Um garoto sorridente. (2)

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  O primeiro dia do trabalho de Antônia chegou, ela levantou cinco da manhã, preparou o café, colocou algumas roupas no varal, depois foi acordar Breno, a muito custo ele levantou, tomou o café e se vestiu, depois ele e Antônia foram andando até a escola.

- Tenha um bom dia filho, cuidado quando for voltar, olhe para os dois lados da rua e não converse com estranhos, entendido? -aconselhava a mulher preocupada em deixar seu filho sozinho.

- Sim mãe, eu vou ficar bem, boa sorte no trabalho. -ao contrário da maioria dos outros alunos, Breno não tinha vergonha de ser levado até a porta da escola por sua mãe, pelo contrário, se sentia especial.

- Ok querido, fica com Deus, eu volto as seis da tarde.

- Vai com Deus mãe!

  Breno foi andando sorridente como sempre para dentro da escola, entrou na sala, cumprimentou seus amigos e sentou.

- Cara! não sabe! -disse Kaio, o melhor amigo de Breno que sentava bem atrás dele.

- O que?

- Descobri que a Sabrina gosta de você! -respondeu animado e batendo no ombro dele.

- E daí? -perguntou com desinteresse.

- Ela é uma das meninas mais bonita da escola, tá na hora de perder o bv!

- Isso não tem hora estabelecida, que graça tem ficar trocando saliva com uma menina bonita e chata?

- Ah!!! qual é o seu problema? te conheço desde a terceira série, tú já recusou um monte de menina linda, por que?!

- Simples, nunca gostei de nenhuma delas. -Kaio o encarou como se não entendesse.

- Ok, então quando vai beijar alguém?

- Quando eu achar uma pessoa legal e que eu goste.

- Seu chato! enquanto isso eu estou aqui querendo só uma namoradinha!

- Calma Kaio, um dia você encontra alguém que goste de você! -Breno o encarou com um sorriso.

- Não sei quando.

  A professora chegou e eles tiveram que se calar, a aula correu normal, Breno era um bom aluno, participativo e inteligente, óbvio que não tirava só nota dez, mas se esforçava para conseguir.

  A aula acabou, Kaio foi com ele até metade do caminho, depois disso Breno seguiu sozinho, estava um dia quente, o sol do meio dia castigava quem estava andando em baixo dele, seguindo todas as instruções de sua mãe, Breno chegou na rua de sua nova casa, enquanto deseja um copo de água gelada, alguém o estava observando, era o vizinho José.

-  Boa tarde garoto! voltando sozinho? onde está a mãe? -perguntou o homem sorrindo.

- Ela está trabalhando, mas logo retorna.

- Entendo, se precisar de algo pode chamar.

- Ah... Obrigado...

Breno entrou em casa e trancou a porta, depois tirou o tênis e jogou a mochila na mesa, o almoço estava pronto, era só esquentar e por no prato, assim ele fez, exatamente como lhe foi ensinado, lavou a louça e ficou vendo TV, até se enjoar dos programas e ir brincar, Breno gostava de se imaginar como outra pessoa, em lugares distantes, vivendo aventuras e se divertindo, a imaginação era uma de suas maiores virtudes, tinha tantos sonhos, que não bastava só uma vida para viver tudo o que ele queria.

  A noite Antônia chegou tudo estava em ordem e ela se sentiu mais aliviada em deixar Breno para ir trabalhar. Durante a semana foi assim, tudo estava correndo bem, Samuel o pai de Breno, o levou no fim de semana para passear, eles foram comer um lanche.

- Então filho, como vão as coisas com sua mãe? -perguntou o homem de olhos e cabelos escuros, barba bem feita e físico comum.

- Bem, ela trabalha todo dia, mas estamos conseguindo, já até me acostumei com a nova casa.

- Isso é bom, qualquer coisa é só me chamar, se quiser vir morar comigo, eu ficarei feliz em o receber, lembre que continuo sendo seu pai, conte comigo para tudo. -Samuel também era bastante amigável, tinha uma voz firme e ao mesmo tempo tranquilizante.

- Obrigado pai... e você como está se virando?

- Tenho que admitir, que você e a comida da mamãe fazem falta, mas estou indo bem, até aprendi a cozinhar torta! -Breno riu lembrando que seu pai era um péssimo cozinheiro.

- Eu imagino!

- É sério, vou cozinhar para você nesse fim de semana!

- Não! por favor!

- Minha comida não é tão ruim assim, é?

- Me desculpe a sinceridade, mas é horrível! -respondeu Breno fazendo seu pai rir.

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