NARRAÇÃO DE LOLA
Me engasguei e logo em seguida engoli em seco e senti a minha garganta também seca ao ouvir o pedido de Miranda. Meus ouvidos não acreditaram no que haviam captado e meu cérebro ainda tentava processar esta informação. Ela realmente havia me convidado para dormir naquela noite em sua casa? Eu sei, não seria a primeira vez que isto iria acontecer, mas dessa vez seria diferente. Não haveria como recusar seu convite pois ela estava visivelmente frágil e devastada, levando em consideração a minha paixão por ela, este seria o momento oportuno para usar ao meu favor, mas confesso que ao mirar seus olhos verdes com expressão de fragilidade, qualquer pensamento lascivo se dissipavam de minha mente. Minha única vontade era de ficar abraçada com ela e consolá-la até pegarmos no sono e foi exatamente o que aconteceu.
Após aceitar seu convite, vi que se alegrou dos pés à cabeça, por mas que estivesse triste. No momento em que resolvi aceitar em dormir em sua casa, me veio logo a visão de meu amigo Erick em minha cabeça, mas juntei o útil ao agradável e resolvi que não contaria ao meu pai que ao invés de ter dormido na casa do Erick, passei a noite no apartamento de Miranda. E quanto ao meu amigo, eu iria ignorá-lo e fingir que havia esquecido de nosso encontro e em seguida desliguei meu celular e guardei-o em um dos bolsos de minha mochila. Ninguém atrapalharia aquele momento. Nem mesmo o meu pai e mentir, ou melhor, omitir para ele seria como pagar pela própria moeda. Uma leve vingança particular entre mim e ele por ter mentido sobre a viagem que fez com a namorada Michele. De qualquer maneira, as chances dele descobrir que eu havia passado a noite com minha professora seria mínima.***
Após ela ter tomado banho e eu ter me oferecido para ajudar a preparar a nossa janta, ela retornou à cozinha, vestindo um conjuntinho branco para dormir e eu estava no fogão experimentando se a massa do macarrão estava ao dente, foi quando ela me surpreendeu com sua voz sedosa:
- Como estamos indo, aí? – perguntou enquanto sorria.
Me surpreendi com sua chegada e sorri ao vê-la.
- Bom, eu acho que está no ponto. Prove! –pesquei um fio de macarrão e o enrolei no garfo, levei à pia e molhei a massa para esfriá-la. Me virei para ela e segurando o garfo levei em direção em sua boca e ela por sua vez provou.
- Está exatamente no ponto. – disse ainda mastigando.
Retirei o garfo e nossas mãos se tocaram e senti meu corpo tremer por dentro. A sensação que Miranda despertava em mim era algo incrível que eu nunca tinha sentido antes por alguém.
Percebi que Miranda também sentiu o mesmo e antes de desviar o rosto, sorriu para mim. Ela se encaminhou para a geladeira e a abriu em busca de algo, enquanto me indagou com sua pergunta:
- Você ligou para seu pai e disse que vai dormir aqui esta noite?
Eu estava escorrendo o macarrão na pia e o molhando quando me surpreendi com sua pergunta e sem gaguejar ou titubear, menti para ela dizendo que ‘’sim’’ e disse que havia comunicado meu pai que dormiria em sua casa naquela noite.
- E ele aceitou de bom grado sem brigar com você? – perguntou ela, enquanto fechava a geladeira e segurava, com uma das mãos, uma garrafa de suco de uva oriunda de uma safra da região Sul do Brasil.
- Por incrível que pareça, sim. – reafirmei minha mentira.
- Nossa, isso é realmente incrível. Bom, se você quiser, posso telefonar para ele para assentir que está segura em minha casa.
- Não! Não precisa, sério.
- Tem certeza? – insistiu ela levantando uma sobrancelha.
- Sim. Digamos que ele não se importou tanto e não quis ligar para você para confirmar pois ele está meio ocupado...
- Ocupado? Em que sentido? – ela me olhou sem entender nada.
- ‘’Ocupado’’ com a namorada dele... – levantei uma das sobrancelhas e a balencei em brincadeira e ela soltou uma risada estridente e tampo aboca com uma das mãos ao entender o que eu realmente queria dizer. Aquilo foi muito fofo da parte dela.
- Só você mesmo, Lola! – disse ela ainda sorrindo.***
Só faltava prepararmos o molho vermelho de tomate e manjericões frescos oriundos de sua pequena horta para comermos nossa macarronada, então ela sugeriu que eu fosse tomar banho enquanto ela terminava de preparar nossa comida. Concordei com ela e me encaminhei para o banheiro, pois já sabia onde ficava, pois já estava familiarizada com o local, mas antes de tomar banho, peguei minha mochila na sala e por sorte havia roupa íntima, roupa de dormir e meus pertences de higiene. Tinha Tudo isto em minha mochila pois ela estava pronta para que eu fosse dormir na casa de Erick. Sabia que Miranda estranharia o fato de que eu já estava preparada para aquilo, mas como sempre fazia, eu contornaria a situação com alguma desculpa esfarrapada. Era a minha especialidade.
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A Cor Púrpura de Teus Cabelos
RomanceUma aluna rebelde com seus cabelos cor de púrpura. Uma professora presa a um casamento falido. Um amor proibido entre duas mulheres e o preconceito das pessoas ao redor. Seria o amor mais forte que tudo? #21 em bissexualidade (09/08/2018) #1 em biss...