Realidade e Pesadelos.

O passado que ainda perturba. (12)

  Depois da praia Isaac convidou Breno para ir jantar, ele acabou aceitando e todos foram para o apartamento, chegando lá sentaram no sofá, a noite ainda não havia chegado, Ágata foi para o quarto dizendo que ia falar com uma amiga, deixando eles sozinhos.

- Se divertiu hoje? -perguntou Isaac indo se sentar no sofá menor ao lado de Breno.

- Sim, fazia tempo que não... -Breno se tocou que dês da época que foi abusado não se divertia mais e nem tentava.

- Não o que?

- Obrigado por hoje, foi ótimo. -Breno sorriu para Isaac, que ficou meio vermelho.

- Que bom... então vai aceitar ir nos próximos?

- Eu não sei... depende... não quero atrapalhar vocês...

- Que desculpa boba! a Ágata gostou muito de você, o que é bem raro, geralmente ela não gosta de ninguém.

- Nesse caso vou analisar as possibilidades. -Isaac riu e colocou as mãos nos joelhos.

- Sem querer parecer intrometido, mas que cicatriz era aquela perto da sua costela? -após a pergunta Isaac ficou sério e o encarou.

- Foi meu pai, eu tinha dezessete anos, quando ele descobriu que meu namorado era um homem seis anos mais velho e que trabalhava em uma loja de decorações com a tia, ele surtou, me espancou e depois me expulsou de casa.

- Nossa... e onde você foi viver?

- Na casa do Lucas, que era meu namorado, contei o que aconteceu e ele me acolheu, daí eu comecei a trabalhar, pois não queria viver de favor, ficava o dia inteiro trabalhando e estudando, foi quando o Lucas achou que estávamos muito distantes e terminou comigo, mas disse que eu poderia ficar o tempo que quisesse na casa dele.

- Gostava dele?

- Não o bastante para ficar em casa o dia inteiro a disposição dele, como ele queria. -disse rindo. - Eu sempre fui muito cabeça feita e dura, quando queria algo dava um jeito de ser tudo como eu queria.

- E depois disso?

- Fui morar em uma pensão, nessa época eu tinha vinte anos e estava terminando a faculdade, eu só ia na pensão para dormir, não tinha tempo para quase nada, trabalhei e estudei bastante, não vou mentir, tive outros namorados depois do Lucas, porém a maioria dos meus relacionamentos foram absolutamente fracassados, depois de tanto trabalhar, estudar e fazer algumas besteiras, evolui, consegui minha casa e minhas coisas, foi quando descobri que meu pai morreu e deixou de herança uma criança para cuidar, mas isso foi bom, amo muito minha irmã, não poderia deixar ela em um orfanato, ou ao relento.

- Tenho certeza que ela também te ama muito. -no mesmo momento Ágata foi até eles.

- No começo eu tinha é medo dele. -disse ela abraçando Isaac. - O papai só falava mal do I para mim, tudo colocava a culpa nele, mesmo nem sabendo onde ele estava, então eu pensei que meu irmão era a pior pessoa do mundo e quando soube que ele era o único a aceitar ficar comigo, quase fugi de tanto medo, mas depois o I provou que não é o monstro que eu pensava.

- Que história, ainda bem que deu tudo certo para vocês. -os irmãos encararam Breno.

- E você? não costuma falar muito sobre seu passado, foi tão maluco como o nosso? -Breno paralisou com a pergunta de Isaac.

- Meu passado?... -ele não sabia o que dizer. - Nossa!... -Breno se levantou e olhou o relógio. - Está na hora do Duque comer, tenho que ir.

- Mas você não ia jantar com a gente? -perguntou Ágata entrando na frente dele.

- Eu prometo que venho outro dia Ágata, mas agora realmente tenho que ir, Tchau.

  Breno saiu tão rápido que Isaac nem teve tempo de pedir para ele ficar, não importava o que acontecesse, Breno não queria contar seu passado a ninguém, ele não queria envolver Isaac naquela história.

- Que estranho ele sair assim. -afirmou Isaac indo até a porta.

- Vai ver ele estava com dor de barriga e ficou com vergonha de usar nosso banheiro. -a hipótese de Ágata fez Isaac rir.

- Claro que não, será que foi por causa da minha pergunta?

- Não sei, tenho cara de vidente?

- Tem cara de bolacha. -Ágata fez cara de brava e cruzou os braços.

- E você tem cara de rato! por isso que o Breno correu, estava com medo dela e fugiu, no carro também, se eu fosse você faria uma plástica! -gritou a menina arrancando mais risadas de Isaac.

- Eu estava brincando, sua boba, mas me acha tão feio assim?

- Horroroso, deveria enterrar a cara no chão e colocar cimento em cima!