Despertar

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SCORPIUS

Estava tudo tão escurinho...

Mas um escurinho bom. Não como aquele do lugar esquisito, onde tinham pessoas más.

Esfreguei os olhinhos e bocejei. Senti algo macio atrás das costas, e percebi que devia estar deitado, dormindo. Tentei me virar para o lado, querendo me aconchegar no travesseiro fofinho que havia em minha cabeça.

Mas havia um fio preso no meu braço, que me impediu de sair do lugar.

Ah.

Devia ser remedinho...

Uma vez, eu havia ficado em um negócio parecido com aquele... lembro que mamãe não saía do meu lado, nenhum segundo sequer. Meu corpo estava todo dolorido, e eu sentia uma sede muito grande.

Conforme minha vista se acostumava com o escurinho, percebi que estava na enfermaria...

Na enfermaria do castelo!

Do colégio da Rose!

Foi quando olhei para o lado, e enxerguei uma moça ruiva, que dormia profundamente na cama ao lado.

Rose!

Ela tinha um curativo no braço, como se também tivesse recebido remedinho. Virei o corpo o máximo que o fiozinho permitiu, e fiquei olhando ela dormir.

Queria muito poder mexer no cabelo dela agora, mas não queria acordá-la.

Lembrei que papai também estava lá com Rose, na casa escura...

Pensei nele, e em como ele estaria. Mas percebi que, se Rosie estava bem, ele também deveria estar. Só que devia estar muito cansado também...

Senti uma pontadinha na minha barriga, e, tirando o lençol do meio, e levantando a barra da camisetinha, percebi um curativo.

Tentei me lembrar...

Um barulho muito alto... senti como se eu estivesse pegando fogo de dentro para fora. Ouvi gritos, e tudo ficou escuro.

Tinha quase certeza de que tinham sido Rose e papai que haviam gritado...

Senti vontade de chorar, e assim o fiz, bem baixinho, por causa da preocupação, mas também por causa da felicidade de estar de volta.

Sentia tanta falta de todos... não via a hora de brincar com James, Alvo e Fred. Ir no colo da Lily, da Chloe e do Gogo. E passar o dia inteirinho com a minha melhor amiga Rose...

- NÃO!

Levei o maior susto, enxugando as lágrimas bem rápido, quando ouvi Rose gritar e acordar, também assustada.

Ela olhou para os lados, rapidamente, e quando percebeu que eu estava acordado, sorriu, com todo o pavor sumindo do seu rosto.

Senti que sorria também.

Ela realmente parecia um anjo.

- SCORPIUS!

Ela se levantou rapidamente, e desejei poder levantar e correr até lá também.

- Meu anjinho! Meu pequeno! - ela tomou meu rostinho nas mãos, beijando minhas bochechas, testa e cabelo. Eu não conseguia parar de sorrir para ela, mas a vontade de chorar veio de novo - Como está se sentindo? Te machuquei?! - ela parou, desesperada, quando percebeu que eu fungava.

- Nãaooo! - eu disse, baixinho e arrastado. - é que eu queria muito voltar, Rose... senti muita falta de todo mundo!

Mesmo com os fios e minha barriguinha estando um pouco dolorida, a abracei apertado, enrolando seus cabelos nas minhas mãozinhas.

- Eu também, Py! - agora, até ela chorava. - você nem imagina, meu amor...

Algum tempo depois, Rosie me largou, mesmo parecendo não querer me soltar de forma alguma - e eu tampouco queria me separar dela tão cedo.

Mas ela se ergueu, dizendo que tinha que avisar que eu já estava acordado, e que buscaria um pouco de água para mim...

Depois de alguns minutos, Alvo, Lily e Fred – junto de Rose - estavam me rodeando na cama. A curandeira com o nome difícil não deixou Hugo, James e Chloe entrarem, dizendo que já tinha muita gente dentro do quarto.

- Seu pai está resolvendo umas coisas no Ministério da Magia, e sua mãe foi em casa, buscar alguns brinquedos. - Lily me disse, enquanto fazia carinho no meu cabelo.

- Já posso ir embora? - perguntei, ansioso. Não via a hora de voltar a comer no Grande Salão com todo mundo, e falar com papai e mamãe.

- Você ainda tem que ficar mais um tempinho aqui, garotão. - Alvo sorriu para mim. - pra se recuperar melhor...- e, virando pra Rosie, completou, em voz baixa. - daqui ele vai direto pra reversão?

Rosie assentiu, o olhar perdido, parecendo pensar sobre alguma coisa.

Depois, percebendo que eu encarava os dois e que eu poderia ter ouvido alguma coisa, sorriu, se aproximando.

Que história era aquela de reversão? Já não era a primeira vez que eu ouvia aquilo...

- Vai passar rapidinho, Scorpy - ela disse - prometo que nem eu, nem seus pais, sairemos do seu lado. E, a cada dia, alguém vai vir brincar com você.

Soltei um muxoxo, mas assenti. Confiar em Rose era sempre o melhor a se fazer, afinal de contas.

- Senhorita Weasley - a curandeira se aproximou, parecendo muito séria – o Sr. e a Sra. Malfoy querem vê-lo.

- Claro! - Rose se levantou de um salto, beijando minha testa, enquanto eu sorri para ela. - volto logo, meu anjo.

- Faz tudo que aquela mandona ali disser - Fred disse no meu ouvido, apontando para a curandeira, fazendo uma careta engraçada - ela é rabugenta, mas sabe o que está fazendo. - e, rindo baixo, bagunçou meu cabelo antes de sair.

Acenei para todos, sentindo a vontade de chorar indo pra bem longe... mesmo que fosse de emoção.

Eu já estava bem satisfeito em sorrir de felicidade. Não via a hora de poder abraçar mamãe e papai também.

Eu só queria poder entender que história era aquela de reversão...

Eu até sabia o que a palavra significava, mas não fazia ideia do que aquilo tinha a ver comigo. E pro que todos pareciam tão perturbados com o que quer que ela quisesse dizer.

Ao mesmo tempo em que me sentia feliz por estarde volta, bem e entre meus amigos, eu também sentia algo ruim dentro de mim.
Era como se, por algum motivo, eu soubesse que algo importante aconteceria.

Por um segundo, eu tive impressão de que, logo, logo, eu teria que me despedir de todo mundo.

Mas aquilo era bobagem. Rose tinha prometido que nunca mais ficaríamos longe um do outro. E eu confiava nela mais do que qualquer outra pessoa.

Por isso, sorrindo, simplesmente me ajeitei na cama, fechando os olhos e mergulhando num soninho gostoso, livre de qualquer preocupação sobre o futuro.

Meu Pequeno Amor 2 - Segunda GeraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora