Ao chegarem na frente da casa de Breno, Isaac parou e o encarou fixamente.
- De hoje não passa, preciso saber o motivo de você me rejeitar... Breno eu nem consigo explicar o que sinto por você, só sei que sua presença me faz bem, me deixa feliz, quero que você seja feliz também, eu te amo, então me diz o motivo de não corresponder esse amor, juro que se o problema for comigo vou fazer de tudo para concertar! -no mesmo momento Breno começou a chorar.
- Desculpa... eu só não quero te fazer sofrer, mas vou acabar fazendo isso cedo ou tarde.
- Claro que não. -Isaac tentou enxugar as compulsivas lágrimas, mas também começou a chorar. - Só precisa me dizer a realidade, por favor.
- Mas e se a realidade for dura demais, vai aguentar?
- Está me assustando, seja o que for diga, vamos dar um jeito.
- Não! -Breno correu para a porta de casa.
- Por favor!
- Droga! por que é tão difícil dizer isso?!!! também te amo, o problema não é com você... -Breno abriu a porta e se encostou nela. - Talvez me odeie depois disso, mas é melhor contar logo... Isaac, eu sou portador do vírus HIV, desculpa, eu não queria ter me aproximado tanto, não queira ter te amado! -Isaac paralisou com cara de surpreso, Breno rapidamente entrou e trancou a porta.
- Espera vamos conversar!
- Não quero conversar, me deixa sozinho, por favor!
- Breno...
- Não!!! sai daqui, por favor!
Ele ficou com tanto medo de saber o que Isaac queria dizer, que se trancou no quarto e colocou o travesseiro em cima da cabeça, enquanto chorava. Percebendo que não adiantava ficar na varanda fria, Isaac foi para casa pensar melhor.
No meio da noite Breno levantou, foi até a geladeira e viu suas fotos com Isaac e Ágata penduradas por pequenos imã, no mesmo momento voltou a chorar e começou a se sentir mal, com dores no corpo e febre, ele então ligou para sua mãe, já que nem aguentaria chegar no hospital com tanta dor, Antônia então chamou Samuel e correu para lá, os dois levaram Breno para o hospital, onde ele foi internado.
Assim que o dia amanheceu, Isaac correu para a casa de Breno na esperança de conversar e resolver tudo, mas não encontrou ninguém na casa, ele então ligou para o celular do homem várias vezes e não foi atendido, isso começou a preocupar Isaac, durante todo o dia não teve notícias e nem no outro dia, ao ver que nem trabalhar Breno foi a preocupação aumentou, Isaac começou a chorar pelos cantos da empresa preocupado.
Enquanto isso no hospital, Antônia e Samuel ficavam ao lado de Breno, quando o médico veio com os resultados do exame que ele havia feito no dia anterior.
- Qual o problema doutor? -perguntou Samuel.
- É isso o que eu quero saber, você tem se cuidado muito bem Breno, está bem saudável para alguém com sua doença.
- Então qual o motivo das dores e da febre?
- Você passou por algo nos últimos dias que o deixou com as emoções mais afloradas?
- Sim...
- Pois deve ser isso, quando nosso cérebro sofre pressões, pode refletir isso no resto do corpo, você vai tomar mais um remédio, depois pode ir para casa, tente não passar nervoso, qualquer coisa retorne de resto você está ótimo. -o médico saiu.
- O que aconteceu filho?
- Contei para o Isaac da minha doença, acho que fiquei tão stressado que passei mal... -Breno pegou o celular que estava no silencioso e não era tocado desde o sábado a noite. - Nossa! tem noventa chamadas perdidas do Isaac!
- Isso é o que eu chamo de insistência! -disse Samuel.
- Ele está ligando de novo, eu atendo?
- Claro! -disseram Samuel e Antônia em coro, ele atendeu e colocou no viva voz.
- Alô...
- Graças a Deus! Breno, você está bem? onde está? por que não foi trabalhar? precisa de ajuda? eu vou te buscar agora em qualquer lugar! -Isaac falava rápido e desesperadamente.
- Calma, não é a primeira vez que estou internado, mas já vou sair.
- Aonde? eu te busco! é grave? se precisar de qualquer coisa eu te ajudo.
- Não precisa, estou bem, foi só um susto.
- Ainda bem, Breno eu preciso conversar com você, quero que saiba que sua doença não muda o fato que eu te amo muito, por favor me aceita! -Samuel e Antônia ouviam e fizeram uma pequena comemoração.
- Onde você está?
- Na porta da sua casa.
- Eu vou aí agora! -Breno desligou o telefone e se levantou correndo.
- Espera, você estava morrendo a dois minutos. -Antônia tentou segurar ele.
- Mãe, eu não posso perder o amor da minha vida, vou morrer se passar mais um segundo longe dele!
Breno fugiu do hospital correndo feito louco apenas com o avental do hospital, uma jaqueta e um par de chinelos.
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Realidade e Pesadelos.
RastgeleUm homem que ainda vive os pesadelos de seu passado terrível, encontra alguém que o faz se sentir vivo de novo, após sofrer por tantos anos. Quando Breno tinha treze anos, seus pais se separaram, ele foi morar com sua mãe Antônia, ela começou a tr...