Resoluções

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ROSE


Eu não conseguia parar de soluçar.

- Rose.

Não ouvi o que Draco disse. Ou fingi não ter ouvido.

As duas opções eram completamente insensíveis da minha parte. Não era a única que estava sofrendo, afinal de contas.

- Rose... por favor.

Finalmente, deixei meu egoísmo de lado, e decidi partilhar aquela dor com Draco. Virei-me para ele, os olhos doloridos de tanto chorar.

Draco tomou a minha mão nas dele, num gesto que eu nunca teria esperado vir um Malfoy.

- Ele vai ficar bem. Eu garanto.

Malfoy parecia tentar convencer mais a si mesmo do que a mim.

Ainda tinha flashes horríveis do que havia acontecido.

O som ensurdecedor.

O corpo de Scorpius ricocheteando contra a parede.

Os berros.

Ainda não lembrava se haviam sido meus ou de Draco.

E os estampidos dos feitiços dos que invadiram a Casa dos Gritos.

Minhas mãos tremeram, enquanto eu virava o rosto para a porta da enfermaria à frente.

A poucos metros, ironizando nosso martirizante silêncio, havia um tumulto no início do corredor. Dois aurores imobilizavam Sebastian e Henry, aguardando que os medibruxos cuidassem dos ferimentos do nosso colega de escola. Já Sebastian... esse só esperava que o Ministro chegasse, para oficializar seu retorno á Azkaban.

Trazendo-me espanto onde - até então - reinara a mágoa, ele havia tentado nos salvar, desviando o tiro que o pai disparara contra nós. Logo após Scorpius cair no chão, Sebastian havia engatilhado a arma sem querer, disparando outra bala - contra o próprio filho.

Apesar de ainda sentir raiva, não podia odiar Henry pelo que havia feito. Vira o medo e a insegurança em suas atitudes e em sua expressão. O tempo todo.

Por alguma razão, eu tinha certeza de que nada do que fizera fora por vontade própria. Afinal, pudera. Se eu tivesse um pai como Sebastian... algo me dizia que Henry fora forçado a tudo aquilo.

Fosse por algo que o pai lhe botara na cabeça, fosse por ameaça...

Suspirei.

Não importava. Não podia julgá-lo, sem saber o que ele e a família haviam vivido nos últimos dezesseis anos.

Um bruxo das Trevas na família... um Comensal como pai... era uma situação complicada.

Henry nem parecia se importar com a perna que sangrava, lançando ao pai um olhar do mais profundo desprezo. Ele não parecia menos desesperado do que eu com o que havia acontecido com Scorpius.

- Escute, On – vi, ao longe, Sebastian tentar se desvencilhar dos aurores. Sua expressão mesclava fúria e aflição – eu sinto muito.

Henry fechou a cara.

- Não. Não sente muito, pai. Nunca deveria ter concordado com essa insanidade! Um castigo brando. Foi o que prometeu! E nada que envolvesse o garoto! Agora ele pode morrer por nossa culpa!

- Você sabe por que fiz isso – Stuart continuou, rosnando baixo – você sabe, On. Eles merecem sofrer. Eles roubaram dezesseis anos que eu poderia ter passado ao seu lado, filho!

Meu Pequeno Amor 2 - Segunda GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora