O início. (1)

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A alguns anos os pais de Breno já não se entendiam, eles viviam quebrando pratos e gritando, Samuel o pai dele trabalhava parte do dia como vendedor em uma loja de construções, o dinheiro não dava para quase nada e ele ficava louco com a situação, enquanto Antônia a mãe, cuidava da casa e de Breno, ambos estavam exaustos com a situação.

Foi quando decidiram se separar, Breno tinha apenas treze anos, gostava muito dos dois, mas teve que ficar com sua mãe, a casa velha onde viviam em São Paulo foi vendida e o dinheiro dividido, Samuel prometeu a seu filho que sempre iria o visitar.

Sem muitas opções, Antônia alugou uma casa de dois cômodos pequenos na mesma região e com a recomendação de uma amiga, se tornou empregada doméstica de uma mansão perto da casa, o único problema é que ela teria de deixar Breno por conta própria durante a tarde.

- Filho, a gente vai se mudar para essa nova casa, a mãe vai ter que começar a trabalhar para dar um futuro melhor para nós... -explicava a mulher de voz serena, olhos verde intenso e cabelos loiro claro. - Eu vou poder te levar para a escola, mas não vou conseguir te buscar, acha que pode vir para casa sozinho, esquentar seu almoço e me esperar assistindo TV?

- Mãe! eu já sou bem grande, claro que posso, vou fazer tudo direitinho, pode ir trabalhar em paz! -afirmava o rapazinho, que tinha os mesmos olhos da mulher, cabelos castanhos, belas covinhas na bochecha, que estava sempre a mostra, já que ele era bem animado e mesmo com os pais se divorciando, não parava de sorrir e apoiava os dois.

- Olha como meu homenzinho cresceu! Muito bem, agora vamos desfazer as malas e ir cumprimentar os vizinhos novos!

Eles terminaram de organizar as coisas na casa nova, onde haviam acabado de chegar, Antônia era muito simpática e gostava de se dar bem com seus vizinhos, então logo tratou de ir se apresentar, ela e Breno falaram com a senhora que vivia ao lado direito, ela tinha muitas coisas no quintal e parecia ser meio surda, pois Antônia teve de repetir várias vezes que era a nova vizinha.

Depois de cumprimentarem a senhora de cabelos grisalhos, meio gorda e com a audição nada apurada, eles foram para o vizinho da esquerda, era um homem de aproximadamente cinquenta anos, magro e usava calça e blusa social, na frente da casa dele funcionava uma pequena loja de doce onde ele estava.

- Bom dia, eu sou a vizinha nova e esse é meu filho Breno! -a mulher e o garoto sorriam sendo simpáticos.

- Bom dia, eu sou José, aceitem algumas balas doce como presente de boas vindas. -o homem mostrou o sorriso amarelo e um olhar meio amedrontador, enquanto oferecia as balas.

- Obrigado, espero que tenhamos um bom convívio, até mais. -Antônia e Breno foram saindo.

- Eu desejo o mesmo!

Quando voltaram para dentro, Antônia foi preparar o almoço, Breno ficou sentado na cadeira olhando para a janela que dava na rua.

- O que achou dos vizinhos, querido? -perguntava a mulher.

- Interessante! uma senhora que acumula coisas que ninguém mais quer e um velho esquisito.

- Achou ele esquisito?

- Sim, mas eu vou poder ir gastar na loja dele?! -perguntou se levantando da cadeira.

- Não, isso faz mal e quero que você seja um moço saudável e alegre, aliás, quando eu estiver fora não quero nem saber do senhor andando por aí é da escola para casa, se souber que desviou o caminho, vai ficar de castigo.

- Ok dona Antônia! Relaxa sou quase um santo de tão obediente. -a mulher riu das palavras do garoto.

- Então vai lavar suas santas mãos para vir jantar!

- A senhora que manda!

Breno correu para o banheiro, ele não tinha muitos problemas em se mudar, ia continuar na mesma escola e poderia ver seu pai todo final de semana, então se mantinha o mesmo garoto alegre que sempre foi.

- Pronto dona Antônia!

E fazia a alegria de Antônia, Breno conseguia fazer sua mãe sorrir mesmo sem motivos, ele era muito especial, fácil de se aproximar e virar amigo, apesar dos treze anos, Breno não queria largar as blusas de seus desenhos favoritos e preferia ver Ben10 do que beijar alguma menina, basicamente uma criança alegre entrando na adolescência.

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