Capítulo Doze

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Os primeiros raios de sol entravam pela janela do quarto de Beatrice Blanche, enquanto a garota escovava lentamente seu cabelo.

Olhava para seu reflexo no espelho, e seus insistentes pensamentos não paravam de a incomodar. Estava sentada, completamente absorta, perdida neles.

Tinha praticamente acabado de acordar, tomara um banho rápido e feito sua higiene matinal e se sentara ali em frente à sua penteadeira para terminar de se arrumar.

Desde o instante em que abrira os olhos, Beatrice estava intrigada com o sonho que tivera durante a noite. Ainda escovando as madeixas, ela franze a testa ao ir se recordando de cada detalhe daquele estranho sonho.

Estranho? Estranho era pouco. Tinha sido um completo delírio de sua mente cansada.

As imagens mais uma vez ressurgem em sua cabeça e a escova que segurava cai de sua mão indo de encontro com o chão.

Beatrice agora se analisava atentamente com a respiração acelerada, constatando que suas bochechas estavam com um intenso tom de vermelho e que podia sentir o calor irradiar por seu corpo todo. Inconscientemente leva as mãos aos lábios com a sensação de formigamento retornando a sua boca.

Fechando os olhos, mais uma vez a cena que tanto a atormentava retorna em sua memória. E assim, Dominic Baltimore surge em sua frente com os lábios colados no seu enquanto segurava fortemente sua cintura com uma das mãos e com a outra acariciava seu rosto.

— Sua boca é mais macia do que aparenta, mademoiselle...

Levantando-se sobressaltada, Beatrice dispensa o devaneio suspirando irritada por não conseguir tirá-lo de sua cabeça.

— Era só o que me faltava... – sussurra para si mesma, esperando sua frequência cardíaca normalizar.

Aquilo era completamente sem sentido. Por que estava tendo sonhos daquele tipo com aquele homem?

Por Deus!

Um arrepio percorre seu corpo quando se lembra da forma como ele a olhou na noite anterior quando se encontraram no jardim.

Era um olhar intenso e profundo que a fazia se sentir terrivelmente exposta.

Realmente não gostava da maneira que ele a olhava. Porém, não podia negar que até ela própria as vezes se pegava o encarando.

Mas ainda assim... Isso não era motivo suficiente para estar tendo fantasias com aquele francês estranho!

Beatrice começa a caminhar de um lado para o outro pelo quarto tentando entender o que causara aquele delírio.

Certamente, a culpa era do universo que fizera com que ambos tivessem aquela conversa na noite anterior.

Ela apenas tinha ido ao jardim por conta de uma terrível dor de cabeça, para ver se conseguia se distrair. E acabara sendo surpreendida pelo francês.

Ele a intrigava.

A cada instante que passava ao lado daquele homem, Beatrice se dava conta de que ele era um enorme enigma.

A conversa aleatória e inusitada que tivera com ele era a prova disso.

— Chega Beatrice, pare de pensar bobagens! – se repreende novamente, resolvendo ignorar tudo aquilo.

Terminando de se arrumar, ela se retira de seu quarto. Desce as escadas aliviada ao constatar que ainda era muito cedo, e que ninguém além dela havia acordado.

Beatrice não queria admitir, mas estava tentando evitar a todo custo seu pai. Não suportava a maneira recriminadora que ele a olhava.

— Acordada logo cedo, senhorita?

Le ℳonsieurOnde histórias criam vida. Descubra agora