A escolha

685 80 12
                                    

Eu mordisquei o canto do dedo, estava nervosa, como ele conseguiu convencer meu pai a vir para uma praia e me ver casar?... E onde é que estávamos? Fui até a varanda, o mar era tão azul que chegava a doer as vistas, a areia branquinha e a minha janela dava diretamente para a praia, as cadeiras estavam sendo arrumadas, véus sendo presos por onde eu iria passar, uma arco branco estava sendo montado e um pequeno púlpito a beira mar, meu coração disparou, aquilo era loucura, olhei para a cama e peguei o papel e me sentei com as pernas cruzadas, notei que o anel estava preso por um fitilho branco, o anel que eu deixei para traz, tirei do fitilho e o coloquei na cômoda ao lado, abri a minuta e comecei a ler, a medida que ia lendo eu ficava cada vez mais abismada, ele simplesmente estava abrindo mão de toda sua fortuna se encostasse a mão para me bater ou humilhar, não encostaria a mão em mim se eu recusasse seu carinho e se deitaria comigo se eu o aceitasse de livre e espontânea vontade, caso contrário ele não me tocaria, seria indenizada por 100mil dólares caso passasse dos limites, seria beneficiária no testamento caso seu falecimento e um milhão de dólares para cada filho nascido, minha vontade era de rasgar aquilo tudo e de ir embora e sumir de uma vez por todas, meus dentes rangeram, mas pensei em Priscila e o quanto ela estava perdida, eu sentia sua falta, sentia mesmo, éramos tão amigas, frequentávamos SPA juntas, viajamos juntas e riamos as madrugadas quando não estávamos com sono batendo papo pelo Chat, me levantei e fui até a varanda, meu corpo tremia, tudo estava ficando lindo lá embaixo, o arco agora tinha flores brancas e rosas vermelhas e tules e véus brancos, algumas pessoas passavam e tiravam fotos, ele capturou tudo que se passava na minha mente e algumas coisas que comentei em momentos íntimos em noites quentes de amor,olhei para a porta, eu precisava saber onde eu estava, precisava ver meu pai, precisava de ajuda para tomar uma decisão, puxei o hobby da camisola e a vesti e amarrei e abri a porta, Ned estava fazendo a minha segurança, ele me olhou e sorriu meio torto e me deu passagem, eu o olhei desconfiada.

"Como você Está?", perguntei apontando para suas costelas.

Ned tombou a cabeça de lado e sorriu desconcertado, "Foi um belo golpe!", ele riu, "Estou bem!".

Sorri e olhei para o corredor, ele abriu a porta ao lado e vi Priscila sentada de frente ao espelho e um cabeleireiro fazendo seu cabelo, estava magra, mas bonita, ela me olhou, parecia que via uma miragem, eu sorri terna, morrendo de saudades e louca para um abraço da minha enteada, ela se levantou tão rápido que a cadeira caiu ao chão saltando no meu pescoço e chorando como uma criança abandonada que acaba de reencontrar alguém que ama e muito, eu chorei com ela, Ned fechou a porta a traz de nós, eu acariciei os cabelos da minha menina grande e loura, ela sorria e chorava ao mesmo tempo.

"Nos perdoe?", disse ela entre lágrimas, "Eu sinto muito... Achei que nunca mais ele faria isso de novo".

"Shhhhhhhhhh!", fiz ela se calar e a abracei e a levei para a cama, nos sentamos e a olhei, "Por que está se punindo se o problema não é seu, Priscila?".

"O problema é meu!... Fui eu quem apresentou você ao meu pai e que insisti em me levar para te ver por que percebi o interesse dele em você!", ela chorou mais uma vez, "EU causei seu sofrimento e você me deixou por isso!".

Meu coração ficou em frangalhos, parecia que Priscila estava o pegando e esmagando com as mãos, mas eu entendia seu sofrimento e angustia, ela era carente de mãe e de pai, estava aprendendo agora o valor da família, olhei para o cabeleireiro e o mandei sair por alguns minutos, assim que me vi sozinha com minha enteada a olhei com carinho.

"Você concorda com a loucura que seu pai está fazendo?".

"Ele ama muito você... passou uma semana trancado dentro de casa... Eu não entendi por que até que vi o seu anel sobre a mesinha e achei que tinha nos abandonado por que não nos amava... Depois de ouvir meu pai conversar com vovó, foi aí que entendi o que tinha acontecido... e eu briguei com ele e o fiz ir a traz de você e se explicar, mas quando ele voltou e disse que você tinha sumido e ninguém sabia de seu paradeiro... Eu virei as costas para ele e o deixei naquela casa... O odiei e muito!".

"E você sabe que ele está forçando um casamento e acha isso certo?".

"Ele não está forçando um casamento... Ele só quer que aceite de volta dentro de suas condições... Você tem tudo para fazê-lo mudar Victória", ela me olhou em suplica, "É você que vai decidir se quer ou não!".

Balancei a cabeça concordando, era eu quem devia pensar nisso, aparecendo ou não era uma decisão minha, dei-lhe um beijo no rosto e não disse mais nada e me levantei e saí sem olhar para traz e voltei para o meu quarto, as duas horas que se seguiram presa ao quarto fiquei analisando as possibilidades, li e reli aquele contrato, eu tinha garantias, mas não os aceitava, não era dinheiro, era segurança, amor, carinho e companheirismo que buscava, o vestido chegou, foi estendido sobre a cama, era lindo, completamente branco com apenas um detalhe de renda nas mangas e nas costas transpassadas, completamente leve, simples e elegante, passei a mão nele, olhei para o relógio, eu tinha apenas uma hora para me decidir, tomar banho e me arrumar ou fugir.

Balancei a cabeça concordando, era eu quem devia pensar nisso, aparecendo ou não era uma decisão minha, dei-lhe um beijo no rosto e não disse mais nada e me levantei e saí sem olhar para traz e voltei para o meu quarto, as duas horas que se seguir...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Amor de Primo - Pt.2 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora