Cruel. (4)

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  Mesmo desconfiada Antônia foi trabalhar no dia seguinte, ela ficou angustiada a manhã toda, quando foi levar Breno a escola até perguntou para a diretora se algo havia acontecido, mas ela não sabia de nada.

  Na escola todos estranharam Breno, geralmente ele se comunicava bastante, mas naquele dia não falava nada e parecia ter medo de tudo a sua volta, Kaio estranhou o amigo e até tentou perguntar, porém foi praticamente ignorado.

  Depois da escola, Breno foi andando devagar até em casa, com medo de encontrar uma pessoa indesejada no caminho, ele passou correndo pela loja de José, ela estava aberta, mas aparentemente não havia ninguém no local, quando Breno chegou perto da porta de sua casa, ele deu de cara com a única pessoa que não queria ver.

- Pensou que ia fugir de mim? -perguntou José saindo de trás do muro que separava as casas.

- Por favor, não faz nada comigo, eu não contei para ninguém, me deixa em paz. -pediu o garoto começando a chorar.

- Que comovente... mas você vai vir comigo, por bem ou por mal.

- Não, eu imploro! -Breno se ajoelhou na esperança dele ter piedade, mesmo assim o homem o puxou pelo braço para o fundo.

- Fica quieto menino! -José amarrou um pedaço de pano na boca de Breno, que se debatia feito louco enquanto era arrastado para dentro da casa, impaciente com o garoto, José pegou um pedaço madeira e bateu nele até Breno parar de se contorcer. - Agora você ficou quietinho!

  Após ser espancado e perceber que sofreria novamente abusos daquele monstro, Breno desmaiou desejando morrer para não sentir aquilo de novo, José nem se deu conta disso, fez as piores atrocidades com o garoto e quando terminou deu alguns tapas na cara dele para o acordar porém Breno não se mexia.

- Ei! acorda, sua mãe vai chegar!

  Breno respirava, mas não abria os olhos, José então o arrastou para um dos quartos da casa e o trancou lá dentro, depois se sentou para beber na sala.

  Enquanto isso, Antônia chegou do serviço, entrou na casa e procurou Breno por todos os cômodos, mas não achou seu filho, desesperada ela ligou para a mãe de Kaio, para saber se Breno não havia ido brincar com o amigo, porém ninguém tinha notícias do garoto, Antônia então começou a perguntar para os vizinhos, inclusive a José, que disse não ter visto Breno em lugar nenhum.

  Já eram onze da noite quando Antônia corria na rua procurando seu filho, foi quando ela viu um carro de polícia parado, Antônia foi até os dois policiais que estavam dentro dela.

- Por favor, eu preciso de ajuda, meu filho... ele sumiu, estou desesperada, me ajudem! -pediu a mulher chorando em desespero.

- Calma senhora, nos vamos te ajudar, primeiro se acalme e conte o que aconteceu. -disse um dos policiais que era mais jovem e calmo.

- Desde ontem ele estava meio estranho, totalmente diferente do normal, daí hoje eu o deixei na escola de manhã e fui trabalhar, durante a tarde liguei para casa, mas ninguém atendeu, e quando cheguei ele tinha sumido, procurei em todos os lugares e não o encontrei, por favor me ajudem!

- Entendo, me informe o nome e a idade dele por favor. -pediu pegando uma caneta em alguns papéis.

- Breno, ele tem treze anos.

- Tem alguma suspeita de onde seu filho pode estar?

- Não, já procurei em todos os lugares possíveis, por favor me ajudem a o achar.

- Meu parceiro vai registrar o desaparecimento dele, no momento não a muito que possamos fazer, mas podemos ir até a rua onde vivem, talvez ele tenha voltado.

- Tomara, ele nunca ficou tanto tempo longe de casa, estou muito preocupada.

   Junto dos policiais, Antônia voltou para casa, eles desceram da viatura e olharam tudo em volta, José estava bem na frente da loja mas correu para dentro ao ver os policiais, Antônia rapidamente foi ver se tinha alguém dentro de casa.

- Ei! viu aquele senhor? -perguntou um dos policiais para seu parceiro.

- Vi... achou suspeito?

- Sim, acho que já vi aquele rosto em algum lugar.

- Onde?

- Lista de procurados, vamos, não custa nada verificar.

  Os dois policiais foram até a porta da casa de José, bateram várias vezes até o homem finalmente abrir.

- Boa noite senhores, algum problema? -perguntou José tentando se manter calmo.

- Sim, um garoto sumiu hoje, sabe de algo?

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