A Mochila da Sorte

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NARRAÇÃO DE LOLA

 Então Miranda estava realmente decidida em resistir às minhas tentativas de sedução. Ela estava disposta em esquecer tudo aquilo que passamos. Ela queria esquecer nossos beijos, nossas carícias e qualquer vestígio de afeto carnal que por hora ela sentira por mim.

  Se ela faz questão de esquecer e deixar claro que até mesmo a minha presença a incomoda, é melhor eu me afastar de uma vez por todas dela.

 Quando me despedi e a deixei na porta do apartamento à me olhar enquanto me afastava dela mais e mais, me dei por conta de que nunca a teria como desejava.

 Entrei no elevador afoita e recobrei meu fôlego. Olhei-me no espelho e comecei a chorar em desespero.

 "- Burra! Como você foi burra!"

 Levei uma das mãos em minha própria face e lancei um tapa em uma das minhas bochechas de leve.

 " - Como pude ser tão idiota?"

 Quando a porta do elevador abriu, meu cérebro registrou que já não me encontrava mais à sós comigo mesma, então engoli o choro, arrumei o cabelo e passei as pressas pelo porteiro do prédio que abriu a porta para mim e disse algo que não entendi pois fiz questão de ignora-lo.

 No meio da rua, em direção ao ponto de ônibus, percebi que havia esquecido a minha mochila no apartamento de Miranda. Levei as mãos ao meu cabelo e soltei um suspiro pois não queria nunca mais voltar para aquele local. Não queria ver Miranda novamente, mas não tinha jeito, para eu recuperar a minha mochila e pegar o dinheiro em minha carteira que estava dentro dela eu teria que vê-lá novamente.

*******

Lola deu meia volta à contra gosto e voltou para o prédio em que Miranda morava.

 Ao chegar na portaria ela avisou ao porteiro que havia esquecido a mochila, então ele deu permissão e abriu a porta para a  garota e nem interfonou para avisar à dona  do apartamento que a menina havia regressado.

 Ao chegar, finalmente, na porta do apartamento, a garota levou a mão à porta para bater e anunciar seu regresso mas ao fazer isto percebeu que a mesma estava encostada e não trancada.

 A menina abriu a porta e deu alguns passos para entrar no apartamento. Ao entrar, não avistou a presença de Miranda, então foi em busca de sua mochila.

 Ao olhar para baixo da mesa, percebeu a presença da mochila. Quando ela iria leva-la nas costas, algo chamou sua atenção. Uma melodia. Ao fundo podia-se ouvir uma música calma. Lola deixou a mochila no chão novamente e foi em direção à música.

 A menina percebeu que a música vinha  do corredor, então foi em direção à ela.

 Quando finalmente descobriu que a melodia vinha de um cômodo resolveu espiar pela fechadura da porta e descobriu que se tratava de um banheiro.

 Automaticamente, Lola associou que Miranda estava lá dentro e o frenesi tomou conta de seu corpo inteiro.

 Seu lado racional lhe dizia para se afastar, aproveitar que não havia sido notada, pegar a mochila e ir embora, mas seu lado irracional, sentimental e carnal lhe instigava a não somente espreitar por trás da porta como também para abri-la e espionar a professora.

 Lola resolveu seguir a voz da sua insanidade e irracionalidade. Respirou fundo, levou a mão à maçaneta e a girou devagar. Abriu a porta um pouco e avistou a vela mulher com os olhos fechados, dentro da banheiro com uma camada de espuma branca cobrindo quase todo o seu corpo que estava submersa na água.

 A menina abriu a boca e pelo pouco que viu já a fez sentir queimar por dentro e o que havia pensado antes, que talvez tudo que sentia por ela estava morto e cavado só ressurgiu das cinzas como uma fênix. O sentimento de desejo subiu para a cabeça e consumiu seu corpo.

 A professora, ainda com os olhos fechados, abriu a boca e cantarolou ao ritmo da música que estava tocando de seu celular que efava acima do móvel do banheiro.

Lola sorriu ao ouvi-la cantar.

 A bela mulher levantou uma dar pernas e esfregou de leve com uma esponja ensaboada.

 Ela estava deitada na banheira até que desencostou-se dela e fazendo isto exibiu um dos seios que estava coberto por um vestígio de espuma branca. Ao mudar de posição ela abriu os olhos e percebeu a presença de mais alguém no local e quando virou a cabeça para o lado abriu a boca espantada ao se dar conta de quem era.

 - Lola? O que está fazendo aqui?

A Cor Púrpura de Teus CabelosOnde histórias criam vida. Descubra agora