Estraçalhar

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Maya fechou a porta de casa e deixou as chaves em cima da mesa de madeira branca e foi andando até seu quarto, pensava que precisava de um banho já que passou dois dias inteiros em um hospital tomando soro e fazendo exames – desnecessários – que comprovaram que ela não tinha nada além de alguns hematomas.

Tentava pensar em outras coisas e manter a calma, mas estava sendo ameaçada e não sabia por quem, porque ou - o mais importante - quando seria. Talvez fosse alguém furioso com a garota por ela ter capturado em algumas das missões, mas caso houvesse algum fugitivo de alto teor a S.H.I.E.L.D. a avisaria, assim ela pensava. Os únicos a terem tanto ódio a ponto de quererem-na morta era a Corporação e o Duende Verde. Mas a primeira estava, até onde ela sabia - ou pensava saber - acabada e o segundo estava ateando caos no centro da cidade.

Maya entrou no banheiro e tirou sua roupa entrando na banheira para um banho relaxante, que era algo que ela mais do que precisava. Estava pensando em Peter lutando contra o Duende Verde e que ela nada podia fazer por estar com as costelas fraturadas ainda, o que era horrível já que ela não conseguia nem abaixar para pegar algo no chão. Escutava uma música agitada ecoar de algum lugar em sua rua, não era surpresa já que sempre havia festa em alguma das casas da região.

A garota acabou seu banho relaxante quando o telefone tocou algumas horas depois dela ter chegado, seu coração palpitou e pensou se era mais uma ameaça. Hesitou ao ir de encontro com o telefone, mas se enrolou na toalha verde e tirou o telefone do gancho. Quando ia dizer "alô?" algo chamou sua atenção, muito mais do que uma ligação. Maya deixou o telefone sem fio cair no chão e sequer viu se tinha quebrado ou danificado algo, saiu correndo em direção á janela de vidro que ia diretamente para a escada de incêndio e amarrou a toalha com mais força em cima de seus seios de modo que esta não caísse enquanto a garota fazia força para levantar a janela.

De nada adiantou. A garota tentava pela terceira vez levantar a janela emperrada e suas costelas doíam mais do que ela podia aguentar, respirava fundo mordia o lábio inferior para não gritar de dor. Soltou a janela ofegante e olhou para o rosto machucado de Peter encostado na janela. Estava sem a máscara e sua mão direita estava em volta de seu abdômen cobrindo a parte machucada, no exato local onde sua roupa de aranha tinha rasgado um pouco mais de uns sessenta centímetros, ele abriu os olhos e fez uma careta enquanto, com sua mão esquerda, empurrava a janela para cima.

Maya olhou á sua volta procurando algo que pudesse quebrar a janela, se xingava mentalmente por nunca ter sequer aberto a janela, ou se importado e agora – no pior momento de todos – tinha descoberto que a janela estava emperrada. Olhou para a escrivaninha que tinha em frente a cama e a única coisa que viu foi seu notebook, e não tinha tempo nem para pensar duas vezes. Mas antes que pudesse jogar seu notebook pela janela Peter a empurrou para cima, com tanta facilidade que fez Maya se sentir inútil.

A garota correu até o namorado, ele estava com as costas encostadas na parte de trás da escada e tentava manter os olhos abertos, ele a fitou e Maya tentava ver como estava o machucado do abdômen, mas ele não quis mostrar, sequer mexia.

— O que... – ela tentava compreender o que estava acontecendo – droga! O que aconteceu com você?

— Só... – ele soltou um baixo gemido – uma dica: Verde.

— Merda! – ela tentava fazer algo para ajudar – eu vou... Eu vou matar esse idiota!

— Ei – ele deu uma fraca risada – não é minha primeira surra.

— Droga, Pete – ela tentava fazer algo – consegue entrar?

— Claro – ele disse jogando seu corpo para frente – Ai...! Que merda!

Never Let Me Go, Peter IIOnde histórias criam vida. Descubra agora