O Amor Acontece

Tempo

A Júlia chegou na minha casa antes de eu acordar. Abri meus olhos e dei de cara com ela me encarando.

_Nossa, tava achando que tava morta, nem mexia. -ela disse rindo.

_Bom dia para você também. -eu disse e ela revirou os olhos.

_O que você andou fazendo aqui ontem?

_Eu dormi, andei lendo uns e-mails... -eu disse e ela ficou séria.

_E-mails?

_É, li um e-mail de alguém chamado Lucas, que encheu minha caixa de entrada. Ele estava se desculpando, mas eu não faço ideia do porquê. Acho que seja lá o que ele tenha feito, eu provavelmente não queria mais conversar com ele. -eu disse e ela me encarou com uma cara assustada- Você tem alguma coisa para me dizer sobre isso?

_Não. Absolutamente nada. -ela disse e encarou o chão. -Olha, eu tenho que passar em um lugar para a minha mãe, então eu já estou indo. Amanhã a gente se fala, ou mais tarde, sei lá. Tchau amiga.

Ela saiu antes que eu pudesse falar qualquer coisa. Eu me joguei na cama de novo e fechei meus olhos.

Lucas narrando

Eu estava saindo de casa para ir até a casa da Ester, quando a Júlia veio correndo até mim.

_Eu preciso falar com você. -ela disse desesperada.

_Tá, eu te ligo mais tarde, estou indo lá para a casa da Ester agora. -eu disse e tentei passar pela Júlia que me barrou.

_Você não pode ir ver ela! -ela disse e eu a encarei confuso. -Ela leu os e-mails Lucas, e o médico falou que ao vivenciar situações parecidas com pessoas que ela conhecia ela pode se lembrar. E eu não quero que ela volte a ficar triste igual estava. Por favor, se você gosta mesmo dela, você vai entender.

_Eu... -passei a mão pelo rosto- Meu Deus, isso não pode estar acontecendo.

_Me desculpa, eu não queria que fosse assim. -a Júlia disse e foi embora.

Eu entrei na minha casa e coloquei algumas roupas em uma mala. Estava saindo de casa quando ouço minha mãe me gritar.

_Onde você está indo com essa mala? -ela perguntou enquanto eu colocava minha mala no carro.

_Eu não sei mãe. Tá tudo muito confuso e eu preciso muito de um tempo.

_E a escola? -ela perguntou e eu entrei no carro.

_Eu dou um jeito nisso no ano que vem, mas eu sinceramente não estou com cabeça para pensar nisso agora. Eu te ligo mais tarde. Te amo. -eu liguei o carro e peguei a estrada.

Eu parei em uma vaga qualquer e comecei a pensar em tudo. Em tudo que passei com a Ester. Em meio às lágrimas eu sorri lembrando dos nossos momentos. Passei a mão pela cabeça e bati forte a mão no volante do carro.

Eu não estava acreditando em tudo que estava acontecendo.

Eu já sabia que era totalmente apaixonado por ela, e a verdade é que quando eu beijei a Hillary, eu estava tentando me convencer de que eu poderia viver sem ela. Mas agora ao ter que me afastar dela, tenho certeza que estava errado.

Ester narrando

Eu estava cochilando, quando minha mãe me desperta gritando.

_Filha! Arruma suas coisas, nós vamos viajar. -ela disse e eu levantei assustada.

_Mas nós vamos viajar assim do nada?

_Eu e seu pai acabamos de decidir que nós devemos dar um tempo dessa rotina corrida e relaxar um pouco. Então nós decidimos passar alguns meses na casa da sua avó no Rio de Janeiro! -ela disse empolgada e eu sorri.

_Tudo bem... Eu vou arrumar minhas coisas então.

_Não demora, nós saímos às três. -ela disse e saiu do quarto.

Eu sentei na minha cama e bufei.

Ótimo. Agora eu teria que ver meus parentes todos e fingir que nada aconteceu e que eu os reconhecia.

Apesar de precisar daquele tempo sozinha em outra cidade, com outras pessoas, eu ainda não me sentia pronta.

Não pelo fato de ter perdido dois anos da minha memória, mas sim pelo fato de não me sentir pronta para me lembrar deles.