Era mais um fim de tarde no bar de Seu Tonho. Como de costume, bêbados contavam causos e piadas sem graça, jogavam sinuca e o velho e barulhento truco. O bar estava estava razoavelmente cheio, mas ainda lotaria.
- Uma sexta com o bar de seu Tonho vazio, não era uma sexta. - Dizia algum filósofo pé-de-cana.
Seu Tonho era um velho de 60 e poucos anos, era aposentado e cuidava a mais de 20 anos de seu bar. "O Bar do Tonho", como era conhecido, sempre fora um dos bares mais frequentados da cidade. Bêbados conhecidos da cidade e até quem ali frequentava pela primeira vez se sentia em casa. Todos admiraram o bom humor do velho. Seu bar não era luxuoso, longe disso, era tudo bem simples, mas o bom atendimento, o espírito amigável e companheiro, faziam do bar o melhor local de encontro para jogar conversa fora e tomar a boa gelada.
O relógio marcava 17:55, e seu Tonho ficava na ansiedade em rever seus dois melhores clientes. O velho era bem amigável, gostava de todos, mas aqueles homens que estavam por vir eram mais especiais que os demais frequentadores de seu bar. Os homens eram clientes assíduos de seu bar praticamente desde que fora fundado, e isso criara um poderoso laço de amizade, e toda sexta as 18:00, o encontro era certo em seu bar. Causos antigos sobre como a cidade era melhor e sem violência nos anos 90, assuntos sobre a crise econômica que estava assolando o país e as velhas gozações de futebol entre Cruzeiro e Atlético estariam em pauta como sempre para aquela noite.
Depois de alguns instantes, Seu Tonho voltara a olhar para seu relógio de pulso, e viu que já eram 18:01. E quase que no mesmo instante, adentraram no bar: Hélio e Gilson, seus clientes/amigos preferidos. Agora a noite seria perfeita, a rapaziada de uniforme cinza da Minas Aço Company havia chegado.
Sendo a única grande empresa da cidade, a Minas Aço Company havia chegado em Mata Verde cerca de uns 12 anos atrás. Tinha mais ou menos uns dois mil funcionários. Empregou a maioria dos moradores da cidade e também de municípios vizinhos. Mata Verde que antes vivia de agricultura e da exportação de papel da já extinta Ecopaper, agora crescia no ramo do Aço, isso tudo após uma grande descoberta de minério de ferro na região, e o Bar de Seu Tonho, consequentemente, era o endereço preferido daquela peãozada insaciável por álcool.
Os dois rapazes chegaram sorridentes ao velho bar, sentaram-se nos banquinhos próximos ao balcão. Queriam ter uma vista privilegiada da tv, pois mais tarde haveria uma partida antecipada do Brasileirão, e como bons amantes do esporte, não poderiam perder por nada.
- Olá rapazes, o que mandam? - cumprimentou Seu Tonho
- Eae, Seu Tonho. - Disseram os dois homens quase que em coro.
- Traga um litrão de Brahma daquele jeito pra gente. - Disse Hélio, o mais animado.
Seu Tonho fora ao congelador, e trouxe a cerveja mais gelada que encontrou e serviu aos dois amigos.
- Bem amigos, essa daqui está tão gelada que irá trincar vossos dentes. - Dizia Seu Tonho com a voz abafada por um cigarro Derby que estava preso no canto de sua boca.
- Boa Seu Tonho. Essa parece estar trincando mesmo. - Disse Gilson, admirado com a cerveja com o famoso véu de noiva
- Seu Tonho nunca nos decepciona. - Completou Hélio.
Encheram seus copos, e a conversa continuara:
- Bom rapazes, como fora a semana de trabalho de vocês?
- Uma merda. - respondeu o sempre insatisfeito, Gilson. Ele não gostava nenhum um pouco de sua profissão. Era bem mal humorado, porém aquelas noites de bebedeiras no seu Tonho o fazia se sentir um pouco melhor.

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Contos De Terror
TerrorColetânea que reunirá alguns pequenos contos de suspense e terror. Aqui você encontrará histórias sobre vampiros; lobisomens; demônios; fantasmas e etc. Você irá se sentir em uma pequena cidade do interior Brasileiro, daquelas bem carregadas de lend...