Capítulo 12

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Kate

A relação com a minha mãe, nunca foi das melhores, mas foi ela que fez tudo por mim, que me criou, que estava lá a cada tombo quando aprendi a andar, que estava lá quando eu cai na primeira vez que andei de bicicleta, ela não era o exemplo de mãe, mas era ela que estava lá sempre que precisei. Eu não queria visitas, não queria ver ninguém, só queria espaço para pensar em como minha vida mudou em menos de um ano. Quando Nathan saiu me deixando aqui sozinha, para que meu pai viesse, eu não sei, meu único pensamento era. Por favor vá embora!

– Oi – meu pai entrou sorrindo. – Como está minha pequena raio de sol?

– Bem, eu acho! – respondi.

– Posso sentar aqui? – ele perguntou ao apontar para o canto da cama onde eu estava.

– Sim, claro.

– Eu sei que não é a melhor hora, mas eu queria dizer que sinto muito por sua mãe.

– Eu sei. – um soluço escapou e lágrimas vieram queimando sobre meu rosto. – Dói. Ela não era a melhor mãe, mas era a minha mãe.

– Eu sei filha, ao menos você ainda tem um pai, que está tentando de tudo para conquistar e recuperar os últimos 18 anos de sua vida.

– Me desculpe! Eu... – as lágrimas desciam por meu rosto, e um peso no meu peito ficou ali, meu pai se aproximou e me abraçou.

– Você me tem a partir de agora, você tem a mim, ao Dhex e principalmente você tem ao Nathan, que te ama muito filha.

– Eu sei... Eu só não consigo parar... – um sorriso em meio ao choro apareceu em meus lábios. – Eu sou tão idiota por chorar, por alguém que... – eu sabia que John conhecia a história de como Nathan me conheceu, por que foi o meu tio que me encontrou e contou a ele onde eu estava. – Desculpe, eu só queria ficar sozinha.

– Tudo bem, mas não esqueça você tem uma família que está ao seu lado, para o que der e vier.

– Obrigada pai!

– Eu que agradeço por me chamar de pai. – ele levantou-se. – Vou deixá-la descansar, e se precisar de algo sabe onde me encontrar e basta apenas uma chamada no celular que estarei aqui no minuto seguinte. – John sorriu e deu um beijo na minha testa. – Eu amo você!

– Eu também, dê um beijo em Dhex por mim.

– Darei. – vi-o sair e me aconcheguei mais ainda aos travesseiros. Eu precisava sair desse luto, não era bom para as meninas.

O resto do dia foi mais como um borrão pra mim, Nathan me ajudou com o banho, a trocar de roupa e comer. O dia seguinte veio com uma tempestade sobre o céu de Nova York, levantei devagar para ir ao banheiro, fiz minhas necessidades e voltei para o quarto, Nathan estava com sua bela bunda para cima, completamente nu, esparramado pela cama. Eu tinha sorte em tê-lo na minha vida, nenhuma mulher no mundo tem tanta sorte quanto eu.

Sentei ao seu lado e acordei-o, ele sentou na cama assustado.

– Está na hora? As meninas estão querendo nascer? – eu sorri olhando-o tão desesperado.

– Não, calma. Está tudo bem... – Nathan colocou uma mão sobre minha barriga.

– Tem certeza?

– Sim, está tudo bem! Hoje é o enterro dela, e não quero me atrasar. – falei olhando-o.

– Tudo bem! – ele pulou da cama e foi para o banheiro, minutos depois escutei o barulho do chuveiro sendo ligado.

Entrei no closet e vesti uma calcinha, sentei no banco acolchoado que temos no meio do closet e calcei a meia-calça preta, as sapatilhas vieram depois, e o vestido por último. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo simples, e apenas utilizei um pouco de gloss nos lábios, peguei minha bolsa, com documentos e sai entrando no quarto. Nathan estava saindo do banho com uma toalha na cintura e outra enxugando os cabelos, incrivelmente sexy eu poderia dizer.

– Tão lindo! – falei sorrindo e olhando para ele.

– Eu sei! – ele riu e entrou no closet.

