VIVER UMA GRANDE PAIXÃO NÃO FAZIA PARTE DOS PLANOS.
Julia pára no meio do saguão do aeroporto, incapaz de dar mais um passa Seu coração bate disparado, a respiração ofegante. Ela nunca viu um homem tão irresistível, tão sexy!
...
Porém, a primeira coisa que pretendia fazer era trocar as chaves da casa para que Julia não pudesse entrar para buscar o resto das coisas. Contudo, no momento, como não lhe restasse alternativa melhor, faria algo que há tempos não fazia; nem mesmo quando seu pai o liquidara: iria pegar aquela garrafa de uísque que mantinha guardada há anos e tomaria um porre homérico! Só assim conseguiria dormir sem Julia.
Na manhã seguinte, Guilherme acordou péssimo, a cabeça doía, o estômago ardia como se tivesse bebido ácido. Ainda assim, foi cuidar dos animais logo cedo, afinal eles não tinham culpa. Quando, bem mais tarde, começou a se sentir melhor e mais bem disposto, já era tarde demais para pegar a caminhonete e ir até a loja comprar fechaduras novas.
Dali a vinte e quatro horas, as vacas começariam a ter suas crias. Toda vez era a mesma coisa: quando a primeira entrava em trabalho de parto e se afastava à procura de um lugar mais calmo para ter o bezerro, as outras iam atrás. E escolhiam os piores lugares para dar cria!
Era quase impossível para um homem sozinho acompanhá-las, verificar se estavam bem, se os bezerros haviam nascido bem,cuidar das que estavam mal e dos que nasceram mortos. O instinto materno normalmente falhava com uma das vacas, que se recusava a cuidar do bezerro, como se não o reconhecesse como filho. Para Guilherme, isso significava ainda mais trabalho, pois lhe restavam duas soluções: encontrar outra vaca que o adotasse ou levá-lo para a cocheira e alimentá-lo na boca.
Só três dias mais tarde foi que Guilherme teve chance de descansar um pouco e, exausto, sentou-se no sofá da sala para ver TV, não tendo com quem conversar, começou a pensar em Julia, exausto de imaginar o que ela estaria fazendo acabou dormindo por dezesseis horas seguidas.
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Já fazia quase uma semana que Julia havia partido quando lhe sobrou um tempinho para ir até Montana. A dor e a raiva haviam cedido lugar a uma frieza, a uma profunda indiferença com relação a quase tudo, exceto o trabalho.
E a primeira coisa que viu ao passar pelo café de Floris foi o carro de Julia estacionado.
Seu coração disparou e formou-se um nó em seu peito: ela estava de volta! Provavelmente para buscar o resto das coisas. Guilherme estacionou ao lado, em frente da loja de materiais de construção, e observou bem o carro, tamborilando os dedos sobre o volante. A raiva, que havia cedido, voltou com força total arrancando-o daquela indiferença.
