Piratas

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O ano era 1673, e Robert recebera um chamado de Capitão Johnson. Ele fora convocado para realizar mais uma viagem a trabalho. Robert odiava essas viagens, mas prometera ao Capitão, que essa seria sua última. Já estava farto de tudo aquilo.

A viagem seria a mais longa de todas que Capitão Johnson e sua tripulação fariam, e consequentemente, seria a mais lucrativa. De todos aqueles saques, de todos aqueles tesouros, nada se comparava com essa missão de agora. A missão seria ir para o oriente, bem distante das terras caribenhas onde habitavam e realizavam seus sujos trabalhos. Seria uma grande viagem, mas pelas coisas que Johnson descobrira ao interrogar um marinheiro de um navio europeu que saqueara dias antes: ali seria uma terra farta de riquezas. Valeria a pena.

Capitão Edward Johnson aparentava ter na faixa de uns 40 e poucos anos, usava uma longa barba negra, e sempre era um grande amante de rum. Seu Pai, William Johnson, fora um dos mais temíveis piratas daquela região, tendo realizado inúmeros feitos incríveis como saquear mais de 100 navios europeus em sua curta vida, que fora ceifada por uma grave doença. Capitão Johnson se inspirava demais em seu falecido pai, até a crueldade e a falsa justiça que fingiam que pregavam eram idênticas. Assim como seu pai, era um sujeito desprezível que apenas visava riquezas, não se importando com as vidas que precisaria tirar para consegui-las.

Por mais duro que seria, aquela viagem de algum modo animava Robert, pois mesmo odiando aqueles "trabalhos", se houvesse êxito, talvez poderia até pensar em se aposentar daquele maldito ramo. Se caso o marinheiro europeu estivesse certo, Robert poderia trazer bastantes riquezas do oriente e poderia viver tranquilamente o restante de sua vida ao lado de sua querida família. O sangue de vários daqueles nativos e marinheiros já não precisaria ser mais derramado, ao menos para Robert, que jurou abandonar aquilo de uma vez por todas.

A tripulação do velho Santa Rosa, navio que Edward Johnson herdara de seu pai, eram conhecidos por atacar navios estrangeiros e algumas vilas naquela região caribenha. Qualquer navio estranho que se aproximava da região era atacado, e toda sua tripulação era morta, não restando sequer um mísero marinheiro para contar história. Mas a crueldade não parava por aí, quando resolviam atacar alguma vila o tratamento se tornava bem pior, pois além de atacá-las, o maldito bando também estuprava mulheres e crianças, antes de matá-las covardemente. Em resumo, qualquer lugar que a tripulação de Johnson pisava, o caos e terror estaria armado.

Robert não concordava com a crueldade de seus companheiros, geralmente apenas roubava os pertences das pessoas, mas não tirava a vida de ninguém. Ele criticava constantemente os atos de covardia de seus companheiros, brigava muitas vezes por defender as pobres vítimas, mas sempre era repreendido, sendo inclusive, punido em algumas ocasiões, sendo que em uma dessas, levara chicotadas de Johnson até sangrar por desobediência. Abandonar aquela vida de crueldade e humilhação seria bem difícil, pois era o que tinha naquela pobre região, ou você saqueava para viver bem, ou viveria o resto de sua vida na miséria. Mas aquela viagem seria a última, todos teriam riquezas, e ninguém precisaria matar e roubar mais, assim imaginava o pobre Robert. A viagem aconteceria em 1 semana.

Robert era um homem de mais ou menos 30 anos de idade, era casado e pai de 3 filhos. Sua esposa Mary sabia de todas as coisas que aconteciam nas viagens do marido, também não concordava com o aquilo, às vezes chorava quando Robert falava sobre as brutalidades que seus companheiros praticavam. Mary confiava muito em seu esposo, conhecia seu caráter, e logicamente, sabia que seu marido não era capaz de cometer nenhuma atrocidade, sabia que estava ali apenas para dar-lhes uma boa vida. Assim como Robert, Mary também estava ansiosa com essa viagem, pelo fato de ser a última. Finalmente poderiam passar o resto de suas vidas sem preocupações, e logicamente, cuidando para que seus filhos crescessem sem saber do antigo passado de seu pai.

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