Traições e Revelações

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ROSE

Senti Draco enrijecer ao meu lado, em sincronia com meu próprio corpo paralisado. As úncias coisas que se moviam em mim, alucinadas, eram os olhos que encaravam o garoto encapuzado adiante.

- Henry!? - minha voz não era mais que um sussurro; sentia meus olhos arregalados. - como... como podê!? - acrescentei, em um misto de horror e incredulidade - por que?

- Você o conhece? - Draco girou o pescoço em minha direção na velocidade da luz, espantado, sem tirar um olho apavorado do filho acorrentado.

- É um lufano... amigo de Hugo e Lily! - fiz uma careta, ofegante - por que? Por que, Henry!?

Henry nos encarava, engolindo em seco. Sua face podia ser facilmente confundida com um papel molhado - branco e suado.

Traidor. Era a única palavra que me vinha a mente.

Eu precisava de um plano para salvar Scorpius...

- Querem uma xícara de chá e biscoitos? - o encapuzado ao lado de Henry disse com o tom entediado. Sobressaltei-me com a voz dele.- para continuar a sessão de explicações?

- Quem é você? - Draco se pronunciou, com a voz firme, mas sentia o medo exalando dele. - o que quer conosco? O que quer com meu filho?

Scorpius permanecia encolhido junto a parede, mas com um estranho brilho no olhar, como se estivesse se preparando caso algo acontecesse.

Mas eu sabia que ele ainda estava atado àquelas correntes.

E então, uma ideia surgiu...

- Ah...- suspirou. O homem caminhou até o outro lado do cômodo, deixando Henry sozinho no lado oposto. A varinha de ambos ainda em riste, embora a dele estivesse bem mais firme que a de Henry. - assim você me magoa, Draco. Que modos de receber um velho amigo...

E ele retirou a máscara, expondo seu rosto.

Olhos negros cruéis, cabelos castanhos curtos. Não era familiar.

Pelo menos, não para mim.

- Stuart?! - Malfoy exclamou; foi a minha vez de encarar Draco. - Sebastian Stuart?

- Fico lisonjeado por lembrar de mim. - Stuart se curvou para frente, em um sarcástico floreio.

- Quem...?

Mas antes que eu pudesse terminar a frase, Draco me cortou.

- Frequentava as reuniões dos Comensais...- me assustei ao ouvir a voz de Draco Malfoy daquele jeito. Parecia estar inundado pela culpa.

- E - Stuart ergueu o indicador teatralmente - é claro que você não lembraria...estudava no mesmo ano que você e o – acrescentou, com desprezo - triozinho de Ouro.. um corvino, a propósito.

Espera um pouco.

Stuart...

Agora tudo fazia sentido.

Ele era pai de Henry.

O peso de toda aquela situação pareceu cair sobre meus ombros como uma bigorna.

Tanto Draco como eu parecíamos sem fala, então ele prosseguiu.

- Eu sempre me perguntei o porquê da maioria dos comensais, incluindo eu... ter vinte e quatro anos em Azkaban - comentou, como se fosse algo sem importância, enquanto andava pelo cômodo; as mãos foram para trás das costas, entrelaçadas, apesar de ninguém ousar fazer movimento algum, com a varinha de Henry ainda erguida - e você e sua mãe prestarem serviços comunitários... enquanto o patriarca Lucius Malfoy passou dez míseros anos preso...- riu. Uma risada doente, cheia de amargura. - mas é claro... a poderosa família Malfoy. - sua expressão se fechou repentinamente. - o braço direito do Lorde das Trevas...eu perdi quinze anos... - olhou para Henry, ensandecido - QUINZE ANOS DA VIDA DO MEU FILHO! - berrou, sobressaltando todos, até mesmo o próprio Henry. - enquanto os Malfoys aproveitavam o seu melhor vinho, na sua melhor suíte. - bateu palmas de modo cínico. E o som de suas palmas era a única coisa que se ouvia.

Meu Pequeno Amor 2 - Segunda GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora