— Fils de pute! — Dominic Baltimore batia na mesa enquanto soltava o palavrão. — Como aquele misérable ousou me enganar?!
O ambiente austero e quase sem iluminação contribuía para dar um ar ainda mais assustador para o francês furioso.
— Calma, Baltimore, ainda não sabemos se você foi identificado, não há razão para tanto nervosismo. — Leroy tenta acalmar o amigo enquanto segurava despreocupadamente o copo de conhaque na mão.
Dominic que já estava a ponto de explodir, ao ouvir as palavras do ruivo perde o que lhe restava de paciência.
— Não há razão?! — ele pergunta agarrando o outro pelo colarinho. — Claro, não é você que está com o cabeça a prêmio!
Leroy engole em seco, deixando o copo que segurava cair no chão. Ele sabia que se o homem à sua frente quisesse machucá-lo ele estaria morto.
— N-Não f-foi isso...
— Désolé, Leroy. — Dominic se desculpa em francês, soltando o outrp que nem fazia questão de esconder o alívio.
Não era de seu feitio tratar as pessoas com tanta indelicadeza, ele abominava violência. A usava claro, mas somente quando necessário, afinal ele não era um mercenário à toa. Mas a situação atual era desesperadora. Ele tinha falhado em um serviço, e além de ser terrivelmente humilhante para seu orgulho, estava sendo caçado pelo seu alvo.
E isso era um problema... já que o homem que queria agora sua cabeça era simplesmente o chefe de uma das organizações criminosas mais influentes e perigosas que tinham no país. Se ele tivesse sido informado disso antes pelo misérable que lhe havia contratado, teria sido mais cauteloso ao agir. De qualquer forma, agora era tarde demais para lamentações.
Gros problème.
Andando de um lado para o outro Dominic pensava porque tinha aceitado aquele trabalho arriscado.
Não precisou pensar muito:
Dinheiro, claro. Com uma oferta de 5 milhões de dólares, seria um pecado recusar. Ele já tinha muito dinheiro, após anos trabalhando no ofício, mas como ele pensava: Quanto mais melhor. Baltimore cresceu entre as vielas e periferias de Paris, conheceu o lado sombrio da cidade luz. Por isso não suportava a pobreza e a miséria. Jurou a si mesmo nunca mais voltar a viver em tais condições, e nos dias de hoje não era conhecido por Le Monsieur apenas por ser francês, mas pela elegância e riqueza com que vivia. Se acostumou a viver no luxo, e só continuava na "profissão" por que gostava da adrenalina. Então, recusar aquela proposta era fora de cogitação.
Leroy fitava o amigo com certa incredulidade e espanto. Conhecia Dominic há 10 anos, e nunca o tinha visto tão nervoso. Se bem que seu "chefe" escondia como ninguém seus sentimentos pelas ironias e sarcasmo. Sabia que debaixo daquela muralha que ele havia criado, tinha alguém que sofreu muito no passado. Dominic raramente falava sobre sua vida na França, mas Leroy sabia que aquilo o tinha traumatizado. Estava a ponto de falar com ele, quando um celular começa a tocar.
Dominic para pegando o celular e mira o visor com os olhos em chamas.
— Bastard! — Baltimore diz como se se continuasse a olhar o celular ele fosse explodir.
Atendendo ao terceiro toque para conseguir manter o auto-controle, Dominic respira fundo esperando-o falar.
— Le monsieur? — a voz cheia de ironia pergunta tentando inutilmente imitar o sotaque francês.
— Fils de pute! — Dominic rebate ao telefone ao reconhecer a voz do homem que o tinha metido naquela furada.
— Calma, calma, monsieur! — O homem ria forçado — Quero apenas conversar. — diz sem alterar a voz.
— Eu realmente não estou com vontade de conversar com você. — fala sentindo a raiva aumentar a cada instante que ouvia a voz sarcástica do sujeito do outro lado.
— Oh, serei breve. Quero apenas me encontrar com você. Resolver algumas questões... Ouvi alguns boatos de que você estaria pensando em voltar fugindo para a França. Estaria o grande Le monsieur se acovardando?
Dominic suspira. Voltar a viver na França era a última coisa que faria na vida. E não gostou nada daquele comentário malicioso e cheio de provocações.
— Não seria covardia, seria prévention. — rebate ignorando toda a ironia, segurando firme o telefone. — Como você me manda assassinar o homem mais perigoso do país sem nem antes avisar? — pergunta mudando de assunto. Estava realmente curioso para saber.
O homem do outro lado da linha, apenas ri fazendo com que o francês fique ainda mais irritado.
— Sinto muito por ter ocultado esse pequeno fato... Mas, o que quero realmente agora é me encontrar com você, monsieur... — mais uma vez o sarcasmo. Dominic sabia bem como era destilar as ironias e sarcasmo, mas aquele homem estava exagerando. — Prometo que resolverei o seu problema.
Dominic Baltimore fica alguns segundos em silêncio. Aquele homem já podia se considerar morto, por tratá-lo assim com tanto descaso. Sabia que não podia confiar nele, mas sabia que se não conversasse com ele seus problemas não seriam resolvidos tão facilmente, e a única solução seria sair fugindo dos Estados Unidos.
E isso por mais que fosse a solução mais viável, era também uma vergonha. Dominic tinha uma reputação, e por mais que ele não ligasse para diversas coisas, essa "profissão" era um dos poucos motivos que tinha para continuar vivendo.
— Oui, tudo bem então. — diz enquanto pensava melhor no assunto. — Onde nos vemos? — pergunta abaixando o tom da voz da maneira que fazia quando estava sendo desafiado.
— Hoje mesmo, à meia-noite, próximo ao porto. — O homem diz ficando alguns segundos calado. — Espero que o medo de ser executado não o impessa de ir, monsieur... Au revoir!
Dizendo essas palavras de deboche o sujeito desliga sem saber que tinha conseguido sua sentença de morte ao brincar com fogo.
Leroy vendo o francês tão estranhamente calado, se aproxima devagar.
— Misérable... — Dominic sussurra jogando o celular longe.
Na sala, Leroy Hanks observava atentamente enquanto o outro falava uma série de palavras em francês que ele não compreendia.
— Oh meu caro, Leroy... — Dominic Baltimore volta a se manifestar com os olhos fixos no nada, com um som de voz assustador. - Sabe o que abomino mais do que os ratos das ruas de Paris? — perguntava calmo, começando a caminhar lentamente até o amigo.
Leroy sabia um pouco desse trauma que Dominic tinha em relação aos ratos, mas não entendeu a relação que ele fazia naquele momento. Só conseguiu sentir um arrepio subir pela espinha, quando viu o tom em que ele falava.
— O q-que, Dom? — sentindo certo medo pelo jeito do amigo, Leroy resolve perguntar.
— São os humanos que agem como ratos. — Dominic explica desviando os olhos dele.
Leroy engole em seco sabendo que naquele exato momento o francês já pensava em um jeito de matar o homem em que ele conversava minutos antes.
— É realmente uma lástima... — Baltimore continua dizendo enquanto alisava as mangas do terno italiano. — que hoje eu tenha que sujar meu terno novo... Mas, será por uma boa causa, afinal. — um meio sorriso surge em seus lábios. — Será um rato a menos no mundo.
* * *
Bonjour pessoinha!
Seja muito bem-vindo à Le Monsieur! Fico muito feliz por você estar aqui ♡
Sei que estou longe de ser uma ótima escritora e que tenho um longo caminho a seguir, mas resolvi arriscar e dar uma chance aos meus rascunhos guardados.
Espero sinceramente que a história desse francês conquiste vocês assim como ele me conquistou.Isabela Olie
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Le ℳonsieur
RomanceQUANTO CUSTA SUA HONRA? ______________________________ ❝A desonra é a pior degradação que pode ocorrer na vida do ser humano. Perder a honra, é tornar-se indigno de viver.❞ Dominic Baltimore sabia que era um desonrado. Julgava-se e condenava-se. ...