Nada daquilo era real
"Depois da escuridão sempre vem a luz..."
Sinto meu corpo pesar, algo está me arrastando para baixo. Escuro, não vejo mais nada.
Não! Espera, eu vejo, uma luz, fraca mais forte. Aos poucos ela vai se aproximando, ela está perto. Escuto uma voz: "Ah, Jeni minha filha o que está acontecendo... Por favor volte... Volte para nós..."
Richard. É a voz de Richard. Preciso voltar. Mas de onde? Onde estou? Aqui é tudo escuro. Onde está Luan? Caio? Meninas?
Não consigo pensar. Lembranças pairam na minha cabeça, eu havia estado com Luan, nós dois dormimos juntos. Mas onde ele está agora? Eu preciso dele. Então me desespero, começo a gritar.
- Socorro!!! Me ajude!!! - grito. E vejo que a luz agora se aproxima mais rápida e forte. Tento correr mais não consigo. E então a luz me engole. Não vejo mais nada, não sinto nada. Dou um impulso e consigo respirar, então grito. Mas o grito sai sufocado.
- Ahh.... - digo. E quando abro os olhos estou em um quarto de hospital. Então ouço uma voz, é Richard.
- Jeni?! Ah meu Deus! Juliana amor, ela acordou! - ele grita. E então vejo minha mãe entrando as pressas no quarto.
- Jeni! Ah meu Deus isto é um milagre. Você está bem? - ela pergunta
- Sim.. Eu acho... - digo fraco.
- Vou chamar Caio... Ele está louco lá fora. - Richard diz e deposita um beijo suave em minha testa.
- O que aconteceu? Porque estou no hospital? E porque você e Richard estão aqui? Ainda estou no Rio? - pergunto um pouco exaltada.
- Filha fica calma. Eu vou te explicar. Mas sim você ainda está no Rio.- ela fala e toca meu cabelo, de uma forma materna.
- Calma? - pergunta.
- Sim.
- Ok. Jeni você... - quando ela ia começar a dizer Caio entra junto de Richard.
- Jeni! Ah meu Deus você acordou... Como você se sente? - ele pergunta.
- Bem... - digo e solto um sorriso fraco.
- Ah você não sabe o quanto eu fiquei preocupado com você. - ele diz e deposita um beijo em minha testa.
- Juli amor? - chama Richard.
- Sim.
- Acho melhor deixarmos os dois conversar. - ele diz e minha mãe assente. Os dois saem do quarto e eu pergunto a Caio o que aconteceu.
- Caio? - chamo.
-Sim Darling?
- O que aconteceu? Comigo...
- Ah Jeni...
- Me diga, por favor.
- Tudo bem. Você estava em coma.
- Coma?!- pergunto não acreditando naquilo.
- Sim Jeni... Eu sinto muito..
- Por quanto tempo? - pergunto com lágrimas nos olhos.
- Hoje faz um mês.
- Um mês? O que aconteceu comigo para entrar em coma?
- Lembra do jogo verdade e consequência?
- Sim...
- Anna desafiou Luan a te beijar.
- E?
- E ele lógico que a beijou, ele não perde um desafio... Ele te beijou e a Yasmin surtou, partiu para cima de você. Luan te empurrou para te proteger dela, mas..
- Mas?
- Você tropeçou no pufe e bateu a cabeça na quina da mesa. Graças a Deus não houve machucado algum, mas você desmaiou. Trouxemos você para o hospital, e assim que demos entrada você entrou em coma. Pelo que o médico disse, a queda fez com que uma parte do seu cérebro se desligasse.
- Qual parte do meu celebro?
- A parte do sonho, a parte onde você idealiza a sua vida... No caso sua imaginação.
-Ah meu Deus... Mas quer dizer que tudo o que eu vi, eu e Luan nunca estivemos juntos?
- Não.
- Então tudo não passou...
- De um sonho.- depois que Caio disse aquilo, senti meu corpo se despedaçar. Então o amor que fizemos, os abraços ,Luan dizendo que queria ficar comigo era mentira.
- Depois do beijo do Luan... Tudo não passou de uma ilusão que minha cabeça criou, enquanto eu estava em coma? - perguntei.
- Sim Jeni, isso mesmo. - disse uma voz familiar, quando vi era o doutor Alecxander.
- Doutor Alecxander. - digo
- Olá Jeni, que bom que já acordou. Você nos deu um belo susto. - ele fala e solta um sorriso.
