Contos De Terror

O Jardineiro

O relógio marcava sete e meia da manhã, e no ponto da pracinha de Florlândia estava Larissa, mais uma vez esperando o velho ônibus da Saritur, seria mais um dia cansativo de trabalho para a jovem garota. Ao fundo da pracinha, recolhendo folhas com um rastelo carcomido estava Miguel, um jardineiro misterioso que viera a pouco tempo para a cidade. Nem passavam por suas cabeças que o destino de ambos iriam estar ligados brevemente, mas porém de uma maneira bem macabra.

Larissa era uma bela jovem de vinte e poucos anos. Tinha uma bela pele morena, seus olhos eram negros como a noite e seu cabelo também era de um negro bem brilhante, lembrava uma índia de alguma tribo obscura da amazônia brasileira. Era uma das mais belas moças de toda Florlândia, sempre chamava a atenção por onde passava, e recebendo cantadas e elogios dos marmanjos de todas as idades (até idosos faziam seus "galanteios"). Porém essa beleza estava com os dias contados, algo ruim estava para acontecer para o pobre moça.

A jovem Larissa trabalhava em um jornal de médio porte na cidade vizinha chamada Santo Antônio. A jovem era umas das melhores jornalistas da região. Seus textos geralmente faziam bastante sucesso na internet, sempre causava alvoroço com suas polêmicas opiniões. Seu sucesso era tão grande que estava sendo cotada para ser colunista do Jornal Mundo, que por sinal era conhecido em todo Brasil. A vida estava sorrindo para a jovem Larissa, Enfim estava sendo bem sucedida, e ainda trabalhando na profissão de seus sonhos. Tudo estava indo muito, porém outra paixão lhe custaria sua vida: seu imenso amor por flores.

A jovem desde criança era obcecada por plantas e flores, paixão essa que fora herdada de sua já falecida mãe. Sua paixão era enorme, a cada semana comprava novas mudas. No interior de sua casa o que mais se via era vasos repletos de diferentes espécies de plantas e flores. Em seu quintal nem se fala, parecia uma selva florida. Mas algo na cidade incomodava a jovem, todos os dias quando ia para o ponto para pegar seu ônibus, ela se deparava com as flores murchas e desmazeladas do jardim da praça central. Aquilo lhe irritava, ela tão cuidadosa e a prefeitura não tendo cuidado nenhum com as pobres. Mas ela também percebera que havia gente nova cuidando do péssimo jardim, precisava urgente conversar com o rapaz, aquelas flores mereciam mais cuidado. E essa pessoa, era Miguel.

Miguel era um jovem misterioso que havia acabado de chegar na cidade, fazia poucos dias que estava trabalhando na praça. Pouco se sabia da história do rapaz. Havia chegado há poucos meses atras e estava morando na pensão de Dona Cecília, a pensão mais vagabunda e barata da cidade. Ele estava vivendo de bicos até que tomara posse de seu emprego de jardineiro. Não tinha nenhum parente na cidade, e ninguém sabia o motivo de sua vinda para a pequena Florlândia, apenas sabiam que o mesmo havia passado no concurso público para jardineiro realizado pela prefeitura. Desde que chegara na cidade não havia feito amigos, raramente era visto conversando com alguém, e quando era perguntado sobre algo, geralmente respondia da forma mais seca e grossa possível, o que fazia as pessoas se afastarem ainda mais de sua presença. Porém uma jovem, movida pela sua paixão por flores, ao menos no início não veria Miguel com olhares de medo, e sim de admiração, essa jovem era Larissa.

Depois de alguns dias apenas trocando olhares, enfim Larissa criara coragem e fora até Miguel para falar sobre as maltratadas flores. A jovem, diferentemente da maioria quase absoluta de Florlândia não o via como alguma ameaça. Faltava 15 minutos para ônibus, teria tempo suficiente para conversar e dar algumas boas dicas para o misterioso jardineiro, tais como deixar aquelas plantas bem bonitas e saudáveis e uso de certos produtos para as mesmas. Então ajeitou seu cabelo e fora em direção ao jovem que estava pronto para aparar a grama.

 - Olá - disse a jovem amistosamente. 

- Diga - respondeu Miguel aparentemente sem querer muito papo.