Encontro Repentino

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O relógio na cabeceira do quarto de Dolores, marcava oito horas da manhã.

A blusa do pijama verde água, descia e subia conforme a respiração dela. Lola estampava um ar sereno no rosto e estava dormindo profundamente.

Quando de repente... TOC TOC. Alguém bateu na porta mas o barulho que fazia, foi reproduzido na mente da garota em outro plano, em um sonho bem distante da realidade.

TOC TOC. Fez Lúcio na porta, com a mão, mas isto só fez com que Lolatrocasse de posição na cama. Ela virou de lado, ajeitou o travesseiro e voltoua se perder nos sonhos profundos.

Lúcio não era um homem paciente, ainda mais depois do que havia ocorrido no dia anterior, então ele ficou por não conseguir acordá-lá e resolveu abrir a porta abruptamente.

Vamos acordar. Anda logo pois não tenho o dia todo!

Lúcio abriu a janela e a claridade invadiu o quarto enquanto ele batia palmas, produzindo um barulho para acordá-lá.

A filha dele apertou os olhos por causa da claridade da luz e tampo as orelhas com as mãos para abafar o barulho, mas Lúcio era persistente e pavio curto, então não pensou duas vezes e puxou a coberta da filha fazendo com que ela acordasse.

Mas que droga! Não se pode mais dormir nessa casa? Faz parte do castigo me acordar cedo? - Lola sentou na cama e soltou um longo e sonoro bocejo enquanto arrumava o cabelo em um coque alto.

Não faz parte, mas se continuar a me responder poderá fazer! - adverteu ele com os braços cruzados junto ao corpo.

Tá, está bem. Já entendi o recado, mas me diga, porquê eu tenho que acordar cedo logo no domingo?

Iremos ao mercado fazer compras .

Iremos? Como assim? - espantou-se a jovem.

Lola nunca acompanhava o pai ao mercado, pelo menos não agora, mas quando era pequena e sua mãe ainda era viva, os três iam ao mercado quinzenalmente. Eles iam felizes e animados pois adoravam fazer coisas juntos, até mesmo algo considerado bobo, como ir ao mercado, era uma deixa para ficarem felizes e o programa que antes seria chato, virava algo interessante pois fariam juntos.

Lúcio sempre cedia às vontades das mulheres em sua vida, comprava produtos integrais e saudáveis de sua esposa Mafra e até mesmo sua torta preferida sabor morango com merengue por cima. Para Lola comprava o sorvete de flocos que era o seu preferido e para ele mesmo, comprava um vinho do Porto importado que ficava ainda mais saboroso quando degustava na presença de sua esposa com direito à um jantar em casa à luz de velas, algo bem romântico.

Mal sabiam eles, naquela época, que iriam perder o bem mais precioso que tinham: Mayra.

E eles mal sabiam também que as idas ao mercado não seriam como antes, não depois de Lola completar 9 anos de idade e perder a mãe em um acidente de carro.

Mayra fora a base da família, ela sustentava a "casa" e sem sua presença, toda a estrutura estava comprometida, prestes a desmoronar.

Acabou seus dias de moleza, senhorita. Você vai comigo ao mercado e fim de papo.

Argh! - bufou e reclamou a garota.

Levante da cama, tome um banho e se arrume pois estarei te aguardando na sala, Dona Reclamona! - brincou Lúcio tentando quebrar o gelo.

Quando ele se retirou do quarto, Lola levantou da cama, abriu a gaveta da cômoda e retirou o seu celular que estava desligado. Ligou o aparelho e sua tela acendeu. Na lista de contato da menina havia o nome " Erick", então ela clicou e começou a escrever uma mensagem até que foi surpreendida pelas mãos do pai o tomando de suas mãos.

A Cor Púrpura de Teus CabelosOnde histórias criam vida. Descubra agora