- Desculpe.
- Não tem que pedir desculpas. Não foi sua culpa. - ele diz e se aproxima de mim. - Caio ?
- Sim. - responde Caio.
- Você poderia me deixar a sós com a Jeni? Preciso examina-la. Se não se importar é claro.
- Não. Não me importo. Já vou indo Jeni. - Caio diz e deposita um beijo em minha testa.
- Você vai voltar? - pergunto.
- Claro. - ele diz sorri e saí do quarto. Ficando somente o doutor e eu.
- Bom vamos aos exames. Enquanto você esteve em um pré coma, eu realizei alguns exames. - ele diz e abaixa a cabeça, tenho um precentimento de que o que ele vai dizer não será bom. Continuei em silêncio para que ele continuasse.
- Então, como você bateu a cabeça como já sabe, ocorreu um desligamento de uma parte do seu cérebro. Fizemos de tudo para acorda-la, mas parece que não era a hora. Então com os exames percebi que a pancada não lhe trouxe machucados na parte física, mas na interna sim. Eu já conversei com seus pais, e bom vamos ao ponto. Com a pancada essa parte do seu cérebro ficou sensível , e pode ocorrer desmaios, tonturas, e até um outro pré coma, com o decorrer do tempo.- ele diz com um pesar na voz.
- Hum.... Em que ocasiões isso pode ocorrer? - perguntei em um sussurro.
- Em momentos de extrema felicidade, tristeza e raiva. E em momento algum você pode ficar estressada.
- Existe tratamento? - pergunto de novo.
- Sim. - ele diz e caminha até minha cama. - Já conversei com seus pais, você começará o tratamento assim que eu te der alta. Eles queriam te levar embora, mas então eu vi que você quase não aproveitou suas férias. Então disse a eles que era melhor você ficar sobre minhas observações.
- Obrigado... - digo e ele solta um belo sorriso.
- Não tem que me agradecer, é o meu trabalho. Só não pensei que você viria para o hospital tão cedo novamente. - ele fala e começo a rir.
- Posso fazer outra pergunta? - falo.
- Claro, quantas você quiser. - ele diz e se senta na poltrona ao lado da minha cama.
- Caio lhe contou o que aconteceu?
- Sim. Ele me disse tudo, da parte do beijo a tragédia.
- Então quer dizer que tudo o que eu vi depois do beijo, tudo o que eu passei as emoções, eram tudo mentiras? - pergunto.
- Bem não eram mentira, eram coisas que poderia ter acontecido se você estivesse acordada.
- Então tudo o que eu vi enquanto estava em coma, poderia ter acontecido se eu estivesse acordada? Mesmo?
- Sim. De acordo com um fundador importante que lidou com primeiro caso de coma, sim. Ele dizia que assim que o corpo se desliga, mesmo que seja para durmir, você tem um sonho é claro. Mais quando você acorda é muito difícil se lembrar não é? - ele pergunta.
- Sim. - respondo.
- É porque isso é um quase dejavú.
- Sério?
- Sim Jeni, exemplo você sonha com um lugar, mas quando acorda não sabe descreve-lo. Mas aí um dia você chega nesse lugar e sente que já esteve nele, certo?
- Sim.
- Isso é um dejavú.
- Então meu coma, foi um pré dejavú? - pergunto
- Não, o seu foi um dejavú que poderia ter acontecido, mas como seu corpo estava desligado ele somente se reproduziu em sua mente, para você não ficar no escuro.
- Mas eu vi coisas eu fiz coisas....
- Você viu e sentiu o que você queria, que realmente acontecesse com você. O dejavú só ampliou suas emoções.
- .... - não consegui dizer mas nada, apenas abaixo minha cabeça. Luan onde você está? Então foi tudo mentira.
- Ei ... - ele diz e pega em meu rosto. E então olho em seus olhos eles estão mais azuis que o normal. Sorrio.
- Vai ficar tudo bem, vou cuidar de você... - ele diz e sustenta o olhar. Me sinto bem agora. Mas apenas assinto com a cabeça.
- Olha Jeni, eh tenho um ditado. - ele diz
- Qual? - pergunto.
- "Depois da escuridão sempre vem a luz..." - ele diz e sorri.
- No caso?
- Eu sou a luz! - ele diz e faz uma pose engraçada e então começo a rir.
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Destinos Traçados
FanfictionPensei que nunca mais me apaixonaria... Mas eu estava enganada... Muito enganada...