Culpa. (5)

2K 252 24
                                    

- Infelizmente não. -respondeu José segurando a porta, foi quando um barulho de batidas veio de dentro da casa.

- Está acompanhado? -perguntou um dos policiais olhando para dentro.

- Não, sou um pobre senhor solitário!

- Sei... e esse barulho?

- Vocês não tem autorização de entrar na minha casa! -ao ouvirem isso, os policiais não tiveram dúvidas, um deles segurou o homem, enquanto o outro foi ver qual era o motivo do barulho, que vinha de uma porta, ele abriu e ficou surpreso em ver um garotinho amarrado chorando.

- Achei! -gritou o homem desamarrado o menino. - Calma, eu sou o policial Fred, vim te resgatar, seu nome é Breno?

- Sim, eu quero minha mãe, por favor! -pediu ele se encolhendo no chão.

- Vou te levar para ela, vai ficar tudo bem... -o policial foi até José segurando Breno nos braços. - Você está preso por cárcere privado e abuso contra o menor! -Fred levou Breno até o lado de fora, onde Antônia estava.

- Meu filho!!! -gritou ela correndo. - O que ele fez com você?! meu Deus!!! -Antônia e Breno choravam muito, o policial também não conseguiu conter a emoção.

- Precisamos levar ele para o hospital e para delegacia, por favor pegue todos os documentos de vocês.

  Rapidamente Antônia pegou os documentos e foi com o policial em uma viatura, enquanto o outro levou José em outro carro da polícia. Ao chegarem no hospital Fred explicou a situação para os médicos, que levaram Breno para ser tratado e fazer alguns exames.

- O que vai acontecer com meu filho? -perguntou a mulher para o policial. - Por que justo meu bebê?

- Aquele homem já era procurado a algum tempo, pelo que sei, ele estrupava mulheres na região norte do país, parece que ele fugiu para cá... estávamos procurando por ele, pois havia suspeitas dele estar estrupando e matando crianças aqui, agora temos a confirmação. -Antônia só chorava.

- Não acredito que isso está acontecendo! -o policial foi para o lado dela.

- Tem mais uma informação que preciso te dar.

- Pode dizer, nada é pior que isso.

- Aquele homem... É um portador do vírus da AIDS. -Antônia paralisou ao ouvir aquilo.

- Não... não pode ser!!! quer dizer que meu filho corre o risco de ter pelo resto da vida uma doença incurável?!

- Eu sinto muito...

- Ele só tem treze anos! como vai viver com isso?! meu Deus, eu não acredito!

  Gritava a mulher chorando desesperada, após uma noite inteira no hospital, o pai de Breno chegou, correu desesperado até Antônia, que estava sentada no banco chorando.

- O que aconteceu? cadê meu filho? eu quero ver ele! -gritava o homem para a mulher que não conseguia falar.

- A culpa foi minha... eu não deveria ter deixado ele sozinho em casa... -dizia a mulher com a voz rouca e soluçando de tanto chorar.

- Meu Deus, me diz logo o que aconteceu! -pediu ele se juntando ao pranto.

- O vizinho, pegou nosso filho... e o violentou sexualmente. -Samuel se desesperou ainda mais. - Mas o pior de tudo... É que ele pode ter passado AIDS para o nosso menino...

- Não!... eu vou matar esse desgraçado! como pode fazer isso? cadê o Breno?

- Está dormindo no quarto do hospital, os médicos tiveram que dar calmantes para ele, o coitadinho ficou mais preocupado em saber se eu estava segura do que nos próprios ferimentos. -disse a mulher apertando as mãos.

- Antônia, não vou deixar o Breno ficar com você depois disso, a culpa não foi toda sua, mas minha também, nos deveríamos ter conversado mais,  que droga, somos péssimos pais!

- Acha que ele vai conseguir ser feliz depois disso?

- Eu não sei...

  Antônia e Samuel ficaram esperando Breno acordar, algumas horas depois o garoto acordou, os dois foram o ver.

- Oi filho. -disse Samuel pegando na mão dele.

- Oi pai e mãe... -a voz triste de Breno partia o coração de seus pais.

- Eu sinto muito pelo o que aconteceu, você não merecia passar por isso. -afirmou Antônia passando a mão no rosto do garoto. - Mas saiba que eu e seu pai sempre estaremos do seu lado.

- Eu sei, não sofram por mim, vou ficar bem. -Breno queria acalmar seus pais.

- Você é muito forte filho, sei que vai conseguir superar isso, vamos fazer de tudo para te ajudar. -Samuel e Antônia só queriam ver o sorriso de seu filho de novo, mas não seria nada fácil superar tamanha dor.

Realidade e Pesadelos. Onde histórias criam vida. Descubra agora