CAPITULO 16

33.7K 3.1K 311
                                    





A pausa desta vez foi mais longa. Guilherme apertava o fone com tanta força que temia parti-lo. Por fim, ela indagou:

-Nenhuma das outras duas serviu?

-Não. Então o que me diz?

-Sim, aceito.

Sentido a tensão diminuir, Guilherme fechou os olhos. Sabia que podia estar cometendo um erro ao casar-se com Julia, mas precisava tê-la a qualquer custo. Contudo, apesar de querê-la, ainda raciocinava com frieza.

-Você terá de assinar um acordo pré-nupcial desistindo de qualquer direito às propriedades que já possuo antes de nos casarmos ou da pensão alimentícia em caso de divórcio.

-Tudo bem, é um contrato de acordo mútuo.

-Ótimo. – ele afirmou irritado.

-Quero um atestado médico garantido que sua saúde é boa. – disse Julia, falando na mesma frieza que ele.

-Está certo. Também quero um seu.

A irritação ameaçava transformar-se em raiva, mas Guilherme reconhecia que Julia agia dentro de seus direitos. Afinal, mal o conhecia e era normal que quisesse se garantir.

-Gostaria de marcar o casamento para daqui quatro semanas. Quando é que você pode vir para cá?

-Bom preciso de pelo menos dois meses. Tenho que pedir demissão,arrumar minhas coisas. – disse Julia.

-Dois meses é muito tempo. – respondeu Guilherme desesperado.Estava ansioso para tê-la em seus braços.

- Quanto tempo demora para ajeitar os papeis? - Julia quis saber.

-Trinta dias, creio eu. Acha que poderá estar aqui?

-Acho que sim. Dê-me o número do seu telefone e entrarei em contato.

Guilherme ditou o número e houve um silêncio entre ambos. Por fim, resolveu se despedir.

-Bem, eu a vejo daqui a um mês, então. – silêncio.

-Está bem. Até lá.

Guilherme despediu-se, desligando e recostou à na cabine telefônica. Pronto,tudo combinado.

Pedira-a em casamento numa atitude que contrariava seu bom senso, mas ele se protegeria contra qualquer eventualidade, não daria nada à ela,caso ela tenha interesse. Estava ansioso à teria só para si, porém a manteria a uma certa distância, nada de envolvimento emocional.

Seguiu para a caminhonete consciente de que nos próximos dias seu humor ficaria péssimo.

Julia repôs o fone no aparelho ainda sobe o impacto do telefone. Mal podia acreditar que ele voltara a ligar e que ela aceitara seu pedido de casamento. Fora uma conversa absolutamente formal, comercial, quase insultante e, ainda assim, ela concordava. E concordaria mil vezes se fosse preciso.

Teria de estar em Montana dentro de algumas semanas! Deus!

Quantas coisas por fazer: pedir demissão, arrumar a mudança, fechar o apartamento, despedir-se dos amigos, submeter-se a um check-up.

No momento, porém só conseguia sonhar. No entanto, lúcida, reconhecia que Guilherme tinha motivos muito práticos para querer se casar e deixara bem claro não estar à procura de um envolvimento amoroso.Ele era um homem difícil, sofrido, muito diferente de Julia. Era preciso reconhecer que o casamento poderia não dar certo.

Raciocinado com bom senso, decidiu pedir ao médico que lhe prescrevesse pílulas anticoncepcionais. Se tudo desse certo e eles decidissem ter filhos,era só parar de toma-las. Pior seria se engravidasse logo de início e o casamento terminasse em divórcio.

Na verdade, estava preste a dar uma guinada radical em sua vida: da cidade para o campo, de solteira para casada, e tudo sem conhecer direito o futuro marido. Não sabia quais eram suas comidas ou cores prediletas, não conhecia suas variações de humor, o modo como reagia a determinadas situações. Julia tomará a decisão de casar-se levada puramente pelo coração.

Entusiasmada,resolveu convidar Anne e Lucas para madrinhas.

Assim que Guilherme desligou, corri para contar tudo a elas. Elas não ficaram nem um pouco animadas com a notícia do casamento:

-Sei que se apaixonou por esse sujeito, mas não acha que está sendo um pouco precipitada? Você só o encontrou uma vez. Ou será que vocês chegaram a se conhecer... profundamente durante esse encontro?– resmungou Anne.

-Eu já lhe disse que ele se portou como um cavalheiro.

-Ah, mas e você Portou-se como uma perfeita dama? – sorriu Laura.

-Reconheço que sua boa em tudo o que eu faço, porém nunca me considerei perfeita.

Os olhos dela brilharam e Anne beliscou lhe a maça do rosto:

-Você está mesmo decidida a se casar com ele, não é?

-Ele me deu está chance e vou agarrá-la entes que mude de ideia. Vou me casar com Guilherme e nem que precise raptá-lo.

-Acho que Guilherme vai ter uma surpresa e tanto. Por acaso ele sabe que por trás dessa fala macia e desse seu andar manso esconde-se uma teimosa inabalável?

-Claro que não! – ela brincou, fingindo espanto. – Ele só vai saber depois que estivermos casados!

-Muito bem. E quando é que vou conhece-lo?

-No dia do casamento. Espero que cancele qualquer compromisso já marcado e aceite ser minha madrinha.

-Claro que sim. Você é minha amiga. – Laura foi mais desanimadora ainda.

-Julia, o que você sabe a respeito da vida numa fazenda? Nada. Você não terá amigos morando por perto, nada de vizinhos, cinema e teatro.

-Em compensação, não terei poluição, não precisarei fechar os seis trincos de segurança quando sair de casa, não serei assaltada quando for às compras.

-Mas você nunca foi assaltada. – disse Laura.

-Sempre existe a possibilidade.

-Como também, existe a possibilidade de você não se adaptar à vida no campo, ao gênio dele, à rotina tão diferente da que está acostumada.

-Laura, eu estou apaixonada e, para ficar ao lado dele, moraria até na Mongólia, se fosse preciso.

-Bem, neste caso, só posso lhe desejar boa sorte.

-Obrigada. Quero que você e Anne sejam minhas madrinhas.

-Fico lisonjeada com o convite, mas eu iria mesmo que não fosse madrinha. Mal posso esperar para conhecer seu ¨noivo". – disse Anne.

-Prepare-se para ter uma surpresa.


PROCURA-SE UMA ESPOSA - COMPLETA SEM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora