Dança dos mascarados

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Lembro-me de apenas ter acordado em uma floresta muito escura. Era noite e fazia bastante frio, e para piorar, ainda caia um leve chuvisco. Confesso que eu estava sem entender o porquê de estar ali em meio aquele lugar mórbido e sombrio. Minha memória estava muito fraca, eu não lembrava de quase nada. Então comecei a andar por aquela terrível floresta em busca de uma saída, não poderia ficar ali. Eu já estava com bastante medo. Então caminhei por algum tempo, e so via as as mesmas árvores de sempre, mas caminhando mais um pouco; encontrei uma área onde vi algo muito assustador.

Nesse local as árvores já não predominavam tanto como outrora, o local já era mais aberto, e havia uma descida onde levava a um campo cheio de arbustos. Havia uma forte luz vinda entre meio a vegetação. Então resolvi descer, estava muito curioso, queria saber de onde vinha aquilo, então eu fui de encontro a luz misteriosa. Na minha cabeça se passava a possibilidade de talvez encontrar alguma pessoa ou até mesmo algum bar ou posto por alí para me darem informações de onde eu estava. Eu não poderia ficar perdido naquele lugar estranho.

Fui caminhando em direção a luz e fui percebendo algo que talvez poderia ser a minha salvação. Percebi que na medida que eu ia me aproximando do local, dava para se ouvir músicas e muitas risadas. Confesso que fiquei feliz, seria uma grande oportunidade de me aproximar e perguntar o caminho de minha casa. Aproximei-me mais um pouco e vi que os arbustos que cercavam o local eram maiores, então resolvi observar primeiro antes de dar uma aproximação impulsiva. Eu estava em um local estranho, e não poderia me arriscar.

Observei mais um pouco e vi que aquela algazarra toda se tratava de uma grande festa. Havia um enorme banquete, nunca havia visto um daquele tamanho, era imenso. Havia frutas, massas e vários tipos de carnes naquele mesa. Também havia incontáveis barris de vinho e cerveja. Era uma ceia gigantesca. Então eu resolvi observar aquele povo. Eles em sua maioria trajavam roupas bem coloridas. Usavam máscaras bem estranhas, eram todas brancas e só havia um furo para um olho, o que deixava impossível ver suas verdadeiras faces. Eu não sei o que aquilo representava, talvez poderia ser algum banquete especial para um Deus pagão. Talvez poderiam ser uma celebração de alguma daquelas seitas malucas, mas só sei que estava bem divertido olhar aqueles estranhos.

Outra coisa que me deixou confuso fora as músicas e o jeito que dançavam as mesmas. Dançavam de um jeito diferente, alucinado, pareciam que haviam tomando uma grande quantidade de alucinógenos, porém estavam totalmente consciente s. Já as músicas eram da mesma estranheza. Eram melodias delicadas, mas que em questão de segundos ficavam agressivas. Eu que era um grande amante da música, conhecedor de milhares estilos musicais, confesso que não sabia qual era o nome daquele estilo musical. Tudo ali estava sendo confuso e novo para mim.

Era algo difícil de se imaginar uma festança daquelas em um lugar tão diferente e morbido. Mas algo me hipnotizava ali, algo prendia meus olhos naquela festa, eu estava fascinado, era algo muito diferente do que já tinha visto; meus olhos brilhavam. Então continuei a observar pelos arbustos, e então aconteceu algo que gelou minha espinha. Eu senti que alguém havia cutucado minhas costas. Olhei para trás e vi um um ser de mais ou menos dois metros de altura. Era um homem mascarado e bastante forte. Eu fiquei paralisado, na minha mente se passava mil coisas. Por aquele tamanho todo, logicamente pensei que me expulsaria, talvez eu estava atrapalhando aquele festejo secreto e se eu tomasse um soco dele, provavelmente eu seria partido em dois. Mas para meu espanto, não fora bem assim que aconteceu, o gigante me tratara de uma forma bem diferente e amistosa.

