CAPÍTULO 14 - As doze badaladas

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Cada vez que alguém deixa a sala, meu coração acelera. Não estou certa se é apenas ansiedade por minha vez se aproximar. Parece algo a mais, não sei dizer o quê.

Decido não me importar com isto neste momento. Há coisas mais urgentes para pensar. Preciso saber o que acontecerá comigo esta noite. Descobrir as primeiras pistas sobre minha sina. Tenho o pressentimento de que vou descobrir algo na competição. É o primeiro passo a dar. Pensarei no resto depois.

Nada pode te deter hoje, acalmo a mim mesma.

A música circense termina e o garoto vestido de palhaço faz uma reverência em meio à ovação da plateia. É a minha deixa para me posicionar atrás das coxias, esperando ser anunciada. Pego meu violino cristalino e saio, agradecendo ao desejo de boa sorte que alguns colegas me dão.

Encaro as cortinas pretas, ouvindo os aplausos cessarem. O garoto então passa por mim. Suas mãos tremem, o suor da testa desbotando a pintura do rosto. Ele me deseja boa sorte timidamente, e retribuo a congratulação.

Me esforço para me manter calma. Puxo do fundo da mente as lembranças de minha mãe ensaiando com seu violino. A imagem dela tocando sua música favorita me reconforta.

— E agora, sem mais delongas, uma salva de palmas para nossa próxima participante: a fada da floresta! — anuncia a voz da professora. Para a minha sorte, os professores tiveram uma ideia maluca: a de não anunciar nomes dos alunos, mas o apelido que eles escolhessem de acordo com a fantasia.

As cortinas se abrem e vou para o palco. Muitos olham atônitos para o violino de cristal em minhas mãos, provavelmente por verem algo tão diferente. Vejo Théo sentado num lugar mais ao fundo. Passo os olhos pelo resto da plateia. Clarisse e Sara estão sentadas numa das primeiras fileiras, próxima às mesas dos jurados, cochichando. As duas então me notam e acenam para mim. Mal percebem quem eu sou. Rio comigo mesma.

Respiro fundo. Posiciono o violino no meu queixo e começo com um allegretto, tocando a música de minha mãe. Apesar de ser a mesma, ela soa diferente. Mais bonita. Ao pressionar o arco contra as cordas brancas, um som alegre soa, lindo e vívido, como o abrir de pétalas de flores. Sinto o ímpeto de dançar também, e acho que a audiência sente o mesmo. Em pouco tempo, todo mundo está de pé, movendo-se no ritmo da música. Sinto a mesma sensação que tive naquele sonho, quando os músicos tocavam e meus pés pareciam implorar para continuar dançando. Não me sinto bêbada ou entorpecida. Estou mais viva do que nunca.

Mesmo quando termino, a plateia continua de pé. Aplausos irrompem pelo auditório. Na mesa dos jurados, os três professores, dois homens e uma mulher de ar brincalhão, anotam em seus papéis. Me curvo para a plateia e saio em seguida, cumprimentando o próximo participante. Então, recolho minhas coisas e pego outra saída para o auditório. Quero ir onde Théo está, mas minhas primas me chamam para ficar perto delas.

Tento recusar. Não quero me sentar de jeito nenhum com Clarisse, mas ela insiste.

— Vem, tem lugar aqui — cochicha ela, apontando para uma poltrona vaga. Lembro-me de que ela não está falando com a Sophia, mas com a fada da floresta. Então acabo cedendo, decidida a continuar com o disfarce.

Entre a poltrona vazia e Clarisse, está Nícolas.

— E aí, fada da floresta. Sua apresentação foi incrível — elogia ele assim que arrumo as asas do vestido para não amassarem no assento.

— Sério, a apresentação foi perfeita — Sara diz.

— Obrigada.

— Verdade, foi mesmo! — Clarisse complementa. — Mas e aí, de que sala você é mesmo? Acho que nunca te vi aqui na escola. Você já viu, Nícolas?

O destino de CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora