Mais um dia amanheceu em Santo André, Breno acordou cedo, foi andando devagar até o banheiro, enquanto o cachorro pulava nele sem parar com o rabo balançando.
- Sai Duque! eu tenho que ir trabalhar!
Dizia para o vira lata de pelos escuros com algumas manchas brancas, que ele havia adotado a alguns meses, Breno conseguiu chegar no banheiro e escovar os dentes, lavou a cara pálida, arrumou o cabelo castanho que já estava quase chegando no ombro, voltou para o quarto, vestiu o terno e a calça, depois foi para a cozinha, pós a comida do cachorro, tomou seus remédio e foi comer.
- Tchau Duque, tenho que trabalhar!
O cachorro latiu enquanto o dono ia embora, já faziam quase três anos que Breno vivia naquela casa, ela estava maior e mais bonita. Andando ele chegou no trabalho e seguiu para sua mesa, como de costume sem conversar com ninguém, apenas alguns rápidos cumprimentos.
Breno trabalhou durante a manhã toda, depois foi almoçar no restaurante na frente do prédio onde trabalhava, ao retornar encontrou o presidente da empresa.
- Breno, ainda bem que te achei, hoje chegou um novo diretor administrativo, sei que você não conversa muito, mas é um dos nossos melhores funcionários, preciso que explique para ele algumas coisas básicas, pode fazer isso? -perguntou o homem de barba branca que falava muito rápido.
- Sim, ele está na sala do antigo diretor?
- Exatamente, está te esperando, obrigado.
O homem saiu correndo como se precisasse fazer algo urgente, Breno pegou alguns papéis e foi andando devagar até sala, enquanto olhava os documentos, outra pessoas que não prestava atenção por onde estava andando veio em sua direção, o homem segurava um copo de café quente e acidentalmente eles se esbarraram.
- Ah! -gritou Breno tentando se segurar após ter um monte de café derrubado em seu peitoral.
- Nossa! desculpa, eu vou te ajudar! -o desastrado desconhecido, tirou o terno de Breno e tentou limpar a blusa dele com um pano que carregava no bolso. - Me perdoe, sou muito desastrado!... eu acho que tenho uma blusa na minha sala, venha é o mínimo que posso fazer depois desse desastre.
- Ok... -Breno foi com ele até a sala, que logo notou ser a do diretor.
- Aqui, espero que caiba! -o homem era alto, tinha cabelos escuros, barba rasa e olhos castanhos claro, ele entregou a blusa branca.
- Obrigado...
- Pode se trocar aqui, eu sinto muito por isso. -o homem virou para a janela, Breno rapidamente trocou a blusa. - Mais uma vez peço desculpas, sou o novo diretor desse prédio, Isaac Lael. -ele estendeu a mão com um sorriso, Breno apertou.
- Eu me chamo Breno, sou o homem que deveria estar te explicando o funcionamento da empresa.
- Que bom, atingi o homem certo! -afirmou sendo sarcástico. - Nesse caso já podemos começar?
- Sim...
Breno começou a dar algumas informações necessárias para Isaac, ele era um homem muito simpático e parecia ser muito intelectual, rapidamente entendeu tudo e Breno pode voltar a seu trabalho normal, mas aquela era apenas a primeira vez de muitas que ele falaria com Isaac.
No dia seguinte, Breno retornou ao trabalho, assim que entrou deu a blusa de Isaac para uma secretaria entregar, depois seguiu seu trabalho normalmente. Na hora do almoço, foi para o mesmo restaurante de sempre e sentou na mesa do canto, perto da janela que dava vista para o jardim do local, onde Breno gostava de ficar, poucos minutos depois.
- Posso me sentar aqui? -perguntou uma voz masculina, Breno olhou para o dono dela, era Isaac.
- Pode... -ele sentou sorrindo e ajeitou seus talheres para começar a comer.
- A comida daqui é boa?
- Sim.
- Ainda bem, a que ficava perto do outro prédio onde eu trabalhava era horrível. -Breno ficou meio paralisado. - Ei! ainda está bravo comigo?
- Não, foi só um acidente.
-Sério? é que você nem veio entregar a blusa pessoalmente, pensei que estava com tanta raiva que não queria nem ver a minha cara!
- Pensou isso e teve coragem de vir sentar aqui?
- Eu sou desastrado e audacioso! infelizmente mais desastrado. -afirmou tirando um ligeiro sorriso de Breno. - Meu Deus!
- O que foi? -perguntou assustado com a forma que Isaac falou.
- Você tem covinhas, que lindo!... -Breno o encarou com estranheza. - Quer dizer... que legal... isso foi estranho, desculpa...
- Tudo bem.
- Acaba de descobrir mais um de meus defeitos, as vezes falo demais.
- Você é diferente dos outros diretores que temos e tivemos.
- Como assim?
- É que os outros nunca vem no restaurante e raramente falam com os funcionários de posições menores.
- Que bobos, a empresa depende de cada um, desde do pessoal da limpeza, até o presidente.
Isaac era realmente um cara diferente, super simpático, gentil, compreensivo e com um ótimo humor.
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Realidade e Pesadelos.
AléatoireUm homem que ainda vive os pesadelos de seu passado terrível, encontra alguém que o faz se sentir vivo de novo, após sofrer por tantos anos. Quando Breno tinha treze anos, seus pais se separaram, ele foi morar com sua mãe Antônia, ela começou a tr...