– Convencido. - falei saindo do quarto indo em direção a cozinha. Eu não podia ficar desanimada, nem triste, não quero que isso influencie sobre minhas meninas, Helena foi uma boa mãe na medida do possível, conseguiu me criar e se hoje tenho valores morais, é porque ela soube colocá-los sobre mim em algum momento de sua criação. – Bom dia Ana. – sorri ao vê-la.

– Bom dia querida, fico muito feliz que tenha levantado da cama e esteja corada hoje, apesar da chuva que está lá fora.

– Sim eu também fico feliz. - respondi sentando na mesa da cozinha, peguei um mamão e comecei a comer, estava quase terminando-o quando Nathan entrou na cozinha em um terno preto. O homem tinha uma coisa que o deixava lindo de qualquer forma, ou talvez fossem os hormônios da gravidez, ou amor, ou seja lá o que for, mas meus olhos sobre ele me fazia feliz por tê-lo só pra mim.

– Bom dia Ana! – Nathan falou sorrindo e sentando, tomando seu café. Pegou o jornal e começou a ler. – Vamos ao enterro de sua mãe e depois vamos a casa de meus pais, tudo bem? – Nathan avisou.

– Sim, por mim está bem. – respondi enquanto atacava meu cereal preferido.

– Você parece melhor hoje, e fico tão feliz com isso. Não quero vê-la triste, e é por isso que vamos para a casa dos meus pais hoje. – sorriu assentindo.

Saímos de casa às 8h da manhã para estarmos no cemitério às 9h, ao chegarmos David abriu o guarda-chuva e me ajudou a descer do carro, Nathan desceu logo atrás com um guarda-chuva.

– Eu assumo daqui. – ouviu-o dizer para o David, e senti a mão do Nathan em meu ombro, enquanto andávamos pela grama do cemitério rumo ao caixão da minha mãe, nos aproximamos, devido a chuva, só apareceram meu pai, Alice e Amanda, os pais do Nathan, e nós. Também não acredito que minha mãe possuísse amigos que gostassem tanto assim dela, que viessem ao seu enterro, eu me deixei chorar, sai do abraço do Nathan e a chuva caiu sobre mim, lavando meu rosto, as lágrimas se misturavam as gotas que caiam sobre meu rosto.

Nada no mundo me prepararia para esse momento, ela é minha afinal, foi quem me criou, do seu jeito. Foi por culpa dela que conheci o homem da minha vida, e por mais que ela fosse uma cadela as vezes, ela ainda era minha mãe, as vidas dentro de mim escolheram aquele momento para se mexerem e mostrarem que eu jamais estaria sozinha novamente. O padre recitava palavras de consolo, lendo sua bíblia, mas eu não ouvia nada, apenas era eu e a chuva, como se não houvesse mais ninguém ali, além do caixão, eu e a chuva. Eu chorei lembrando todas as coisas que Helena fez para me fazer sorrir quando era criança, em como ela beijava meus machucados quando eu caia, em como o seu sorriso era contagiante, eu estava parada na chuva, com Nathan falando algo, mas eu só podia pensar em como alguém poderia ser uma mãe atenciosa e amável na minha infância, e na adolescência ter se tornado alguém que eu odiava.

– Desculpe mãe! – eu estava me desculpando por não ter estado com ela mais vezes, eu estava me desculpando por não ter dado o dinheiro que ela pediu, talvez eu a tivesse feito sobreviver mais um pouco. Ou talvez não!

– Katherine, vamos! Você está encharcada, pegará um resfriado e não é bom para você e nem para as meninas. – a voz do Nathan chegou insistente em meus ouvidos, eu levantei a cabeça e olhei ao redor, todos haviam ido, ficando apenas eu e ele.

Nathan me abraçou e me puxou para baixo do guarda-chuva, colocou seu casaco sobre mim.

– Você está ensopada! No que estava pensando, Katherine? – ele me repreendia.

– Desculpe... – respondi ainda com lágrimas no rosto.

– Vamos! – David abriu a porta do carro e eu entrei, Nathan entrou logo em seguida e me puxou para os seus braços, me abraçando e beijando minha cabeça. – Você é meu bem mais precioso, não quero vê-la doente por causa dela.

– Desculpe! – eu disse novamente fechando os olhos e sentindo como meu corpo se convertia em arrepios de frio.

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