Capítulo Oito

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Não menospreze seus sofrimentos, e muito menos ache que eles são exagerados de sua parte. Seja qual for o motivo de sua dor, por mais insignificante que pareça, se você se sente mal, isso por si só basta para que importe.
E lembre-se sempre: É preciso sofrer e chorar para aprender a evoluir e seguir em frente.
(desabafo da autora)

• • •

Deprimente.

Essa era a única coisa que Beatrice conseguia pensar, enquanto olhava para o quadro que havia acabado de pintar.

A imagem se resumia em uma mulher nua de longos cabelos que se afogava em suas próprias lágrimas. Em meio a um cenário completamente vazio, pintado por cores frias e opacas.

Deprimente, realmente.

Beatrice raramente pintava quadros de estilo melancólico como aquele, pois sempre pintava de modo leve e descontraído. Porém, sempre prezou em deixar transparecer suas emoções do momento em tudo que pintasse.

E naquele instante aquela imagem representava de certa forma a angústia que se passava dentro dela.

Volta sua atenção mais uma vez para o quadro, analisando mais atentamente o que acabara de retratar. E estranhamente, Beatrice começa a se sentir oprimida pela pintura.

Num ato involuntário, caminha até sua cama retirando o lençol de cima e o jogando sobre o cavalete. Impedindo-se assim de continuar a olhar aquela cena perturbadora.

A luz do sol que entrava pela sua  janela chama sua atenção. E ela respira fundo, sentindo uma estranha sensação de sufoco começar a crescer dentro de seu peito.

Ao se dar conta de que sentia-se mal, Beatrice abre a porta do seu quarto com um único pensamento em mente:

Sair daquela casa.

Precisava espairecer. Precisava de ar puro em seus pulmões, para poder respirar melhor e refletir com calma em toda aquela história de coração partido.

Sorri tristemente com aquele pensamento. Achava-se ridícula por ser tão sensível e dramática, mas simplesmente não conseguia evitar agir daquela forma.

Descia as escadas rapidamete, rezando para que não houvesse ninguém lá embaixo.

Mas suas preces não foram atendidas.

Quando terminava de descer a escadaria, vozes na sala chamam sua atenção.

E quando olha na direção, lá estava seus pais e sua irmã, parecendo discutir algo. Chegando um pouco mais perto, escuta seu nome ser mencionado.

Beatrice trabalhando em uma floricultura? — reconhece a voz confusa de seu pai perguntar. — Que brincadeira é essa agora, Belinda?

Beatrice não consegue evitar fazer uma exclamação de surpresa ao entender o assunto que estava sendo tratado, por isso sua presença é rapidamente descoberta.

— Não tem brincadeira nenhuma, pai! — Belinda diz cruzando os braços. — Pode perguntar à ela se quiser.

Beatrice permanece calada, enquanto seu pai olhava para ela. Fica a espera de um manifesto dele mas para sua surpresa, foi sua mãe que disse algo primeiro.

— Tenho certeza de que tudo não passa de mal entendidos... — Violet começa a falar, sorrindo fracamente olhando na direção da filha mais nova.

— Mas, é claro! — Arnold finalmente fala atraindo os olhares. — Minha filha trabalhando em uma floricultura? Só pode ser um terrível mal entendido!

Le ℳonsieurOnde histórias criam vida. Descubra agora