sangue do meu pescoço. Aquela coisa dissera que agora eu era um deles. Disse também que  me poupara da morte porque eu havia sido escolhido. Antes que eu perguntasse algo para aquele monstro, ele simplesmente desaparecera em meio a escuridão, do mesmo jeito que havia surgido.

Voltei para a casa bastante confuso, eu  não estava sentido nenhuma dor, mas estava me questionando se aquilo tudo era fora real ou não. Eu havia bebido uns drinks antes de caminhar no parque, mas não fora tanto para me causar alucinações, eu estava consciente. Então resolvi ir dormir na esperança que no dia seguinte tudo estaria normal como sempre, que aquilo tudo fosse minha imaginação. Aquela noite fora longa e cheia de pesadelos. Na manhã seguinte, comecei a sentir que meu corpo já não era mais o mesmo. Estava estranho, parecia que algo estava mudando dentro de mim. Abri a janela para tomar um ar, e notei algo assustador: os raios de sol estavam queimando minha pele e meus olhos. Realmente, algo de errado estava acontecendo comigo.

Naquele dia eu não fui trabalhar, assim que pus o pé para fora a luz solar me queimou me causando algumas lesões. Então eu inventei que estava doente e liguei para empresa dizendo que faltaria, e assim se seguiu aquele dia estranho. No final da tarde reparei que algo estava me incomodando, alguma coisa estava ferindo minha gengiva. Fui para frente do espelho e para minha desgraça, vi que meus dentes estavam tão pontiaguados como o da maldita criatura que me atacara na noite anterior. Aos poucos a ficha foi caindo, aquilo tudo que acontecera no parque havia sido real.

Eu estava desesperado, perguntava aos céus porque diabos tinha que ser eu. Me questionava qual era o porque de aquilo ter acontido comigo, eu, um sujeito tão bom me tornar um monstro. Aquilo não podia acontecer comigo. Minha vida estava prestes a acabar, e pelo visto, as palavras da criatura estariam prestes a fazer sentido, eu estava desenvolvendo uma curiosidade enorme em devorar sangue e carne humana.

Os dias foram passando, e para tentar proteger vocês, eu tive que me isolar da sociedade. Liguei para a empresa e pedi demissão, e nem compareci para resolver as burocracias, afinal minha pele estava frágil, já não aguentava mais nem alguns segundos exposto a luz solar. Minha rotina era dormir durante o dia, e a noite sair para caçar alguns animais.

Infelizmente, meu apetite por carne humana ainda continuava, porém eu me segurava ao máximo. Eu me concentrava em caçar apenas alguns animais nas fazendas e nas matas próximas. Era difícil suportar, eu não queria ferir ninguém, muito menos ser um monstro canibal. Mas esses desejos estavam crescendo dia após dia, aqueles animaizinhos que outrora me serviam de prato principal, já não estavam me satisfazendo, estavam virando meros petiscos sem gosto. Eu não iria aguentar por mais tempo.

Quando estava prestes a perder o controle, fui lhes avisando da possível chacina que eu poderia cometer, mas vocês disseram que eu estava louco, disseram que eu estava drogado e que que precisava me internar. Infelizmente ninguém de vocês me levou a sério. Sinto lhes informar, mas agora é tarde demais, não consigo mais me controlar, meu apetite está incontrolável, e vocês não terão para onde fugir. Vou devorar um por um.



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