O homem mascarado, com uma voz bastante grave, disse para eu parar de espiar e me juntar a eles. Com um jeito bem educado, também disse para eu não ter vergonha, pois a partir daquele momento eu seria igual a eles. Confesso que não entendi a parte de ser igual a eles, mas antes que eu perguntasse o que aquilo significava, mais uma surpresa me aconteceu: uma garotinha também mascarada surgiu diante mim. Fiquei confuso, como uma criança estaria naquela festa regada a bebidas que só faltava ter orgias. Dei um oi para a garotinha e ela não respondeu, apenas me pegou pelo braço e saiu me puxando. Confesso que em um pequeno momento eu queria me soltar daquela extranha criança, mas não sei porque diabos meu corpo e minha fala já não estavam me obedecendo. Então fui levado para a festa dos mascarados.

Confesso que cheguei com bastante medo, aquilo tudo era estranho demais para mim. Aquela noite por si só estava me deixando maluco. Na minha mente se passava coisas sobre talvez eu ser uma espécie de sacrifício ou alguma oferenda gorda para seus Deuses ou entidades bizarras. Mas novamente eu estava errado. Eu fui recebido com bastante alegria por aquele povo. Foram bem receptivos. Quando cheguei no meio deles, fui recebido com abraços e beijos. E logo foram me oferecerando um drink. Tomei e depois de um tempo me deram uma máscara igual a deles. Eu não queria usar de jeito nenhum, aquela máscara me darra arrepios. Mas depois de um certo tempo eu a coloquei, fiquei meio constrangido em negar. Eles foram bons comigos, não seria problema eu usar uma simples máscara, por mais bizarra que era.

As horas estavam passando, e eu estava começando a me sentir bem junto daquele povo. Parecia que já éramos conhecidos de longa data, o povo era bastante gente fina. Parecia que eu era um deles. Então fui puxado para o centro da festa por uma mulher para dançar, e não neguei. Já estava a vontade. Minha cabeça já estava meio zonza por causa daqueles drinks, e meu medo e timidez já haviam desaparecido. Então resolvi que ia curtir com vontade mesmo aquela festa, iria curtir como se fosse a minha última.

Então me joguei na dança, meu corpo dançava e fazia movimentos como nunca havia visto antes, parecia que seguia o padrão de dança deles, nunca imaginei que ele faria aquelas coisas. Ele se movimenta automaticamente, era inexplicável. Confesso que dancei e bebi durante a festa inteira, mas algo ainda no fundo me preocupava.
Eu não sabia como fui aparecer ali, eu nunca havia visto aquela floresta antes, eu conhecia minha cidade de canto a canto, e ali não se parecia em nada com aquelas redondezas. Não sei se eu fora sequestrado ou se me droguei demais em minha última saideira, confesso que havia dúvida em minha cabeça.

A festança durou até quase o sol raiar. Apesar de minhas dúvidas e do meu medo inicial, eu até que havia gostado. Eu não desfrutava de uma festa assim há tempos. Mas algo muito estranho começou a acontecer quando os primeiros raios de sol começaram a surgir no horizonte. Os corpos deles estavam desaparecendo no ar! Meu medo que havia perdido durante a noite retornara no mesmo instante. Eu estava assustado sem saber o que acontecia, aquilo era surreal, nunca vira algo tão estranho assim. O meu desespero fora maior ainda quando me dei conta que meu corpo também começava a desaparecer ficando praticamente invisível. E Antes de desaparecer por completo, tive uma terrível lembrança que me fez cair a ficha: Tive um flashback da noite anterior, onde mostrava todos os detalhes dos momentos antecedentes de minha chegada naquela maldita floresta.

Lembrei-me que estava em um bar quando meu melhor amigo puxara o gatilho de uma arma para mim me acertando bem no meio do meu peito. Agora eu entendo o porque de eu ter dançado com aqueles espíritos, e pelo que aparenta, dançarei eternamente com eles, desde aquele momento em que coloquei aquela maldita máscara.

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